Capítulo XXIII

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Precisamos conversar.

Castiel o olhava firme, era como se ele realmente tivesse muito para falar. Dean também tinha, mas não tinha certeza se seus pensamentos estavam em sintonia.

— Acho que essa é a nossa deixa. — falou Sam, indicando que iria sair e chamando Gabriel consigo.

Gabriel levantou do sofá e foi até a saída sem dizer nada.

— Acho que hoje, seja de um modo positivo ou não, isso acaba. — Sam comentou antes de sair e fechar a porta.

Dean acompanhou o irmão com os olhos conforme ele saia, e permaneceu com eles na porta até muito depois dele partir. Mas não poderia evitar essa conversa para sempre. Respirou fundo mas não conseguiu se virar.
Queria saber o que estava passando na cabeça de Castiel naquele momento, e sabia que só descobriria isso perguntando, mas ao mesmo tempo tinha medo desses pensamentos. Tinha medo da resposta. Saiu daquele lugar decido a não retornar, estava realmente sério quanto a isso. Mas ainda que tivesse isso em mente sabia que se não aguentasse mais e quisesse vê-lo, poderia apenas voltar, por mais que ele não o aceitasse. Mas todo esse plano foi por água abaixo no momento em que percebeu que havia a possibilidade de perdê-lo para sempre. Algo que realmente não havia passado em sua cabeça antes, ele tinha até medo dessa simples ideia.

"Castiel está machucado", "Ele foi ferido e precisa ficar em repouso ou a situação dele pode piorar", "Ele foi esfaqueado e perdeu muito sangue", esses exageros de seu irmão o fez pensar que estava sendo tão estupido, que estava perdendo um tempo tão valioso ao insistir tanto em pensamentos que agora não faziam o menor sentido.

Ele então se armou de coragem para se virar, encara-lo e dizer tudo que precisava, não importava o que acontecesse depois. Porém, antes que realmente virasse, sentiu braços envolverem sua cintura e o apertar firme por trás. Não conseguia ver o rosto do dono daqueles braços mas sentia seu coração pulsar forte quando seus corpos se colaram.
Castiel não disse nada, ele não conseguiu. Sequer conseguia controlar suas ações, seu corpo se movia sozinho em direção aquilo que queria. Estava tão aliviado, tão feliz em vê-lo, em saber que ele ainda se importava.

— Não vire ainda. — Castiel iniciou, sua voz estava um pouco trêmula. — Sei que eu disse que precisamos conversar mas... eu não sei o que dizer, eu... — o apertou um pouco mais em seus braços como se quisesse prendê-lo ali de um modo que ele nunca mais partisse. — ... eu senti tanto a sua falta.

Dean passou a mão sobre o rosto e respirou fundo, condenando a si mesmo por ser tão fraco. Por que não conseguia ficar longe dele? Por que tinha que ser ele?

— Eu estava pensando sobre isso no hospital. — falou Castiel. — De início eu ia seguir com meu plano de não ir atrás de você. Eu iria deixar você seguir em frente, superar e esquecer meu irmão. Me manter longe, sabe? E até que é um plano bem fácil, na teoria, mas sabe quão impossível é na prática? Você apareceu na minha frente por dois segundos e eu já quero mandar esse plano para o inferno. — Castiel sentia seu corpo tão pesado, tudo parecia tão pesado para suportar. — Eu te odeio, Dean, odeio o que você fez comigo. — era como se o ar o sufocasse. — Tem noção do quanto dói? E eu só quero que isso pare. Eu... seria capaz até de aceitar ser um substituto do meu irmão. Se é isso que você quer, só... não vai embora de novo.

Dean tirou, com relutância, as mãos de Castiel de sua cintura e virou-se para ele.

— Você não serve para isso, Castiel.

O mesmo não tinha certeza do que ele quis dizer com isso.

— Mas...

— Você não é o Cassiano. — ele afirmou com firmeza. — E nem eu quero que você seja.

CULPADOS • Destiel •Where stories live. Discover now