CULPADOS • Destiel •

Capítulo XVII

Dean estava em casa, desnecessariamente preocupado com Castiel. Havia cansado de ligar para ele, já havia sido xingado de todos os nomes possíveis e o moreno disse que colocaria o celular no silencioso para não ser mais incomodado, disse também para ele se sentir um sortudo por não ser bloqueado. Por esse motivo Dean parou de ligar e tentou não se preocupar tanto.
Ele tinha ciência de que estava sendo absolutamente excessivo nos cuidados com Castiel mas ele tinha seus motivos, seus medos, e só ficaria tranquilo depois de vê-lo atravessar a porta daquele apartamento sã e salvo.

Pegou seu material escolar e colocou sobre a mesinha de centro da sala, iria aproveitar esse tempo livre e fazer suas lições pendentes, já que seria quase impossível conseguir um outro momento vago como esse. E também ajudaria ele a desviar os pensamentos de Castiel por algumas horas. Seu irmão não estava em casa, havia saído para algum lugar, não havia dito para onde, e era provável que demorasse a voltar.
Sentou-se no sofá e abriu seu caderno.

As vezes quando ele estava sozinho memória antigas voltavam a sua mente, memórias ruins, as vezes memórias boas. Talvez um pouco mais que "as vezes", só que a maioria delas era apenas sobre uma pessoa.

•3 anos atrás•

Aquele dia tinha tudo para ser apenas mais um dia normal, Dean estava com seus irmãos no shopping, algo que fazia com uma certa frequência, a maioria das vezes com seus pais mas agora estava apenas com seus irmãos.
Geralmente preferiam ir a um parque de diversão, seus irmãos gostavam mais, ele também achava mais divertido, só que nesse dia era aniversário de casamento de seus pais, Mary e John Winchester, e Dean achou que seria legal eles comemorarem esse dia sozinhos. Sempre foi responsável e cuidou muito bem dos irmãos, então não tinham motivos para os pais se preocuparem, mesmo ele tendo apenas 15 anos. Estava para fazer 16.

Agora ele estava na fila do cinema comprando os ingressos, seus irmãos preferiram esperar na praça de alimentação e ele não via problema, Sam ficaria no comando, por hora, porque ele era o mais velho. Tinha 14 anos e com 14 anos já tinha ciência de que não deveria falar com nenhum estranho, que se alguma coisa acontecesse ele poderia aproveitar que estava em um lugar público e gritar por ajuda e que qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, só tinha que dar um toque em seu celular que ele viria correndo ao socorro dos dois.
Charlie, sua irmãzinha, que na época tinha 10 anos, falou para ele ir tranquilo que ela não iria deixar nada acontecer e, acredite, quando ela falava algo assim, ela cumpria. Então ele foi seguro.

Só que o detalhe é que ele já estava na fila a um bom tempo, o filme que os três haviam concordado em assistir era o foco de todos, e seus irmãos haviam dito que era aquele ou nenhum. E o filme já havia ficado muito tempo em cartaz, era provável que fosse a última semana de exibição, se não fossem assistir esse filme teriam que voltar para casa e não queria voltar para casa tão cedo e estragar o dia de seus pais.

— Próximo. — disse um rapaz do outro lado do balcão dos ingressos.

Finalmente estava chegando sua vez mas ainda não era, era sim a de um garoto que estava na sua frente. Ele era um pouco menor, de pele clara e cabelos negros, o tipo de garoto que é lindo mas não sabe.
Tinha um par de lindos olhos azuis, tão lindos quanto um mar tranquilo e tão brilhantes quanto as estrelas que se refletiam nele durante a noite. Olhos esses que Dean havia percebido o quanto estavam inquietos. A um tempo aquele garoto girava os lindos olhos para os lados, com se esperasse por alguém, e quanto mais a fila encurtava mais nervoso ele ficava. E ficou ainda mais quando chegou sua vez.

No balcão de atendimento haviam cinco lugares, sendo que só tinham três atendentes e um dos três era para atendimento preferencial. Por isso a demora em fazer a fila andar.