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Tenho passado alguns dias no sofá, o hospital me deu licença, meus amigos vem me ver todo dia, me sinto muito bem por ter eles aos meus lados. Apesar do clima estar estranho entre Max e Cole eles fingem muito bem perto de mim. Eu me ajeito na coberta quente e sinto Isabela deitar a cabeça em meu colo.
Fernanda está ao lado de Cole e Max no chão, que assistem sem nem piscar o filme que passa na televisão. Aidan chega do trabalho, olha para nós e tranca a porta caminhando até mim, ele me beija rápido e ajeita meu travesseiro.

- Tá com fome? Quer que eu prepare algo?

- Eu...

- Mas eu tô! - Isabel diz irritada - Todo mundo está Sn, Aidan prepara macarronada, uma gigantesca. - Ele concorda com a cabeça e deixa a bolsa com o laptop no cabide, ele caminha até a cozinha e eu escuto a pia ser aberta. - Um namorado chefe de cozinha e a menina quer ficar de miserê, toma no cu Sn.

- Não me estressa que eu estou grávida Isabela - Ela solta uma gargalhada. - Eu reviro os olhos e me deito novamente.

Aidan prepara a macarronada e todos comem, depois de uma hora todos vão embora, Aidan finalmente descansa em meu lado. Não sei se Aidan gosta dos meus amigos. Do Cole e da Fernanda tenho certeza que não, ele deve achar Max e Isabela novos demais para ele. Aidan é quatro anos mais velho que eu e eles.

- Aidan, o que acha dos meus amigos? - Me dou por vencida e ele sorri cansado para mim dando os ombros. - Gosta deles?

- Não sou fã do Cole, muito menos da Fernanda, o Max e a Isabela são bagunceiros, até demais - Eu solto uma risada e concordo com sua crítica. - Mas no geral gosto, qualquer dia desses irei apresentar meus amigos para você, de um em um mês eu janto com eles.

- Quem são?

- Débora, Caio e Tiago. Vai adorar eles. - Eu concordo e passo a mão pelo seu rosto, eu beijo seu lábios e ele sorri bobo para mim. - Eles são ocupados, por isso não nos vemos muitos, mas sempre combinamos de se ver.

- Uhm, que legal.

Aidan está bem pra baixo esses tempos, imagino que ainda seja por conta da família dele, ou por conta do
meu acidente, mas já tirei o gesso do pescoço meu pulso ainda está quebrado, mas tirei o gesso da perna, o médico me deu atestado médico por uma semana, disse que eu preciso descansar o máximo possível para não ter nenhuma queda. Eu sei que ele discutiu com a família dele pelo telefone, mas eu disse poucas e boas para aquela família péssima dele. Disse tudo que sentia, tudo que mereciam e um pouco menos, deveria ter quebrado aquele lugar por inteiro.

Aidan ficou tão mal no dia seguinte em que brigou com sua família, não perguntei o que aconteceu mas ele tinha o olhar baixo, ainda está com o mesmo olhar, me sinto tão ruim de vê-lo com essa expressão, parece que ele se deu conta de algo e não quer me contar, ou ele está muito triste, parece que ele está sofrendo sozinho, e eu não quero isso, quero que possamos resolver isso, ou sofremos juntos.

- Está tudo bem? - Pergunto e ele concorda sorrindo para mim, um sorriso triste, eu passo a mão pelos seus lábios e o beijo. - Aconteceu algo no trabalho? Está bem mesmo?

- Claro que estou bem, meu amor. - Eu concordo e penso por um tempo - Você está melhor meu amor? - Eu concordo e ele deita a cabeça em meu colo.

- Você viu minha barriga? Está inchada.

Eu comecei a me animar com a gravidez, agora que estou passando mais tempo com a Maria, não acho que vou ser uma mãe tão ruim assim. Apesar de ter os pessimos enjoos e as dores de cabeça e a fome em dobro... Eu terei um bebê, e para mim, tudo está valendo a pena, eu serei mãe.

- Eu vi meu amor, você está linda - Eu sorri e olhei para minha barriga, ele deitou em cima dela e eu senti uma dor insuportável. - Como está o filho do papai. - Eu respiro fundo e afasto o Aidan. - Oque houve?

- Ah! - Eu me encolho no sofá e respiro fundo. - Ai, Aidan.

- Linda o que aconteceu? Me conta o que houve?! - Ele olha para o sofá e me pega no colo, você está sangrando. - Eu cubro minha barriga por conta da dor e abre a porta de casa após pegar a chave do carro. - Está tudo bem meu amor, calma, está tudo bem. - Ele beija minha mão e me coloca no banco, eu fecho os olhos e me encolho no banco, mas a dor piora.

Me deito na cama de hospital e ligo o abajur ao ver Aidan entrando, ele senta na cama e segura minha mão, meu sorriso some, eu mordo o lábio com força e solto sua mão ele a toma de volta. Ele aperta minha mão e eu choro, choro por quase uma hora, ele não chora comigo, permanece segurando minha mão, mas eu sei que ele quer chorar. Eu encosto sobre minha barriga e respiro fundo contendo os soluços.

Nunca achei que perder um bebê seria tão doloroso assim, até porque, antes eu nem queria o filho, eu me acostumei com a ideia, passei a deseja-lo, apesar de saber que ele não escutaria ainda, colocava fone em minha barriga, conversava com ele, coisas que eu achei que nunca faria. E agora, eu o perdi.

Não sei se fiz algo para isso acontecer, não sei no que eu errei, se não fui capaz de aguentar, eu sei que não quero mais isso, não quero sofrer por isso nunca mais, não quero ter outro filho, não quero ter a possibilidade de perder outro filho.

Eu me encolho na cama de hospital e solto a mão do Aidan, me deito irritada e franze o cenho, não quero conversar, sei que é o que o Aidan quer fazer mas eu não posso fazer isso agora. Não consigo. Ele entende, se senta na poltrona no canto do quarto a onde não consigo vê-lo.

Eu fecho os olhos e me contenho para não chorar novamente. Abraço o travesseiro com força e franzo o cenho chorando novamente. Aidan se aproxima e pega minha mão, ele deita em meu lado e eu abraço ele.

- Eu sinto muito meu amor - Ele beija minha testa. - Sinto muito.

Um amor puroWhere stories live. Discover now