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Está tarde. quase duas da manhã, Cole está do meu lado, me ouvindo lamentar sobre meu episódio de raiva, quando descontei tudo em Aidan, quando ferrei com ele, com meu relacionamento maravilhoso, é o que sempre faço. Isabela está do meu outro lado, com um saco de lenços e um pote de pipoca na mão.

Posso sentir o como ele deve estar sofrendo, por minha culpa, por que fui uma completa babaca e ferrei absolutamente com tudo, eu não deveria ter feito, estava tão preocupada com meus próprios sentimentos que nem me importei em magoar os deles.

E pensar que ele ainda tentou me acalmar, tentou me entender, me escutar, e eu joguei os cachorros para cima dele, apunhalei ele pelas costas e deixei que seguisse sua vida sem mais nem menos.

- Sn, conversa com ele - Isabela me aconselha.

- Ele quase me atropelou hoje mais cedo, estava bebado, estava um desastre, tenho certeza que se chegar na porta da casa dele é capaz dele se ajoelhar pedindo para você voltar.

Meu celular toca e fungo limpando meu rosto, aproximo o celular de meu ouvido e olho para Isabela.

- Alô.

- Estou falando com a senhorita Sn Gallagher?

- Gallagher?

- Poderia vir ao hospital Vitória trazer os documentos do senhor Aidan?

- Do que está falando? Eu não sou nada dele, aconteceu algo?

- Aidan sofreu um acidente de carro, permanece em estado comoso, você não é a esposa do senhor Gallagher? Esse número é de emergência no qual ele registrou. - Meus olhos se enchem de lágrimas. Eu me levanto do sofá e procuro as chaves do carro de Cole. Alô?

- Sim! Sim droga, eu sou a esposa dele, estarei em dez minutos - Eu desligo o celular e procuro meu tênis desesperadamente.

- O que houve Sn? - Ele caminha para perto de mim e eu visto meus tênis com pressa - Meu deus do céu, o que aconteceu.

- O Aidan sofreu um acidente.

- Como no cinema? Deve estar sentindo tão culpada! - Isabela diz e eu passo a mão no rosto.

- Vá se foder! - Eu saio de casa e bato a porta, abro o carro de Cole e coloco meu sinto de segurança.

Eu entro no hospital, caminho até a recepção e praticamente jogos os meus documentos da na mesa, eu procuro pelo celular as cópias do Aidan e a mulher apenas me encara. Ela demora meia hora para revezar tudo, no final ela me entrega um adesivo de visitante.

Eu vejo um conhecido se aproximar e me pergunto quem é, não faço a mínima ideia, sei cabelo mudado, seu rosto muito familiar. Ele para quando me vê e respira fundo, sorri para mim e olha para prancheta.

- Sn, pode me acompanhar? - Não o respondo, apenas sigo ele, quando chegamos a sala do Aidan sinto uma pontada no peito, abro a sala com pressa e abraço o mesmo com força. - Cuidado senhorita.

- Por que fez isso Aida?! - Eu bato em seu peito coloco duas mãos sobre o rosto - Seu idiota, por que está fazendo isso comigo?

- Senhorita Sn? - O médico chama minha atenção, ele nao parece ter uns quarenta anos, é bonito, tem uma barba por fazer e seus olhos muitos parecidos com os meus, castanhos. - Ele estava bebado. Acabou errando uma curva a caminho de Foster e acabou capotando o carro.

Eu olho para ele que tinha machucados no rosto e um braço engessado. Eu caminho para frente e seguro seu rosto, beijo sua testa e franzo o cenho.

- Você é esposa dele correto?

- Não eu, eu ferrei com tudo. Me desculpa Aidan, me perdoa meu amor, volta para mim. Quanto tempo ele ficará assim, ele vai acordar logo não vai? - O médico pingarreia e suspira.

- Ele bateu a cabeça muito forte, entrou em coma induzida senhorita Sn, por enquanto permanece estável, porém pela quantidade de convulsões que ele teve...

- O que? Me diga logo que porcaria aconteceu! - Acabo me irritando mais do que deveria. - Ele não irá acordar é isso? Não podem deixá-lo acordado não é?

- Se acalma senhorita Sn, estamos dando nosso melhor para conseguir resolver o problema de seu marido.

Dias se passam e eu só consigo pensar que se o Aidan não acordar eu vou me sentir a pior pessoa do mundo, por ter quebrado o coração dele e por isso ter acontecido ele ter sofrido a merda do acidente que ele sofreu.

Se ele ele não acordar em menos de cinco semanas o doutor disse que é provável que ele não volte a acorda, agora eu continuou me torturando o dia inteiro e me culpando por causa do idiota do Aidan e por conta da minha burrice!

E como se tudo não pudesse piorar.

Eu olho para Maria que encarava o prato de comida sem a menor vontade de comê-lo. Eu sei que ela é apegada ao pai mas ela podia colaborar comigo! Eu respiro fundo e pego o garfo dando o meu melhor para por um sorriso "sensato" em minha cara.

Nunca cuidei de uma criança, nunca quis cuidar de uma criança, mas estou fazendo isso pelo Aidan, eu devo isso a ele. Mas Maria não colabora, ela me odeia. Não sei o que fiz pra ela, mas ela tem sido impossível.

- Maria querida, uma garfada - Ela me encara com raiva e vira seu prato, a sopa cai sobre a mesa e o prato espatifa no chão, eu fecho os olhos e respiro fundo, ela começa a chorar e se encolhe. - Deus... Maria, não acha que eu estou meu esforçando pra isso dar certo? Eu não sou sua babá, me ajuda.

- Eu não vou comer! Eu não quero! Eu quero ele. - Ela diz entre soluços

- Eu sei meu bem, o Aidan já vai acordar, mas eu tenho certeza que ele não vai querer te ver magrinha e doente quando acordar.

- Eu quero meu pai!

- Ok... ok Maria, não vou te forçar a comer

- Eu quero o papai! EU QUERO ELE - Ela disse começando a chorar e eu passei a mão na cabeça nervosa por não saber o que fazer.

- Vai ficar tudo bem.

Quando ela pega no sono no sofá eu agradeço a tudo que é sagrado. Suspiro tentando me controlar, passei a noite inteira trabalhando e o dia da mesma maneira, são seis da manhã e eu não consigo cair no sono, algo me impede. Depois de passar esses dias de Maria, tenho certeza que não quero ter um filho.

Eu pisco com calma, e quando estou prestes a dormir o telefone toca, eu me assusto e passo a mão pelo rosto e ajeito o cabelo mesmo sabendo que ninguém iria me ver, eu atendo o celular e suspiro.

- Boa noite, com quem falo?

- Sn

- É da secretaria hospitalar Vitória, o Aidan apresentou pioras, poderia vir ao hospital buscar os documentos dele?

- Como?

- Sinto muito senhorita Fost... - Eu desligo o celular e coloco as duas mãos sobre o rosto. Acordo Maria e pego minha bicicleta. É minha culpa...

Um amor puroWhere stories live. Discover now