|CAPÍTULO:36|

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Sophia

Podia sentir meu coração se despedaçar a cada instante que passava, era como se alguma parte dentro de mim estivesse morrendo. Naquele momento tudo o que eu sentia era um completo vazio, uma angústia que preenchia o meu coração e uma onda de frio que congelava a minha alma.

- Que Deus tenha em suas mãos a alma de Seu filho. - Dizia o padre. - Oremos. Pai nosso que estás nos céus... Amém. - Finalizamos em coro.

Fiquei paralisada observando o caixão descer lentamente pelo buraco. Enfim o desejo de meu pai estava se concretizando, descansar ao lado de sua amada.
O som da areia colidindo com a madeira me tirou dos meus devaneios.

- De vagar, por favor. - Supliquei.

Eles ouviram as minhas súplicas e continuaram, desta vez com menos brutalidade. Quando terminado, já havia um monte de areia em cima dele e só nos restava colocar as flores. Fui a primeira a colocar. Coloquei uma rosa, em seguida os outros puseram as flores que também tinham em suas mãos.
Após tudo isso, as pessoas estavam a se despedir. Podia ver o cemitério ficar cada vez com menos pessoas, no final restando apenas eu e os Thomsan, excepto o Brian, que havia saído por conta de uma chamada que havia recebido.

- Podemos ir? - Falou tocando suavemente o meu ombro. Sua pergunta soou - me como um convite.

- Quero ficar mais um pouco.

- Como você quiser. Qualquer coisa o motorista estará lá fora a sua disposição.

- Obrigada.

Despediram - se com um abraço. Fiquei as observando por alguns segundos e em seguida voltei - me para o monte de areia na minha frente. Me abaixei na ponta pé e a toquei. Estava fria. Rapidamente senti um calafrio percorrer minha espinha.

- Papai, mamãe, vocês estão juntos agora, só espero que não... se esqueçam de mim. - Falei tentando segurar o choro. - Irei sentir muitas saudades. - Desta vez não foi possível conter as lágrimas.
- O que eu farei sem vocês?

Apoiei meu rosto nas mãos sobre a terra. O desespero novamente havia tomado conta de mim. Minha respiração começava a falhar, começava a se tornar difícil respirar e como se tudo isso não bastasse, senti uma mão fria tocar meu ombro fazendo meu corpo gelar por inteiro.
Me mantive naquela posição por milésimos segundos, orando mentalmente para que não fosse nada de ruim, foi quando finalmente ouvi a sua voz, trazendo consigo a calma que havia sido tirada do meu coração.

- Sophia. - Chamou ele.

Limpei o meu rosto com as mangas do enorme blusão negro que eu usava.
Brian se abaixou ficando na ponta do pé.

- Como está se sentindo?

- Exausta. Perdida... Morta por dentro. - Falei ainda olhando para o monte de areia.

- Eu sei que nada que eu possa fazer irá mudar a realidade, mas ainda assim eu quero que saibas que não estás sozinha. Você tem a minha mãe, a Elenna e Alan... - Fez uma pausa e em seguida continuou. - Você tem a mim.

Ouvir aquelas palavras tocou alguma coisa dentro de mim, algo que até então eu não sabia que existia.
Mostrei um sorriso fraco como resposta.

Me levantei e ele me acompanhou.

- Já estou indo. - Falei.

- Quer que eu te leve? - Perguntou gentilmente.

Devo admitir que de um tempo para cá venho conhecendo um Brian diferente, um Brian que eu sequer sabia que existia.

- Obrigada, mas acho que não será necessário. A sua mãe deixou um motorista encarregado de me levar para casa.

Fez uma careta antes de falar.

- Eu acho que o dispensei.

- Então não tenho outra escolha?! - Meu tom era pouco sério.

- Acredito que não. - Sorriu levemente sem mostrar os dentes.

Dei de ombros e seguimos até ao carro.
Fiquei a observar pela janela as paisagens que passavam a uma velocidade não muito rápida. Estava distraída a pensar em montes de coisas, até a voz do Brian chamar a minha atenção.

- Você quer ir para lá? - Perguntou com um leve certo brilho nos olhos.

Olhei para o exterior cunfusa, em seguida percebi ao que ele se estava referindo.

- Seria bom. - Dei um sorriso sem mostrar os dentes.

Em seguida voltei o meu olhar para o mar azul que se estendia do outro lado da rua.

{...}

Minutos depois já lá estávamos. Era lindo apesar do clima nublado que estava. Aquela paisagem com a sua brisa me faziam sentir - me um pouco melhor.

- Já cá estiveste? - Perguntou.

- Já, mas isso já faz um bom tempo. Acho que na altura eu tinha uns 22 anos. Estava acompanhada dos meus pais e de um... ex.

- E por quê não veio mais? - Seu tom manifestava interesse.

- Sabe, nem sei direito, mas acho que uns dos motivos são o facto de eu não saber nadar e de que naquele dia eu quase morri afogada. - Um pequeno sorriso se manifestou em meus lábios com a lambranças flutuando na minha mente.

- Nem imagino. - Disse ele.

Daí por diante foram conversas atrás de conversas. Pude conhecer mais o novo Brian. Ele me contou do quanto gostava da praia e de como eram os dias em que ele ia para lá com a sua família. Além disso ele conseguiu me convencer a colocar os pés na água, algo que eu não pretendia fazer de jeito nenhum.
Jamais poderia imaginar que em um momento como esse da minha vida seria o Brian quem estaria ao meu lado e que arrancaria um sorriso dos meus lábios.

O Babaca Do Meu Chefe ( Sem Revisão )Where stories live. Discover now