|CAPÍTULO:38|

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Sophia

Naquela noite lutei muito para conseguir adormecer e quando finalmente aconteceu tive a infelicidade de assistir aos piores pesadelos que poderia assistir. Revi o momento em que minha mãe falou suas últimas palavras e o momento em que eu havia acordado e percebido que meu pai havia falecido.
Acordei em prantos. A dor avassaladora que enchia o meu peito à algumas horas voltou a sobrecarregar o meu coração. Em questão de segundos lágrimas já escorriam pelo meu rosto de forma descontrolada e a pior parte de tudo isso é ter que aguentar toda essa dor sozinha. Me sentia no fundo do poço e abandonada. Era como se para qualquer lado que eu olhasse só veria escuridão.

{...}

Naquela manhã antes de sair de casa havia recebido uma notificação do banco, eles pegariam a minha casa no dia seguinte. Eu estava devendo o banco e um velho idiota. Era questão de um dia para eu ir parar no olho da rua. Essa notícia era tudo o que eu precisava para saltar de um precipício.
Precisava me ocupar com alguma coisa antes que os pensamentos acabassem comigo. Me arrumei e fui para a empresa. O desejo que eu tinha de sair de casa era tão grande que nem me interessei em tomar o café da manhã.
Mesmo tendo chegado atrasada na empresa, havia chegado primeiro que o Brian, o que era estranho.

Como de costume peguei o seu café e o deixei por cima de sua secretária junto com os documentos que ele precisaria naquele dia. Em seguida fui até à minha sala. Não pude deixar de notar o olhar das pessoas para cima de mim. Provavelmente estavam a se perguntar o porquê de eu ter ido trabalhar naquele dia.
Sentei - me em minha cadeira, fechei os olhos inclinei a cabeça para trás, só voltei aos abrir quando ouvi o som de alguém batendo na porta. Era Mary.
Me levantei e caminhei até ela.

- Oi. - Disse ela com um sorriso fraco, assim que abri a porta.

- Oi. - Retribui o sorriso na mesma intensidade.

- Posso entrar?

- Ah, claro. - Dei passagem.

- Como estás? - Seu semblante era meio deprimente.

- Bem, na medida do possível. - Dei de ombros.

- Eu sinto muito não ter podido passar a note contigo ontem. Eu queria mesmo ter estado lá contigo, mas infelizmente minha mãe teve uma crise asmática e tive que leva - la ao hospital. - Percebi seu olhar triste se intensificar.

- Está tudo bem. - Disse tentando tranquiliza - la. - Ela está melhor?

- Graça a Deus sim.

- Que bom.

Expirou pesado antes de se pronunciar.

- Tenho que voltar ao trabalho, falamos depois. - Massageou levemente o meu ombro direito, e assim saiu.

Quando voltei a ficar sozinha, olhei para a direcção da porta de Brian e como nunca, um sentimento de saudade se fez presente. Por mais que tenha sido por apenas segundos, eu senti.
Como se o universo o tivesse atraindo para mim, naquele momento o vi chegar. Ele sequer olhou em direcção a minha sala, essa atitude fez com que algo em mim mudasse, foi como se uma pequena chama que estava acesa se apagasse. Talvez eu estivesse fantasiando demais, talvez eu estivesse apenas em um momento vulnerável vendo coisas amais onde não havia.

Peguei a agenda dele e fui até sua sala. Bati na porta e fui atendida logo em seguida.

- Bom dia, senhor. - Falei para o homem que quando entrei tinha os olhos fixos na tela a sua frente, mas que os tirou de lá logo após ter ouvido a minha voz.

- Sophia, porquê veio trabalhar? - Parecia mais um sermão do que uma simples pergunta.

- Precisava de alguma coisa que me distraísse. - Falei com a maior naturalidade possível.

- Sophia, você tem o direito de faltar ao trabalho. - Falou apreensivo.

- Não se preocupe, estou bem. Agora, vou ditar a sua agenda para hoje. - Dito isso comecei a ditar.

Quando terminado ele parou por instantes olhando para mim como se quisesse dizer alguma coisa, mas que estava inalado em sua garganta.

- Se não precisa de mais nada, quero pedir sua permissão para me retirar.

- Pode. - Disse após ter pensado por alguns segundos.

E saí de sua sala. Antes que eu pudesse chegar até minha sala, Bidgit havia chegado deitando para cima de mim todo aquele olhar horroroso que me jogava sempre que me via. A ignorei e segui para a minha sala.

{...}

Já estava de saída no lado de fora a espera de um táxi, foi naquele mesmo instante que ví Brian passar na frente de mim em seu carro com a Bidgit. Acho que já conseguem imaginar o que senti naquele momento, mas tive que me conter, pois não tinha o direito de me sentir daquela maneira.

Quando cheguei em casa tomei um banho rápido e vesti um pijama. Preparei uma sandez e me sentei no sofá a procura de algo para assistir na TV, foi quando a campainha tocou. Fui atender.

- Olá. - Elenna me puxou para um abraço caloroso.

- Olá. - Falei retribuindo.

- Eu e a mamãe conversamos e achamos que seria melhor se você passasse um tempo conósco lá em casa. O que você acha?

- Quanta gentileza da vossa parte. - Sorri fraco. - Mas, eu estou bem, não precisam se preocupar. - Essa foi a minha resposta apesar de estar a precisar.

- Ah, Sophia. Não faça isso, por favor.

Eu acho que Elenna suplicou tantas vezes que até perdi a conta. No final acabei aceitando. Organizei apenas uma mala pequena. Já estávamos de saída, quando Elenna se lembrou de ter esquecido seu telemóvel no meu quarto e subiu para pegar, naquele mesmo instante a campainha tocou. Abri a porta dando de caras com ex amigo de meu pai.

- Ora! Já está carregando as malas? Então desistiu assim tão fácil das memórias dos teus pais? - Seu tom era de deboche.

- O que quer? - Perguntei temendo a resposta.

- Fiquei sabendo que o banco pegará a casa ainda amanhã. Finalmente terei o meu dinheiro de volta. - Poderia jurar que ele parecia estar satisfeito. - Poderia te desejar boa sorte, mas vejo que não vai precisar. - Dito isso saiu caminhando.

Fiquei paralisada naquele mesmo lugar. Foi só quando me virei que percebi que Elenna estava atrás de mim e provavelmente teria ouvido tudo.

O Babaca Do Meu Chefe ( Sem Revisão )Where stories live. Discover now