|CAPÍTULO:40|

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Sophia

Aquela notícia havia me caído tão mal que eu senti que não era só a comida que havia entalado em minha garganta. Por mais que Elenna insistisse em bater em minhas costas, parecia que nada mudava. Quando percebi que a intensidade da tosse não diminuía, optei por me levantar, achei que seria melhor me retirar da mesa. Estava a caminhar para fora do cómodo enquanto tossia, daí ouvi Bidgit se pronunciar outra vez:

- E por isso decidimos nos casar.

Essas palavras perfuraram meu coração. A dor que eu sentia por dentro era inesplicável.
Saí a passos mais apressados que antes, tudo o que eu queria era ficar sozinha. Corri para o meu quarto e me tranquei nele. Minhas costas deslizaram lentamente pela porta até meus glúteos encontrarem o chão, daí caí no choro silencioso. O vazio que a pouco sentia que estava a ser minimamente aliviado voltava a se fazer mais presente. Abracei os joelhos e deixei que as lágrimas rolassem.
Minutos depois ouvi o som de alguém batendo na porta, não respondi, mas a pessoa insistiu.

- Sophia, está tudo bem? - Era a Elenna.

Não respondi.

- Se precisar conversar eu estarei aqui. - Dito isso o silêncio voltou a se instalar.

Fiquei apenas com os meus tristes pensamentos, até que por fim deitei - me na cama e voltei a luta de tentar adormecer.

Sonho on...

No principio era apenas uma luz cegante no fundo do túnel, mas depois essa luz começou a revelar figuras. Havia um jardim enorme repleto de diversos tipos de flores, era tudo muito lindo. O som dos pássaros cantarolando me trazia uma paz enorme.
Eu estava a caminhar sempre em frente em uma direcção qualquer, mas que meu coração dizia ser o caminho certo. Depois de algum tempo caminhando consegui avistar uma figura humana conhecida, era o meu pai. Naquele momento senti uma alegria preencher meu coração e sem pensar duas vezes comecei a correr em sua direcção na esperança de poder o alcançar, mas cada vez que eu achava estar mais perto dele, mais ele se afastava. Ele ia a passos lentos, mas mesmo assim eu correndo era difícil o alcançar.

- Papai. - Chamei por ele, que sequer virou rosto para me encarar. - Papai. - Chamei outra vez.

Ví ele parar. Naquele momento não sei o que aconteceu, mas acabei tropeçando em alguma coisa e caindo de cara no chão.

Sonho off...

Acordei atordoada. Minha cabeça parecia estar prestes a explodir e sentia me garganta ressecada. Como a vasilha ao lado da cómoda estava vazia, então tive que descer para a cozinha para beber água.
Abri a geladeira e retirei uma vasilha de água, servi no copo e sentei - me no banco de frente ao balcão, de costas para a porta. Dei gole na água e pousei o copo no balcão. Fiquei novamente perdida em meus pensamentos. Estava tudo confuso. Sentia como se um furacão tivesse entrado em minha vida e arruinado ela por completo. Minutos depois me vi sentada naquele banco olhando para uma parede em branco, e pela primeira vez pensando em nada, até sentir alguém tocar meu braço.

Num piscar de olhos, me vi voltar a realidade e com o susto que levei quase saltei da cadeira.

- Calma, sou eu. - Seu tom era firme.

Não consegui o responder, ainda estava a tentar recuperar recuperar o fólego.

- Está sem sono? - Perguntou ele.

- Sim. E você? - Falei assim que consegui me recompor.

- Vim pegar água. - Mostrou - me a vasilha em sua mão.

- Ah.

- Estou indo, espero que possas pegar no sono assim que voltares para o quarto.

Apenas assenti. Ele estava a caminhar para o exterior da cozinha, quando só estava apenas a um passo, tomei a coragem dizer algo que estava entalado em minha garganta desde o momento em que percebi que ele estava na cozinha.

- Quero desejar - lhe os parabéns pelo bebê e pelo casamento, espero que possam ser felizes. - Falei pouco animada, ainda me mantendo de costas não queria que ele visse meu rosto triste.

- Obrigado. - Soou sua voz, já um pouquinho distante de mim.

Minutos após ele ter saído, voltei para o meu quarto e fiquei deitada na cama até adormecer.

{...}

Na manhã seguinte quando já havia tratado da minha higiene matinal, vesti um look descontraído e estava pronta para sair para um passeio. Estava descendo as escadas, quando me encontrei com Bidgit, ela parecia estar arrumada para sair.

- Olá, querida, está saindo também? Quer que eu te dê uma boleia? - Disse num tom simpático, mas que na verdade parecia tudo, menos simpático.

- Obrigada, mas prefiro caminhar mesmo. - Dito isso, abri a porta e são caminhando.

Fui caminhando pelo passeio do enorme condomínio, até sair dele. Peguei um táxi e fui para o Central Park e sentei - me num daqueles bancos, apenas observando as poucas pessoas que lá estavam por conta da hora. Fiquei em minha própria companhia por alguns minutos, até alguém conhecido sentar - se ao meu lado, era o Martin.

- Como está se sentindo? - Questionou ele.

Não consegui o responder, apenas apoiei minha cabeça em seu ombro e continuei observando a paisagem a minha frente, e assim ficamos em silêncio.
Por mais que eu não quisesse, o destino me obrigava a voltar para ele. Minutos antes de sua chegada eu sentia como se havia perdido tudo o que me ligava ao meu passado, mas quando ví o Martin esses sentimentos mudaram.

O Babaca Do Meu Chefe ( Sem Revisão )Where stories live. Discover now