Capítulo 6

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Às vinte horas em ponto, Tiago estacionou seu carro na porta da minha casa. Havia comentado apenas com a minha mãe sobre o encontro, não gostava de envolver minha família em algo que ainda não estava certo. Resolvi vestir um vestido de cetim longo num tom de rosa bem claro com estampa de flores também na cor rosa com folhas verdes e uma sandália preta. Fiz cachos no cabelo e uma maquiagem bem leve no rosto, para destacar o batom vermelho que havia passado em meus lábios.

— Uau. — Disse Tiago, assim que saí da porta de casa. Ele estava em pé encostado na porta do banco do passageiro na frente. Estava vestindo uma camisa social em um tom de azul escuro, uma calça na cor cáqui e sapato marrom escuro. Certamente ele havia cortado o cabelo e penteado para o lado. Tiago é um daqueles garotos que se encontra em todo lugar e do tipo que raramente se destaca. Embora ele seja bonito, não é popular, não como poderia ser. Ao invés disso, é misterioso, se isola dos grupos ou porque gosta de se dedicar a algo ou porque provavelmente havia arrumado uma namorada ciumenta. E como ele estava bonito nesta noite. Gostaria de voltar ao meu quarto só para pegar a câmera e tirar uma foto dele. Mas não o fiz para não aumentar o seu ego. — Entre. — Ele convidou, sem desviar o olhar de mim. Quando me aproximei, ele abriu a porta do carona para mim. Depois disso, correu até a porta do motorista e entrou no carro.

— Oi. — Disse Tiago, abrindo um meio sorriso.

— Oi. — Respondi, devolvendo-o.

Ele se aproximou de mim e deu um beijo na minha bochecha. Um beijo frio e leve, como uma brisa tocando a bochecha em um tempo frio.

— Para onde vamos? — perguntei a ele, com o intuito de não mostrar a minha timidez. Mas ele pegou a ideia e deu um sorriso de lado.

— Você vai ver. — Ele respondeu, colocando o cinto de segurança e ligando o carro. Também coloquei o meu cinto.

— Não é mais nenhum esconderijo seu, não é? — perguntei, olhando-o de soslaio, sorrindo.

— Mais ou menos. — Ele disse olhando para a rua. — É um lugar especial. Você vai gostar, confie em mim. — Tiago virou-se rapidamente para mim e sorrindo, piscou.

A viagem até o restaurante foi silenciosa e rápida. Assim que Tiago começou a dirigir, colocou um dos álbuns da banda Radiohead para tocar. Achei que ele fosse me perguntar sobre qual outra banda eu gostava de ouvir, mas não o fez. Talvez ele soubesse quais eram os meus gostos. Talvez eu fosse uma daquelas pessoas fáceis de se desvendar. Tiago não era assim. Ele era misterioso. Era uma das coisas que mais chamava a atenção nele.

Paramos no estacionamento em frente a um bistrô com uma fachada nas cores preta e dourada.

— Espere. — Pediu Tiago, quando me viu tirando o cinto de segurança. Assenti. Ele saiu do carro, indo na direção da minha porta e a abriu. Não posso negar o seu esforço para um encontro perfeito.

Assim que entramos no pequeno bistrô, um homem branco de meia idade, quase careca, veio nos receber.

— Boa noite! — ele disse lançando um sorriso aberto. — Sejam bem vindos! possuem alguma reserva? — perguntou, nos guiando para uma bancada que estava ao lado, repleta de papeis.

— Sim. — Tiago respondeu. — Está no nome de Tiago Magalhães. — Ele complementou, olhando levemente por cima da bancada. O homem encontrou o nome de Tiago e pediu para que um dos garçons nos levasse até a mesa.

O lugar era muito aconchegante. Havia pequenas luzes por toda a parte e poucas mesas espalhadas, onde pensei que ficaríamos, mas o garçom nos levou até o fundo e fez um sinal para que subíssemos uma escada que ficava no canto do espaço. O primeiro andar também continha uma pequena área pouco iluminada, com quatro mesas e uma linda vista da cidade. Mas o garçom continuou nos guiando para outro local, em que tivemos que subir outra escada, dessa vez menor, circular. O segundo andar era ainda menor do que os anteriores. Neste, havia apenas uma pequena mesa redonda próxima da sacada, com talvez uma das melhores vistas da cidade. Fiquei me perguntando como Tiago havia encontrado aquele lugar, que realmente se parecia com um esconderijo.

A garota do tênis brancoOnde histórias criam vida. Descubra agora