Capítulo 13

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O início do novo semestre de estudos foi no mínimo diferente. Talvez essa não fosse a melhor palavra para descrevê-lo, porque no final, acho que todas as mudanças foram benéficas. Danielle e eu voltamos a sermos amigas e nosso grupo estava completo novamente. Como o Gabriel não fazia as aulas com a gente, apenas no sábado comigo, a questão do namoro entre os dois não fez muita diferença no nosso círculo social dos intervalos das aulas, embora Danielle gostasse de expressar as opiniões do Gabriel e sempre envolver seu nome nas conversas. E havia a questão do término com o Tiago.

Tiago se sentava o máximo de distância fisicamente possível na sala de mim. Nos primeiros dias após o término ele me mandava várias mensagens, algumas delas bem formuladas, pedindo que voltássemos e outras bastante tóxicas, chegando até acusar o Hugo pelo nosso término. Eu até respondia algumas delas explicando minha decisão e a cada tempo que se passava, mais convicta estava de que havia feito a escolha certa. Não era porque tinha ressentimento de Tiago, por não conseguir perdoá-lo ou por orgulho. Não se tratava de nada disso. Tiago teve suas razões para me esconder toda a sua história e o perdoei por isso, mas havia três razões pelas quais eu não poderia voltar com ele. A primeira era porque, algo dentro de mim dizia que ele ainda gostava de sua ex-namorada e isso condiz um pouco com a ideia de ele aceitar se sair com ela e não me dizer nada. A segunda era porque por mais que gostasse de Tiago, as nossas diferenças iriam convergir algum dia. Seu mistério era algo que me incomodava constantemente, não gostava de seus amigos, exceto do Caleb e havia os pequenos detalhes. Tiago gostava de sair, de tal modo que se deixasse, sairia todos os dias. Eu amava ficar em casa. Ele gostava de música alta e eu odiava e ele sempre me falava as coisas em cima da hora, como para ir em alguma festa de amigos e inclusive me forçar a ir em lugares que eu não gostava com pessoas que eu não gostava. Parece besteira, mas relacionamentos são assim. Parece tudo perfeito como as músicas do Michael Bublé, mas depois de um certo tempo, os pequenos detalhes incômodos se tornam grandes e pesados. A terceira razão eu não sabia naquele momento, então mais tarde eu acabo contando. Depois de vários dias, Tiago parava cada vez mais com suas mensagens e aumentava mais a distância física entre nós.

Nos intervalos, quando os horários batiam, Hugo ia até o nosso bloco para nos ver. Na maioria das vezes tirávamos o tempo para comer e conversar, outras vezes, cantávamos e tocávamos algumas músicas. Nossa banda, Olivee, cada vez mais comentada nas redes sociais, agora recebera a mais nova integrante: Danielle tomou a posição de guitarrista, enquanto Gabriel passava para o baixo e estávamos tendo uma ideia de fazer uma seleção para baterista.

— Vamos postar nas redes sociais. — Disse Hugo, quando comentamos sobre a ideia da seleção com o grupo. — Podíamos colocar no anúncio que mandem um pequeno vídeo tocando e que escrevam porque merecem entrar para a banda. O que acham? — ele perguntou, movendo o olhar para cada um de nós.

— Eu gostei! — respondeu Danielle, contente. — E tenho certeza de que o Gabriel também gostará.

— Eu também! — o resto do grupo disse em uníssono. Estava a Carol, Danielle, eu, Luís e Hugo.

— Pessoal, vou aproveitar a oportunidade e jogar outra discussão no grupo. Todos vocês sabem que meu irmão desenha, principalmente personagens para revistas em quadrinhos e gostaria de divulgá-lo usando as redes sociais da banda. Qual a opinião de vocês? Alguém contra? — perguntei, de repente nervosa.

— É claro que não vai ter ninguém contra, somos todos os seus amigos. — Comentou Carol, piscando para mim. — Até eu que não sou da banda, acho que vocês deviam fazer isso com as lojas também, serem pagos para divulgar. Todo mundo faz isso hoje em dia. — Ela completou, lançando a ideia ao grupo.

— Concordo. — Disse Danielle, sem expressão. — Acho que podemos fazer publicidade para algumas marcas, mas com moderação. Temos que lembrar sempre do nosso objetivo principal. — Disse, de repente orgulhosa com suas palavras.

A garota do tênis brancoDonde viven las historias. Descúbrelo ahora