Capítulo 25

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Acordei e decidi abrir os olhos lentamente, pois da última vez esse mínimo esforço havia gerado dor. Quando finalmente o fiz, a claridade do lugar causou certo desconforto aos olhos, mas a curiosidade era maior. Onde eu estava? Era um quarto com as paredes pintadas de branco, tinha uma janela à minha esquerda com cortinas brancas e uma TV pequena no alto, bem de frente para mim. A visão ainda estava um pouco embaçada, então resolvi esfregar os olhos com os dedos, o que foi bastante incômodo, pois meu braço estava ligado a uma série de tubos. Sim, era um hospital. Agora que a visão estava mais nítida, olhei novamente à minha volta e vi um sofá cama abaixo da janela, em que minha mãe estava deitada, dormindo.

Estava passando um noticiário na TV, em que uma jornalista aparecia em frente a um posto policial. Ela dizia: "Voltamos com o assunto mais comentado do momento. O empresário Kennedy Moreira foi preso na última noite de segunda-feira por comandar uma rede que adulterava veículos." Antes que eu pudesse refletir, Hugo entrou no quarto segurando um copo grande de plástico com café, se assustou quando me viu acordada.

— Nanda!?! — chamou, acordando de repente a minha mãe. Hugo sorriu para mim, se aproximando.

— Ah, querida. Que bom que você acordou, ficamos muito preocupados. — Minha mãe disse pegando a minha mão direita. Balancei a cabeça, sem entender.

— O que aconteceu? — perguntei, voltando o meu olhar para minha mãe e depois para Hugo, que estava encostado na lateral da cama em que eu estava e balançava lentamente a cabeça em negativo.

— Logo depois da comemoração, você, Hugo, Danielle, Gabriel e Tiago saíram para outro lugar, uma boate, teve uma briga lá, te empurraram e você caiu em cima de um balcão de vidro. — Ela explicou. Hugo desviou o olhar.

— Entendi, isso que dá querer comemorar mais do que o necessário. — Comentei, sorrindo para ela. Ela beijou a minha testa.

— Vou ligar para o seu pai. — E saiu do quarto, segurando o celular e o copo de café que Hugo ofereceu a ela.

— O que realmente aconteceu? O pai do Felipe foi pego? — perguntei ansiosa para Hugo.

— Não. Ele se entregou, Nanda. Quando fomos atrás dele na noite anterior, ele já estava na delegacia. — Disse Hugo, pensativo. Depois completou: — Ele está recebendo tantos processos, que terão que vender tudo e talvez nem seja o suficiente.

— Nossa, mas sabe, de certa forma fico feliz por ele ter assumido seus crimes. — Comentei, mas Hugo me olhou assustado.

— Você acha que ele se arrependeu ou algo do tipo? Acho que ele só se entregou porque sabia que iriam fazer isso por ele uma hora.

— Eu não sei, acho que sim. Acho que ele daria um jeito de se safar, se quisesse. — Hugo balançou a cabeça em concordância.

— É, talvez você tenha razão. — Falou. De repente me veio a lembrança do último momento no galpão e meu coração acelerou.

— Hugo, e o Tiago? — perguntei de imediato, me lembrando da arma apontada para sua cabeça. Hugo não mudou a expressão.

— Ele está bem, Danielle também. — Comentou e acho que ele conseguiu sentir o alívio que emanou de mim. — Eu e o Gabriel chegamos com a polícia assim que você caiu em cima da janela. — Completou.

— Entendi. A ex-futura janela da copa. — Comentei, lançando um sorriso fraco.

— Essa mesma. — Hugo retribuiu o sorriso.

— E o que aconteceu com Caleb, Ícaro e Luciano? — Hugo baixou os olhos.

— Luciano e Ícaro foram presos. Mas Nanda, quando Luciano jogou você na janela, ele atirou e acabou acertando Caleb. Ele não resistiu. — Fiquei boquiaberta. Caleb fez escolhas ruins, mas não merecia aquele fim tão brutal.

A garota do tênis brancoOnde histórias criam vida. Descubra agora