Capítulo 18

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As coisas ficaram muito estranhas. Já não via Hugo e Felipe há semanas e isso me incomodava a todo momento. O que ainda me mantinha firme eram as últimas palavras de Hugo, que não negaram seus sentimentos, que disseram que ainda não era o momento para ficarmos juntos e o fato de que Felipe não aparecera porque provavelmente fora impedido, não porque não queria. Precisava descobrir o que estava se passando com os dois.

A primeira tentativa foi procurar o Hugo. Ele não ficava mais em casa. Segundo sua mãe, não tinha horário de chegada em casa, mas na maioria das vezes era de madrugada e que ela estava extremamente preocupada com ele. As grandes olheiras evidenciadas debaixo de seus olhos comprovavam isso. Pensei que talvez pudesse voltar no tempo e conversar com ele, mas seria arriscado para nós dois e ele não queria me ver. Por isso já não estava procurando por Hugo, mas pelo que estava acontecendo com ele.

Decidi começar pelas redes sociais, já sabendo que não adiantaria nada. Hugo nunca teve nenhuma rede social ativa em seu nome. Ele havia criado algumas contas só porque eu havia insistido para divulgarmos seu trabalho com a banda, mas fora as suas fotos de perfil, não havia mais nada. Para ser mais exata, em uma das contas, a mais antiga dele, continha dois vídeos de Hugo ensinando algumas manobras de futebol pelo videogame, mas que em nenhum momento aparecia o seu rosto, apenas as telas. Ele havia sumido até dos aplicativos de mensagens, já nem apareciam as suas fotos de perfil e comecei a pensar que talvez ele tivesse me bloqueado. Me lembrei até de seu e-mail.

Uma vez que o celular de Hugo estragou, passamos a conversar por e-mails. Não havia nada que me ajudasse com a pesquisa ali, mesmo assim abri conversa por conversa para me lembrar de quando tudo era normal. Era incrível ver que nunca faltou assunto entre nós. Hugo e eu somos bastante parecidos nos gostos, então era algo que facilitava e ele era extremamente educado com todos, por isso achava estranho o desrespeito com sua mãe. Depois de vários minutos lendo o conteúdo dos e-mails, não me contive e chorei. Chorei porque minha vida estava uma extrema bagunça. As discussões e problemas com Danielle, Tiago, a mãe do Felipe e agora Hugo tinham acabado com o meu ano e com o meu ânimo também. Mas depois lembrei que ainda tinham as provas da faculdade.

— Nanda, tem séculos que não te pergunto sobre isso, mas e aquele sonho que você tinha, ainda acontece? — perguntou Danielle, enquanto estudávamos na biblioteca.

— Quando eu acho que nunca mais vou tê-lo, ele aparece. Há alguns dias tive quase o mesmo sonho. — Disse a ela, de repente preocupada. — É muito estranho. Mais estranho ainda porque agora toda vez que tenho esse sonho, algum de vocês aparece nele. Você, Gabriel, Tiago, Hugo.

— Mas você não tem esses sonhos direto? Digo, uma vez você me disse que tinha sonhado com algumas lojas. — Ela disse, pensativa.

— Sim. E depois aconteceu exatamente a mesma situação do sonho. — Disse, respirando fundo.

— Nanda, isso é besteira. Talvez tenha sido um dejavu. Talvez seja só você se preocupando demais conosco. — Disse Danielle, reconfortando-me.

— Eu já disse para vocês pararem de fazer barulho! — gritou o segurança do corredor.

— A cabine de estudos foi feita justamente para isso, para evitarmos o barulho com as discussões. — Gritou Danielle de volta.

— Vocês não estão estudando! — disse o segurança, que saiu logo em seguida. Danielle fez careta pelas suas costas.

— Dan, precisamos de foco. — Disse a ela, voltando meu olhar para a mesa, onde estava nossos cadernos.

— Tá! Tudo bem, vamos lá. — Disse Danielle, concentrando-se em um dos livros. Mas a nossa sessão de estudos não durou muito mais tempo. — Nanda, olha! O Hugo. — Ela sussurrou próximo ao meu ouvido enquanto apontava para o corredor de uma das fileiras de livros. Dava para ver porque na porta da cabine tinha uma região transparente. Hugo estava à procura de um livro, que logo começou a folhear quando o encontrou. Depois de alguns minutos Caleb apareceu e os dois saíram juntos.

A garota do tênis brancoWhere stories live. Discover now