A garota do tênis branco

Capítulo 11

— Filha, já faz algum tempo que quero te perguntar onde você arrumou este moletom preto, que, inclusive, nunca a vi usar. — Minha mãe comentou, enquanto guardava minhas roupas no guarda-roupa do meu quarto. Estava distraída, mexendo no celular deitada na cama. — Oi? Terra para Ananda. — Ela disse fazendo um estalo com os dedos da mão direita na minha frente para chamar atenção, enquanto segurava um cabide com a outra mão.         

— Oi mãe, estava um pouco distraída. — Disse fazendo careta como se dependesse de sua piedade. Ela ignorou.

— Lavei este moletom há semanas e nunca a vi usando. Onde o arrumou? — ela perguntou, mostrando um casaco de moletom preto que de imediato não consegui identificar, mas após alguns segundos percebi que era o moletom de Hugo. Instintivamente, levei a mão à testa.

— Oh, não. Esse moletom é do Hugo, mãe! — disse a ela, balançando a cabeça em negativo. — Você se lembra do dia em que o Gabriel passou mal na casa do Hugo e tivemos que leva-lo ao hospital? — perguntei a ela, que assentiu prontamente. — Então, nós começamos a gravar um vídeo para o canal e o Hugo tinha pedido que eu usasse esse moletom durante a gravação para deixar o ambiente mais descontraído e para que combinasse com o Gabriel, que também estava usando um modelo assim.

— Ah sim e você não devolveu? — ela perguntou, intrigada.

— Gabriel passou mal, viemos correndo para cá e logo depois para o hospital. Devo ter me esquecido. — Expliquei a ela. — Vou lá agora mesmo entregá-lo ao Hugo.

— Tudo bem, querida. — Ela disse me entregando a peça.

Quando cheguei à casa de Hugo, ele estava jogando videogame, mais especificamente, futebol. Hugo estava vestindo shorts preto e camiseta listrada de azul com preto, enquanto eu estava usando um vestido na cor rosa pink, bem leve, um tênis branco e carregando uma bolsa marrom clara para colocar o celular. As aulas haviam acabado naquele dia e cada um descansava da forma que mais gostava: no caso de Hugo era jogar e no meu caso, dormir. Havia dormido a tarde praticamente toda. As últimas duas semanas de aulas do semestre foram muito difíceis e durante o andamento do semestre, optei por adiantar quinze dias das minhas férias da livraria para poder treinar e estudar. Hoje era meu último dia de férias. Quando Hugo me viu aproximar, passou a mão instintivamente no cabelo, como se não estivesse arrumado o suficiente para receber visitas e chegou para o lado, como um convite para me juntar a ele no grande sofá da sala de sua casa.

— Oi, Nanda. — Ele disse quando me sentei. Respondi com um 'oi' e ele me olhou rapidamente de soslaio, sorrindo de lado, ainda concentrado no jogo. — Sabe jogar? — ele perguntou levantando o controle.

— Já joguei. — Tinha uma recordação com Samuel e meus primos no passado. Geralmente quando vínhamos jogar com o Hugo, jogávamos Dragon Ball. — Mas não me lembro mais.

— Quer que eu te ensine, rápido? — ele pausou o jogo e se virou para mim. — Podemos jogar uma partida.

Assenti.

— Então, o quadrado serve para você chutar para o gol, o xis serve para tocar a bola, quando a bola cruza ou para dar balão. O triângulo serve para enfiada de bola. — Hugo explicou, apontando para os botões do controle remoto e em seguida para a TV.

— Acho que entendi. — Disse, testando os botões.

Passamos pouco mais de uma hora jogando e rindo muito, porque eu realmente não era boa naquele jogo. Teve momentos até que eu já havia praticamente desistido do jogo e Hugo pegava meu controle e assumia, para que eu não ficasse muito para trás e depois tentava me explicar melhor. Mesmo assim, de nada adiantou.