Capítulo 12

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Após algumas semanas, as coisas começaram a se acertar. Bem, era o que eu pensava. Danielle veio me pedir desculpas depois de seu comportamento comigo na festa universitária e o relacionamento entre ela e o Gabriel estava muito bem, no final das contas. A minha amizade com Danielle, que começou e quase terminou abruptamente, dessa vez estava sendo reconstruída aos poucos, onde cada tijolo, ou melhor, cada passo dado, por menor que fosse, era essencial. E eu realmente estava gostando do processo. Outro fato que aconteceu foi o crescimento da dupla musical com o Gabriel. Depois da apresentação na festa, muita gente começou a acompanhar nossos vídeos e a nos seguir nas redes sociais e estávamos muito agradecidos por isso.

Durante o período das minhas férias da livraria, Eduarda havia assumido o meu lugar na atividade com as crianças. E como todos nós, incluindo as crianças, estávamos muito atarefados no último mês, decidimos adiar a saída para o parque para a última semana de férias, quando todos já tivessem retornado das viagens e pudessem participar. Esse dia finalmente chegou e era hoje.

Era final de julho e embora o clima estivesse frio, o sol forte daquela manhã de sábado aqueceu-nos o suficiente para que tivéssemos um piquenique incrível. Nos encontramos no parque que ficava em frente à minha casa. Cada um de nós levou algo para comer e juntamos vários tapetes no lugar. As crianças amaram brincar e depois lemos juntos pequenos contos nos intervalos, porque ler era o que sempre fazíamos e o que sempre nos unia de alguma forma. Quando as crianças foram embora, ficamos apenas Eduarda e eu para guardar e organizar as coisas.

— Duda, você percebeu mais algum comportamento em relação aos pais do Felipe? — perguntei a ela. Toda vez que olhava Felipe esse pensamento me vinha à cabeça. Se ele se sentia solitário, se estava tudo bem.

— Acho que sim, Nanda. — Ela respondeu, virando-se para mim. — Digo isso porque o pai dele veio buscá-lo em alguns dias na livraria. E porque ele parece estar feliz, não parece? — ela perguntou, lançando um sorriso gentil. Assenti.

— Você parece tão serena, Duda. Acho que nada te abalaria. — Comentei, tentando me lembrar de uma ocasião em que tenha a visto estressada ou preocupada dessa forma com tudo e com todos. Não consegui me lembrar.

— Nada me abala mais ou me estressa mais do que sentir fome. — Ela disse piscando para mim e no mesmo momento me veio a lembrança de uma mania que eu achava péssima em Eduarda: Ela odiava compartilhar comida. Ela não é do tipo que briga ou reclama, mas já vi inúmeras vezes em que alguém — que não era eu, porque eu não me atreveria — tentou pegar suas batatas fritas ou pedir uma mordida do seu sanduíche e ela deixar e logo depois apresentar um semblante triste. Eu sempre achava muito engraçado e Danielle adorava implicá-la com isso. Depois de um tempo, Eduarda me perguntou: — Nanda, o que você faz com seu dinheiro da livraria? — seu olhar estava pensativo. — Digo, você deve ajudar seus pais, mas deve sobrar um valor, não é?

— Sim, sobra um pouco. Estava deixando na minha conta poupança para talvez comprar um carro, investir na música, uma viagem, quem sabe. — Seus olhos se iluminaram de repente.

— Isso! Vamos fazer uma viagem? Diz que sim, por favor. — Ela disse juntando as mãos na minha frente. Levei a mão ao queixo.

— E por acaso você tem ideia para onde vai, ou melhor, vamos? — indaguei-a. Ela sorriu, como se estivesse orgulhosa por ter pensado em tudo. E de fato ela estava.

— O que você acha de visitarmos algum dos lugares das séries ou filmes que tenhamos visto ou dos livros? — ela perguntou muito animada, como se fosse um balão prestes a explodir. E antes que eu pudesse responder, Eduarda já deu exemplos. — Que tal os castelos que aparecem em Reign? A Escócia! Ou Paris, lembra de Anna e o beijo francês? E Anne de Green Gables? A ilha do Príncipe Eduardo no Canadá. Ou podemos ser mais alternativas e escolher conhecer os bancos de La casa de papel? Na Espanha. Você sabia que os bancos mostrados na série não são os bancos reais? Mas o acesso é restrito, eu pesquisei. De qualquer forma seria maravilhoso conhecer outro país, outras cidades. Ah, Londres! Me lembra Harry Potter. — Ela suspirou. Eduarda sonhava tanto acordada que às vezes eu tinha medo de que ela se desapontasse perdidamente da vida real.

A garota do tênis brancoWhere stories live. Discover now