Capítulo 8

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Tiago: Está livre amanhã à noite? Preciso de ajuda com um trabalho.

Ananda: Sim, posso ajudar.

Tiago: Te busco na livraria ou na sua casa? Podemos sair depois. Acho que não vá demorar.

Ananda: Em casa, precisarei de um banho, ao menos.

Tiago: Ok, podemos ficar na sala da engenharia, não terei aula. Ou na biblioteca.

Ananda: Tudo bem.

Tiago: Até amanhã então. Beijos.

Ananda: Até. Boa noite.

As coisas com Tiago estavam andando a passos largos. Acho que nós dois éramos muito ocupados ou eu apenas estava um pouco desacreditada. Talvez fosse realmente isso. Eu o via tentando, fazendo pequenas coisas para me conquistar, como ficar curtindo e comentando minhas fotos, o jantar, as mensagens carinhosas. Porém, acho que todos passam por aquela fase em que já não acreditam mais, ou se esquecem que acreditam no romance. Eu sou nova, mas comecei precocemente nessa "coisa de amor". Sempre fui a garotinha que escrevia textos sobre o que estava sentindo e cartas nunca enviadas aos garotos que gostava. Nunca tive uma Kitty para enviar as cartas por mim, como aconteceu com a Lara Jean. Mas o destino sempre me mostrou o caminho que eu acredito ser o certo nas minhas decisões. Como quando me apaixonei por um colega no nono ano do ensino fundamental. Ainda não tinha beijado ninguém, ele era o segundo garoto que eu havia gostado na vida. Passados alguns meses da paixão platônica, decidi ir contar a ele o que estava sentindo. Ainda estava planejando como ia ser, mas em um desses dias, o vi na frente da casa de uma garota da escola. Os dois estavam sentados um ao lado do outro no meio fio, a mão esquerda dele em cima da mão direita dela. Logo depois desse episódio os dois começaram a namorar. Ainda bem que estava passando de carro, senão acho que teria que voltar ou passar correndo, eu não sei. Mas doeu. Amar para mim sempre significava que eu iria me machucar. E eu sempre me esquecia disso quando encontrava outra pessoa. Aquele círculo vicioso se repetia e repetia e repetia. Chega uma hora que a gente fica com medo de avançar. Mas Tiago parece ser um cara legal e merece uma tentativa. Merecemos um "nós".

O mais estranho disso tudo é não ter a Danielle para falar sobre isso. Se eu dissesse que não tenho ninguém para conversar, seria mentira, porque tenho a Eduarda, o Gabriel, Hugo. Sei que poderia contar com eles para conversar a qualquer momento, mas minhas conversas da noite eram com ela. Sinto sua falta, mas já não sei o que fazer. Já tentei conversar com ela na universidade milhares de vezes, mas ela sempre me ignora, inventa desculpas. Talvez precise de um tempo. Ainda assim, sinto sua falta.

Peguei o notebook, abri o Word e comecei a escrever sobre o que sentia, mas não saíram nem duas linhas completas. Escrever também exigia concentração e principalmente inspiração. Pesquisei algumas músicas e comecei a ouvi-las, isso me ajudava a inspirar, mesmo assim, nada vinha à mente. Como se tivesse mil coisas na cabeça, mas nenhuma delas fosse clara o bastante e quisesse sair dali. Desliguei o computador, vesti o pijama e fui dormir.

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Acabei acordando mais cedo no dia seguinte e decidi me levantar para me arrumar. Vesti um jeans com um cinto preto e uma blusa ombro a ombro de tom acobreado. Quanto aos pés, optei por calçar um tênis branco. Prendi o cabelo em um rabo de cavalo e puxei alguns fios das laterais, dando um toque mais leve no visual. Organizei minha mochila e desci. Ainda estava cedo, meus pais não tinham levantado. Decidi preparar o café da manhã. Minha mãe havia deixado a massa de pão de queijo pronta para assar, então só tive que colocar na airfryer. Decidi fazer algo diferente, ainda tinha tempo. Pesquisei uma receita de panquecas na internet e comecei a preparar a massa. Quando minha mãe apareceu na porta da cozinha, tinha terminado de fritá-las e colocá-las nos pratos.

A garota do tênis brancoDove le storie prendono vita. Scoprilo ora