Capítulo 21

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A maioria dos convidados já havia chegado ao Rock's quando adentrei o local. Até Danielle, que se atrasa muito, já tinha aparecido. A conversa com Hugo havia sido intensa e eu precisava de alguns minutos para digerir tudo. Comecei a observar o bar procurando por Hugo, mas não o encontrei.

— Nanda, aconteceu alguma coisa? — perguntou Danielle, se aproximando de mim. Ela estava vestindo um macaquinho preto em veludo maravilhoso. Puxei seu braço, trazendo-a para uma parte mais isolada do lugar.

— Sim. — Abri um sorriso. Ela fez um gesto com as mãos para que eu prosseguisse. — Hugo foi até a minha casa agora a tarde e se abriu comigo, acho que finalmente nos acertamos. — Ela arregalou os olhos.

— O quê? E o que eram todas aquelas esquisitices? — ela perguntou, com uma aparência irritada. Mordi o lábio inferior.

— Ele não pôde contar tudo, mas eu acredito nele. — Disse, ainda tentando dizer isso para mim mesma.

— Se você não estivesse tão linda hoje, eu te daria um tapa nesta sua cabeça. Não aprendeu com tudo o que aconteceu este ano? Não confie em garotos. — Ela disse, como se estivesse com raiva e com orgulho ao mesmo tempo. Fiquei feliz pelo elogio, Danielle quase nunca elogiava as roupas que eu escolhia, e naquele momento eu estava usando um vestido rosa de seda que ia até a altura dos joelhos.

— E o Gabriel? — perguntei, ironizando-a. Ela fez uma careta.

— Gabriel é um ser à parte. — Ela respondeu e depois de um segundo nós duas assentimos, rindo.

De repente Hugo apareceu pela porta da casa de seus pais, que dava para um dos balcões. Estava vestindo uma camiseta em gola "v" preta, calça jeans e tênis. Tão o estilo dele, impossível. Ele veio até onde estávamos e quando chegou próximo de mim, deu um beijo na minha cabeça.

— Oi, Danielle. — Ele disse, virando-se para ela.

— Oi, Hugo. — Respondeu Danielle, um pouco desconfortável.

— Hugo? — gritou Gabriel, do centro da mesa. Ele, Fred e Guilherme vieram até onde estávamos para cumprimentar Hugo. Quando pararam à nossa frente, perguntou: — Aonde você estava, cara? A gente ficou te procurando, estávamos preocupados. — Hugo ficou totalmente vermelho.

— Desculpe, pessoal. Eu precisava de um tempo. — Foi o que respondeu em seguida. Vendo o nervosismo dele em sua voz e em seu corpo (estava começando a suar), resolvi interferir.

— Então, pessoal, vamos nos sentar? Depois conversamos. O Felipe já chegou? — perguntei, empurrando-os para frente.

Felipe havia chegado junto com sua mãe e mais tarde, os meus pais, os pais de Hugo e Samuel se juntaram à nossa festa. O clima estava agradável, fresco e há muito tempo eu não sentia aquela paz e alegria, mesmo tendo algo ainda incomodando dentro de mim. Até Tiago estava lá, e quando me viu com Hugo, deu de ombros sorrindo.

Não tocamos naquele dia, parecia que estávamos descansando, só curtindo as conversas e a comida, mas quem estava responsável pelas músicas era eu.

— Nanda, eu preciso te contar uma coisa. — Disse Eduarda, enquanto se aproximava de mim, que estava encarando a máquina de músicas. Parecia que eu estava em dúvida sobre qual música colocar, mas eu sabia exatamente qual seria, Crashing de Illenium, só estava encarando aquela máquina estranha.

— O que foi? — perguntei, me virando para Eduarda.

— Já tem uns dias que eu fiquei sabendo da notícia que estou prestes a te contar, mas estavam acontecendo tantas coisas na sua vida que resolvi esperar um pouco. — Comecei a ficar nervosa. Mais uma? O que eu fiz de tão grave no ano passado? Vendo minha expressão, ela logo interrompeu. — Não é tão ruim, não se preocupe. É só porque minha mãe foi transferida para outro lugar no trabalho. Por enquanto vamos ficar aqui, ela vai começar com home office, mas depois de uns seis meses vamos ter que mudar de cidade.

— E não é ruim? — perguntei, incrédula. Meus olhos começaram a se encher de lágrimas.

— Tudo bem, quanto à amizade, sim. Vou sentir saudade de todos vocês e da livraria, mas sabe, vai ser uma nova página na minha vida e sinto que estou pronta para escrevê-la. — Ela respondeu com entusiasmo. Depois de alguns segundos, não me contive, mesmo mantendo a respiração, e as lágrimas começaram a sair. Então ela me abraçou.

— Devia ter esperado até o último dia para me contar. — Reclamei, apertando suas costas.

— Seria pior, já refleti bastante sobre tudo. Penso que seria como saber o dia em que morreríamos. Você se lembra do videoclipe de Savin' Me da banda Nickelback? Como se soubéssemos sobre esse tempo e assim faríamos dele algo muito mais valioso.

Hugo nos viu aos prantos e se aproximou quando nos distanciamos uma da outra.

— Aconteceu alguma coisa? — perguntou, olhando para Eduarda e depois para mim.

— Não, nada. — Disse rapidamente Eduarda, tentando esconder a história. Depois se recompôs e disse: — Nanda, vou voltar, depois a gente conversa mais. — Apontou para a mesa. Assentimos.

— Tudo bem. — Mil coisas se passavam na minha cabeça naquela hora, mas lembrei de um fato que havia observado mais cedo. — Ei, espera. Onde está a Carol? — Perguntei, chamando novamente a Eduarda.

— Ela disse que estava com enxaqueca hoje, mas Danielle já buscou a informação de que o namoro dela acabou. — Fiquei de queixo caído.

— Vocês não me contam mais nada. — Reclamei, balançando a cabeça. Ela deu de ombros e depois saiu.

Hugo veio até mim e me abraçou por trás.

— Olhando a máquina? — perguntou, virando o rosto em direção a ela. Assenti. — Fazia muito tempo que não a usava. Foi bom ter a experiência de novo.

— Você usou? Posso saber o porquê? — indaguei, curiosa.

— Por nossa causa? — ele retrucou. Depois explicou melhor, rindo. — Você não se lembra, mas estávamos conversando hoje à tarde e depois começamos a nos beijar e empolgamos... Bem, resumindo, o seu pai nos viu. Foi bem constrangedor. — Fiz uma careta, imaginando a situação. Depois Hugo complementou: — Situação consertada! — depois, como num passe de mágica, sua fisionomia mudou, o rosto estava duro. — O que esse cara está fazendo aqui? — perguntou, apontando com a cabeça na direção do pai de Felipe e rugas apareceram em sua testa.

— Você o conhece? — perguntei, curiosa, mas Hugo não respondeu. Repeti a pergunta. — Você o conhece? — ele balançou a cabeça rapidamente, como se tivesse finalmente recobrado a consciência.

— Você não? Ele é um empresário muito famoso, passa direto na tv, ele é dono de várias concessionárias do país.

— Sério? — perguntei, desacreditada. Mas eu não via muita tv, de qualquer forma. — É o pai do Felipe.

— Sério? — ele questionou. Assenti. Depois de alguns minutos, o celular de Hugo tocou. Pela tela vi que era um número desconhecido. — Nanda. — Ele me virou de frente para ele. — Eu tenho que ir.

— Não! — disse, indignada.

— Eu tenho que ir, nos vemos amanhã. Vai ficar tudo bem, confie em mim, por favor. — Não consegui dizer nada. Ele me abraçou e depois de vários segundos me deu um beijo e foi embora.

A garota do tênis brancoWhere stories live. Discover now