Capítulo 24

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Eu estava deitada sobre uma superfície áspera e fria, embora o local também estivesse gélido. Empenhei-me a levantar e analisar o ambiente, com a esperança de encontrar algo ou alguém familiar, mas estava muito escuro e eu não conseguia enxergar nada. Ao pressionar a palma de minhas mãos no chão, senti dores inquietantes em diversas partes do meu corpo. Talvez eu realmente não conseguisse ver, pensei. Havia cacos de vidro sobre a pele da minha perna esquerda e grande parte da minha cabeça encontrava-se em um latejar contínuo. Em outra tentativa falha, não consegui retirar os cacos e a dor aumentou gradativamente. Resolvi, então, esperar ali, o que quer que fosse. Àquela altura, eu já não sabia o que era certo ou errado, quem eu era, nem mesmo lembrava o meu nome, muito menos de como fui chegar ali ou o que "ali" era. Mas de repente, como um sinal, pude ver uma única luz, forte, juntamente com um ruído, que preencheu o mar de silêncios que me envolvia. Era um som conhecido e estava muito distante. À medida que se aproximava de mim, reconheci-o, era o som de passos.

Entrei em desespero, sem poder saber se aquele era um bom sinal, se quem estivesse chegando até mim pudesse me salvar. Então, em uma fração de segundo, os passos cessaram bem próximos da minha face. A pessoa se agachou, obstruindo a passagem da luz e levou a sua mão direita a mim.

Nanda!?! Era a voz de Hugo. Nanda, por favor, fale comigo. Ele suplicava, mas eu não conseguia dizer nada, mal conseguia manter meus olhos abertos. Senti os dedos de Hugo em meu pulso direito e depois no meu pescoço. Depois disso ele expirou de forma brusca, como se até aquele momento estivesse segurando o ar nos pulmões. Senti novamente seus braços, agora ao meu redor, me erguendo do chão. Sorri, ainda de olhos fechados. Era Hugo, me salvando. Depois disso apaguei de vez.

A garota do tênis brancoOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz