Capítulo nove

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Eu sou o ser humano mais burro do planeta terra. Se minha mãe tivesse me visto sair provavelmente diria "leva o casaco porque você vai sentir frio" e advinha? Eu estou congelando!

A praia é realmente bem perto então chegamos rápido. No carro estava calor em meio toda a gritaria, mas foi só eu sair dele que me arrependi de não ter vindo de moletom. Drew por outro lado está de moletom e bermuda. Que ódio!

– Vem! – Ele me chama para irmos para a areia.

– Que tal a gente ficar no carro?

– Mia vem!

– Carro!

– Praia!

– CARRO!

– Pois eu disse PRAIA! – Ele diz e me pega com uma facilidade que sinto como se eu fosse uma pena. Drew me carrega no ombro enquanto eu grito e bato nele. Ele sabe que se alguém ver isso provavelmente vai ligar pra polícia?

Chegamos na areia e aqui o frio está ainda maior. Agora não deu para disfarçar, estou tremendo.

– O que você está fazendo? – Pergunto quando o vejo tirar o moletom.

– Toma, coloca isso, você está tremendo de frio, se ficar doente a culpa vai ser minha.

– Não quero, se não quem fica com frio e doente é você!

– Estou com calor Mia, coloca isso agora! – Acabo cedendo porque estou realmente congelando. Drew não está nem aí, não usa nenhuma roupa por baixo do moletom, nem mesmo uma regata. Meu melhor amigo é definitivamente o cara mais gato que conheço, tento não expressar nenhuma reação quando lembro que a dois meses atrás uma foto dele sem camisa estava no meu papel de parede do telefone. Hoje em dia é estranho pensar nisso. Eu passei de fã para melhor amiga tão rápido e o mais assustador é que não me assustou.

Eu deveria surtar e dizer para todo mundo que sou amiga de Drew Starkey mas na verdade é como se ele fosse um amigo normal, porque ele é. Não preciso ficar postando foto com a Clara toda hora para dizer que somos amigas, não teria motivo de fazer isso com Drew. Sem contar que, se eu postar muita coisa com ele igual faço com meus amigos de vez em quando, vão dizer que só sou amiga dele por interesse, ou melhor, alguns já dizem isso, que posto coisas com ele para ganhar fama, sendo que não postei provavelmente nem três coisas relacionadas a ele.

– Quer entrar na água? – Ele pergunta, me olhando igual uma criança. Se ele vai ser a criança eu serei a mãe responsável. Olho para ele com cara feia e cruzo os braços. Eu estou tremendo! É sério que ele perguntou isso?

– Acho que já sei a resposta. – Conclui o Sherlock Holmes.

O moletom de Drew é quentinho então logo paro de me tremer e decido sentar um pouco mais para perto do mar. A noite está linda.

Poderia passar horas olhando as estrelas, bem, eu faço isso quase sempre. Gosto de olhar para o céu quando não me sinto bem ou quando preciso de alguma resposta.

Quando observo as estrelas, sinto que cada uma está me dizendo um jeito diferente de viver a vida, e aquela mais brilhante, é o meu desejo mais profundo.

Olho para trás e vejo Drew tirando foto de algumas coisas. Ele é realmente bom nisso, tira cada fotografia linda!

Uma das filmagens que meus pais me mostraram de nossa infância, foi feita por Drew. Durante todo o vídeo ele me mostrava. Mostrava eu sorrindo, eu caindo, fazendo besteira, dançando... ele sempre gostou que eu fosse sua modelo, nunca entendi o porquê.

Me deito na areia, fecho os olhos e me permito relaxar, até que escuto um "click" perto de mim e abro os olhos.

– Ah não! – Diz Drew. – Não era para você ter aberto os olhos, ia ficar uma foto tão bonita. Vai, fecha denovo.

– Estou horrível Drew, de jeito nenhum você vai me usar hoje!

– Por favor! – Ele diz fazendo beicinho, sua grande arma secreta. Fecho os olhos novamente e deixo que ele brinque com a câmera.

– Ta, acabei. – Ele diz e decido me sentar.

– Posso ver as fotos?

– Vou revelar as melhores, aí eu te mostro.

– Você não vai revelar foto minha!

– Sim, eu vou sim! – Ele diz vindo para cima de mim e me fazendo cócegas. Que inferno! Ele conhece meus pontos fracos.

Quando estou rindo meus olhos sempre se fecham, e percebo que Drew sabe disso e fez de propósito quando vejo que está tirando mais fotos.

– Apaga! – Minha vez de ir para cima dele. Tento pegar a câmera mas ele só levanta o braço. Dificultando porque mesmo sentados ele ainda é bem mais alto que eu.

– Por que? ficaram lindas!

– Você sabe que odeio meu sorriso. – Digo, agora em pé para tentar pegar a câmera, mas ele decide levantar e continuar com o braço para cima.

– Me da! – Grito fingindo choro.

– EU gosto do seu sorriso, então EU não apagarei as fotos.

– Vou te processar por usar minha imagem! – Digo enfiando os pés na areia e cruzando os braços. Drew olha para baixo para olhar em meus olhos.

– Boa sorte com isso bananinha.

Tento sair correndo mas Drew deixa a câmera na areia e vem atrás de mim. Correr na areia é algo quase impossível! Ainda mais eu que sou sedentária.

Drew é mais rápido e me pega por trás enquanto balanços as pernas no intuito de ficar livre de seus braços.

– Me coloca no chão! – Grito ainda tentando chuta-lo.

– Se você não correr denovo...

– Não vou! – Digo com sinceridade porque já estou sem fôlego para correr.

Ele me coloca no chão e me jogo na areia denovo.

– Sedentária. – Ele diz.

– Vai a merda!

– Vou te levar junto, vai adorar o lugar!

– Idiota. – Digo dando uma leve cotovelada nele enquanto ele se deita ao meu lado na areia.

– Ta vendo aquela lua? – Digo apontando para o céu.

– Que lua? – O cego não enxergou.

– Que brilha lá no céu, se você me pedir eu vou buscar só pra te dar!

– Não entendi.

– Em português tem mais graça.

Ficamos observando o céu por um tempo. Drew finalmente achou a lua. O céu está tão estrelado, nunca tinha visto ele assim antes.

– Olha as três Marias Drew, olha, olha! – Aponto para as estrelinhas.

– Estou vendo Mia. – Ele diz sorrindo.

Só tem a gente ali. É como se estivéssemos em nosso próprio mundo. Não faço ideia de que horas são e nem a quanto tempo estamos deitados observando as estrelas, mas digo tranquilamente que eu poderia morar nesse momento.

Não tenho muitos amigos, mas os que tenho sinto uma grande conexão. Depois que Clara foi para a faculdade, achei que perderíamos isso, mas não, ainda somos conectadas.

Minha conexão com Drew é cem vezes mais forte do que a minha com a Clara. É algo tão intenso que eu não conseguiria descrever em palavras. É raro uma amizade assim hoje em dia.

Só nos damos conta que precisamos ir embora quando vemos que já está quase amanhecendo. Estamos aqui a horas conversando e olhando para o céu, mas a maior parte do tempo apenas ficamos em silêncio, mas não um silêncio chato e constrangedor, mas sim um silêncio bom, aquele que vocês não precisam falar nada porque é como se vocês se comunicassem pela mente.

– Vamos? – Ele levanta tentando tirar toda a areia do corpo.

– Vamos. – Minha vez de fazer o mesmo.

Estacionamos o carro e vamos cada um para um lado. Ele para seu quarto e eu para o meu temporário. Finalmente me sinto cansada para dormir, mas dessa vez não é um peso igual aos outros dias, dessa vez é um cansaço bom.

Paper Rings | Drew StarkeyWhere stories live. Discover now