Capítulo vinte e dois

3.9K 374 320
                                    

Gravei tanta coisa e tirei tanta foto que meu celular quase não tem mais espaço! Vou fazer um diário de viagem.

Não tenho uma opinião exata quando se trata de registrar as coisas. Concordo que tem momentos que não é preciso gravar ou postar, mas também concordo que ter na galeria registrado e sorrir e lembrar o quão incrível aquele momento foi, é essencial. Mas é óbvio que nem tudo é preciso postar. As pessoas invejam.

Minha irmã disse para comprar um cartão de memória no aeroporto mas eu faço questão de ir comprar no Walmart. Não precisei de Vic, Drew, meus pais, NINGUÉM, para me ensinar tudo sobre a gringa. Sempre foi um dos meus sonhos viajar para fora.

Diários de intercâmbio, maratonas de madrugada assistindo vídeos dos Neagle (te amo eagle te amo neox) e horas na Internet coletando o máximo de informações possíveis, foram o suficiente para descobrir quase tudo sobre outros países.

Estamos a caminho do aeroporto, fico observando as pessoas descendo do avião. Observar as pessoas é uma das coisas que eu mais gosto, tentar imaginar como elas são quando ninguém está vendo, qual deve ser sua cor favorita e todas as outras coisas. Clara diz que pareço uma psicopata.

Ainda estou observando as pessoas quando vamos pegar nossas malas. Me segurando para não esbarrar em alguém só para dizer "sorry". Estou impaciente!

– Quer que eu chame um Uber mamãe? – Pergunto. – Você sabe o endereço do condomínio onde os Starkey moram né?

– Primeiramente respira filha – Diz meu pai. – E sim, nós sabemos e já chamamos.

Estranho. Não os vi tocando no telefone em nenhum segundo. Será que chamaram ainda dentro do avião? Não ficaria surpresa.

Tento puxar minha mãe para irmos para fora esperar o carro, mas ela da um tapinha na minha mão.

– Ai! – Digo fazendo drama.

– Espera caramba, imperativa! – Ela diz.

– Quero ir logo! – Falo olhando para ela enquanto seu olhar percorre todo o local.

– Maaaaae! Olha para mim!

– Para com isso! Não vamos agora, olha ali. – Ela aponta para um banco. Tem muito barulho, muita gente, fico perdida e não entendo. Até ver algumas pessoas levantando do banco. Ignoro as outras duas quando meu olhar bate em uma.

Drew.

Quando ele começa a andar mais rápido em nossa direção, largo tudo. Largo a mochila e as malas. Corro. Corro como se minha vida dependesse disso.

Me jogo em seus braços. Fico tonta quando ele me levanta e me gira no ar, mas não me importo. Jogo os braços por trás de seu pescoço e envolvo minhas pernas em volta dele, como uma criança quando os pais pegam no colo. Me seguro nele, não quero que ele vá embora dessa vez.

– Oi. – Ele diz ao meu ouvido. Estou com a cabeça deitada em seu ombro, sentindo o perfume doce no seu pescoço. Ele sabia que eu faria isso! Ele sabe que se eu o abraçasse e sentisse um cheiro forte de perfume, ficaria atacada da alergia.

– Oi! – Minha voz está um pouco abafada.

– Vai me soltar?

– Não.

– Por que?

– Não quero que vá embora dessa vez.

– Eu não vou a lugar nenhum, Mia. – Ele diz me colocando no chão.

Agora corro para abraçar seus pais, também senti falta deles.

– Oi pequenina! – Diz seu pai.

– Oi tio! Oi tia! – Digo sorrindo.

Depois de todo mundo se cumprimentar minha mãe assume que não havia chamado uber porque teríamos carona. Dou em leve tchau para meus pais, pego minhas coisas e vou saltitante ao lado de Drew. Como vou para a casa dele e meus pais e minha irmã vão para a de seus pais, não vamos no mesmo carro.
Drew coloca minhas coisas no porta-malas, o carro dele é lindo.

– Posso dirigir? – Pergunto.

– Ficou doida? Você não sabe andar nem de bicicleta!

– EM MINHA DEFESA

– Em sua defesa...?

– Não tenho defesa – Realmente não sei andar de bicicleta, o que posso dizer? – Mas me deixa dirigir!

– Sua mãe me mataria!

– Ela está aqui? Não a vejo aqui!

– Você não vai dirigir meu carro, Mia, desiste!

– Eu dirigia quando era mais nova, eu sei fazer isso.

– Você não dirigia maluca, você só ia sentada no colo da sua mãe!

– Então eu vou sentada no seu!

Drew fica em silêncio.

Eu fico em silêncio.

– Não cabe nós dois! – Ele diz, enfim.

– Eu ainda vou pegar seu carro e sair por aí de madrugada!

– Eu tranco a porta do seu quarto! – De braços cruzados, sento no banco de carona. Vamos ouvindo minha playlist durante todo o caminho para sua casa. Já anoiteceu e o céu está estupidamente lindo! Abro o vidro e fico debruçada na janela, meu cabelo voando. Quase boto a língua para fora igual um cachorrinho. Observo a rua, as pessoas, o céu estrelado.

Estou aqui, é sério dessa vez. Dezenove anos e sonhos que pretendo lutar para realizá-los.

É agora que começa a segunda temporada da minha vida.

Paper Rings | Drew StarkeyWhere stories live. Discover now