Capítulo vinte e cinco

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Já fazem três dias que Drew vem ensaiando comigo. Minha personagem se chama Cleo, e não sei muito mais sobre ela, aliás, isso é apenas um teste, uma parte do roteiro, eles não podem dizer toda a informação. Conheci os produtores anteontem, assinei um papel lá que Drew explicou que era preciso. Eles me disseram que poderiam me dar mais uma semana para ensaiar se preciso, porque eu não tenho experiência e as outras meninas que fizeram o teste haviam pegado o roteiro a um tempo. Eu só teria três dias. Aceitei os três dias.

Drew quase surtou comigo mas eu não queria mais do que isso. Uma parte de mim queria passar no teste e a outra tinha medo do que aconteceria se eu passasse. Hoje é o dia do teste.

O elenco não está por aqui, diferente de anteontem quando encontrei com eles. Fiquei radiante quando eles lembraram de mim, disseram que Drew fala bastante sobre mim então não é tão fácil assim esquecer. Eles são legais, deve ser incrível trabalhar com eles.

Eu e Drew não falamos uma palavra no caminho ao estúdio. Meus pais não fazem ideia do que ando fazendo. Acho que só irei começar a viver aqui de verdade, quando eles forem embora.

Na sala de espera, algumas pessoas tiram foto com Drew. Tem várias para vários testes, ele me disse.

Minhas mãos estão suando, minha perna não para de balançar. Sinto o ar dos meus pulmões indo embora, minha cabeça começa a girar. Estou nervosa pra cacete. Drew percebe e se senta ao meu lado, me entrega uma copo d'agua.

– Fica calma. – Ele diz.

– Sim só porque você disse para eu ficar calma eu ficarei calma.

– Desculpa, foi idiotice falar isso. É só que não tem porque ficar nervosa, você vai se dar bem.

– É, e se eu me der bem, você ganha o acordo, e eu odeio perder. Mas, se eu me der mal, vou para um lugar que não quero ir, e nós dois perdemos.

– Então você quer ganhar? Admite que não quer ir para a faculdade de direito?

– É.

– Então por que fez parecer que queria?

– Porque eu vou por causa dos meus pais, mas se eu não for, posso dizer que foi uma aposta e eu perdi para você.

– Isso não funcionaria.

– Eu sei, mas eu pensaria em algo melhor depois. Porém esse é meio que um plano B, sei que não vou passar no teste.

– Você deveria confiar mais em si mesma.

Todos que estavam naquela sala foram fazer o teste. Fiquei por último. Cumprimento todos quando entro na sala de teste, Drew se senta em uma cadeira ao lado de um cara que não havia visto antes.

– Miriam... Hart. Estou certo? – O cara desconhecido pergunta.

– Sim, senhor.

– Quantos anos você tem Mia?

– Dezenove. – Tento parecer confiante em cada palavra que digo.

– Trabalha em algo?

– Tenho uma lojinha online mas no momento estou desempregada.

– Estuda?

– Terminei a escola ano passado. Vim morar aqui para estudar.

– E de onde você é?

– Brasil. – Quando digo isso o queixo do cara vai ao chão. Fico meio perdida mas vejo Drew sorrindo. Ele não me contou nada sobre isso.

– BRASILEIRA!? – Ele diz em português para o meu espanto.

– Sim, senhor. – Respondo em português e sorrindo. Muito bom encontrar alguém que entenda minha língua. Ele se levanta para apertar minha mão.

– De onde você é?

– Rio de Janeiro.

– Carioca ainda por cima!? Meus votos são todos em você! Muito prazer, Mia, sou um dos produtores da série e me chamo Jonathan, mas todo mundo me chama de John.

– Muito prazer, John. – Digo apertando a mão dele. Ele volta para seu lugar.

– Veio fazer teste para a Cleo, certo? – Pergunta outro homem. Não lembro seu nome.

– Exatamente. – Fico triste por ter que voltar a falar em inglês. É ótimo quando posso falar minha própria língua.

– Tudo bem, pode começar, estamos com o roteiro em mãos te acompanhando. – Ele diz e então todos os olhares estão vidrados em mim.

Eu sei fazer isso, não me importo quando me olham. Não preciso fingir que sou confiante, eu estou em um palco se parar para analisar, e eles são a minha plateia.

Quando começo as falas, em menos de dois minutos, os vejo cochichando. Drew está envolvido. Não sei se devo parar ou continuar, mas continuo. Um tempo depois, John me manda parar.

– Oh, desculpa, fiz algo errado? – Pergunto meio nervosa.

– Não mesmo querida. – Diz John.

– Queríamos que você fizesse um teste para outra personagem, se você quiser. – Diz outro homem.

– Como assim? – Estou genuinamente confusa.

– Sei que você não teve tempo, mas pode fazer lendo o roteiro, ou amanhã você vem e faz. Mas realmente gostaríamos que você fizesse essa outra personagem.

Minha mente me trai me lembrando de que "quem sabe, faz ao vivo". Aceito fazer na hora.

– Faço agora mesmo se quiserem, só gostaria de poder saber um pouco mais sobre a personagem.

– Resumindo, uma garota que vai estar envolvida com Rafe Cameron. – Diz John.

– Rafe? Ele vai ter um par nessa temporada?

– Se você for bem no teste, logo irá descobrir. – Ele conclui sorrindo.

Pego o roteiro e dou uma lida antes de começar. Os vejo conversando, inclusive com Drew, e rindo também. Sei que talvez não seja sobre mim, mas minhas paranoias acham que estão rindo de mim, preciso fazer isso direito. Quero ganhar um elogio, quero passar nessa merda.

– Estou pronta. – Anuncio.

– Então pode começar. – Responde John.

Coloco o roteiro no chão para ter minhas mãos livres. Todos estão concentrados em mim, estou tendo a atenção que tanto amo receber. Não gaguejo nem um pouco, não travo, não peço para refazer e ninguém me manda parar dessa vez. A cada fala me apaixono um pouquinho pela personagem. Eu quero isso, eu quero que meus pais se danem, eu quero esse papel.

Quando termino, vejo todos na mesa sorrindo, e Drew me aplaudindo. Volto a me sentir tímida, porém orgulhosa.

– Uau! – Exclama John. – Isso foi muito bom, Mia.

– Eu disse que a minha garota era boa! – Diz Drew. Orgulhoso de mim.

– Obrigada. – Agradeço fazendo um pequeno gesto com a cabeça.

– Bom, entraremos em contato, ainda essa semana, caso você tenha passado, fique atenta. – Diz outro homem. Já sei que vou ficar ansiosa o resto da semana inteira.

– Tudo bem, obrigada. – Digo e Drew se levanta para irmos embora. Se despede de todo mundo, quando me encontra já estou chegando no carro.

– Ei! – Ele diz correndo em minha direção. – Fugiu?

– Precisava tomar um ar.

– Você foi incrível princesa! Mostrou para eles que quem sabe faz ao vivo!

– É, acho que sim.

– Você vai passar! Eu sei que vai. Se eles não te passarem, vão ter que se ver comigo!

– Ta. Agora me leva para tomar sorvete.

– Seu pedido é uma ordem! – Ele diz abrindo a porta do carro. No caminho para a sorveteria, me conta como é trabalhar no set. Me explica várias coisas como se eu já tivesse passado. Ele está mais ansioso que eu.

Paper Rings | Drew StarkeyWhere stories live. Discover now