Capítulo trinta e dois

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As vezes é quase impossível viver sendo uma pessoa paranoica. Tudo está muito bem, até uma voz no fundo da sua cabeça começar a falar o que não deve. É cansativo demais.

Hoje as gravações acabaram muito mais cedo, ou seja, tenho o finalzinho de tarde e a noite toda livre porque amanhã é domingo. As vezes, até aos domingos nós gravamos algo, então agradeço por esse que estarei livre. Eu nunca me senti tão feliz em toda a minha vida, de verdade.

Moro com o meu melhor amigo, saio com um menino legal, tenho amigos incríveis que nunca imaginei que teria, meus pais não me pertubam tanto igual antes e pela primeira vez na vida eu estou fazendo algo que eu quero, uma coisa que eu amo. Não imaginei que gostaria tanto de atuar, até eu começar. Quando eu estava bêbada, disse que iria para a faculdade de artes é que ja estava decidida. Pois agora, extremamente sóbria, eu digo que continuo com a mesma meta.

Assim que chegamos em casa, eu e Drew começamos a discutir e correr para ver quem chega no banheiro dele primeiro. Eu ganhei, eu tomo banho lá e o Drew no outro. Corro de tudo a minha vida inteira e Drew realmente acha que um dia vai ganhar uma corrida até o banheiro.

Depois de um delicioso banho (juro, me sinto até mais leve), Drew se joga no sofá e eu, entediada, vou andar de Skate.

– To saindo. – Anuncio.

– Vou dormir, leva a chave. – Ele diz fechando os olhos e jogando a chave na minha direção.

Hoje Bryan disse que iria na festinha de aniversário da irmãzinha dele. As vozes na minha cabeça dizem outra coisa. Não estamos namorando nem nada, ou seja, ele não me deve satisfações, mas por pura insegurança, decido passar em frente a sua casa para ver se ele realmente foi. Me sinto um pouco mal de fazer isso, mas eu meio que preciso para conseguir dormir em paz.

Quando paro o skate para ir tocar a campainha, não é preciso. Vejo uma menina ruiva linda e quase nua, fechando as cortinas da janela de seu quarto, no segundo andar, enquanto ele beija o pescoço dela. Fico meio em choque, mas não tanto.

Eu deveria gritar não deveria? Por que não sinto vontade de ir lá e acabar com tudo?

Ele era bom demais, tinha algo errado. Se eu gostava dele, por quê isso não me afetou tanto? Por que eu sempre espero que as pessoas me ferrem?

Subo no skate para voltar para ir embora, não vai adiantar nada ficar parada aqui. Abro a porta de casa e subo correndo para o meu quarto. Fecho a porta, sento encostada nela e começo a chorar.

Mil perguntas se passam pela a minha cabeça, aconteceu tudo muito rápido. Por que estou chorando? Por que não me sinto tão mal por tecnicamente ter sido traída? Por que eu não consegui gostar de Bryan? Por que eu me esforcei tanto para gostar dele? Por que eu ainda preciso tanto que meus pais me aprovem? Por que eu penso mais no meu melhor amigo do que deveria?

Eu odeio dúvidas. Odeio ser o tipo de pessoa indecisa, e as pessoas também odeiam pessoas assim. Por isso nunca tive tantos amigos, sempre fui chata, estressada, intensa, lerda, feia, indecisa e infantil. É por isso que preciso tanto de meus pais, porque eu não consigo crescer.

Ouço batidas na porta.

– Agora não, Drew. – Tento dizer segurando para não soluçar.

– Me deixa entrar, Mia, por favor! O que houve? – Fico em silêncio e ele bate denovo na porta. Se fosse em outra dia, em outra ocasião, eu não abriria. Mas eu preciso muito de um abraço.

Abro a porta e desabo de chorar nos braços de Drew. Ele faz carinho na minha cabeça e não fala nada. Eu só consigo chorar, chorar e chorar. Drew continua intacto, me aturando, cuidando de mim. Ainda chorando de soluçar, eu me afasto e começo a contar tudo.

Paper Rings | Drew StarkeyDove le storie prendono vita. Scoprilo ora