Capítulo trinta e quatro

3.8K 349 238
                                    

Uma coisa sobre trabalhar como atriz: cansa! DEMAIS!

Mas é um cansaço tão bom, sabe? Eu estou fazendo algo que eu gosto, com pessoas que eu gosto e recebendo apoio e dinheiro por isso. Não tem como estar triste! A parte chata de isso tudo é eu não poder passar o dia todo com a Star, a gi, que é a moça que cuida lá de casa, toma conta da star direitinho, mas eu sinto falta dela o dia todo.

Ela já não anda mais caindo, e começou a destruir alguns brinquedos. Ah, eles crescem tão rápido! Daqui a um mês e meio vou para a faculdade, daqui a duas semanas acabam as gravações e a minha vida está perfeita! Ou pelo menos quase.

Depois de tudo o que rolou com o Bryan, bloqueei ele em tudo e fingi que nunca aconteceu. Se não lembro, não fiz. Mas esqueci que somos do mesmo condomínio. Esses dias o cafajeste foi lá em casa e Drew quase comeu ele na porrada. Eu disse que não tínhamos nada mas seja lá o que aquilo fosse, acabaria ali, não queria mais vê-lo. Ele disse que não dava a mínima, que eu sou maluca e nós não namoravamos. Disse que tinha ficado comigo porque sabia da minha fama e com a minha entrada em obx eu ganharia dinheiro pra caraca, e ele tinha interesse nisso.

Literalmente nada daquilo me afetou, acontece que ele era o famoso "nice guy" e eu me livrei de uma boa! Segurei Drew para não cair a mão na cara dele, e ele recuou.

Hoje, quando chegamos em casa, meus pais disseram que queriam conversar comigo. Entrei em pânico. No momento estou esperando na sala eles me ligarem pelo Skype. Drew está fazendo miojo para nós dois. Definitivamente precisamos nos alimentar melhor.

Meus pais ligam.

– Ooi! Que saudades! – Digo ignorando o nervosismo.

– Boa noite filha! Também estamos com saudades. – Meu pai parece tranquilo demais, esperava ganhar uma bronca.

– Boa noite filha, vamos direto ao ponto. – Minha mãe também parece calma, porém mais rígida.

– Oi tia! Oi tio! – Drew aparece rapidinho para cumprimentá-los. Eles respondem um breve "oi" e Drew volta para a cozinha.

– Podem falar, estou ouvindo. – Falo de uma vez para ficar livre disso.

– Apenas uma pergunta. Por que nós, seus pais, não estávamos sabendo que você entrou em uma série? – Quando minha mãe diz aquelas palavras o meu cérebro trava. Deu tela azul total socorro!

– E-eu – Gaguejo. – Eu ia contar, eu só...não arrumei tempo, eu acho. Não sabia qual seria a reação de vocês. – Drew está encostado na bancada me olhando, torcendo por mim.

– Nossa reação? – Meus pais perguntam juntos.

– Mãe, pai, eu amo vocês, eu realmente amo. Mas eu não queria decepciona-los por não querer o mesmo que vocês e minha irmã. Eu entrei em obx porque eu quis, porque eu gosto e quero continuar a fazer mais coisas depois disso. Não entrei na faculdade de direito, mas sim na de artes que o papai riu, é o que eu gosto e não posso pedir desculpas por isso, se vocês me amam, vão entender. – Falo tão rápido que quando termino tenho que recuperar o fôlego. Drew começa a bater palma e eu arregalo os olhos na direção dele, e ele para. Meus pais ficam quietos.

– Filha – Diz minha mãe. Está sorrindo e segurando a mão de meu pai. – Não vou mentir para você, adoraríamos que entrasse em uma faculdade que já temos um conhecimento, que podemos te ajudar. Mas nunca iríamos atrapalhar seu sonho meu amor, pedimos perdão se um dia pareceu que não iríamos te apoiar, nós SEMPRE vamos apoiar você princesa. – Começo a chorar.

– Não precisa chorar Mimi – Interrompe meu pai. – Você poderia ter dito antes! Nós estamos aqui para qualquer coisa, tudo o que precisar.

– Obrigada. – É a única coisa que sei dizer.

– Ok! Agora conta para gente como estão as gravações! E como é sua personagem? – Minha irmã interrompe a chamada.

Começo a contar tudo. Como Drew me convenceu a fazer o teste, como é minha personagem, sobre os passeios com o elenco. Exceto as besteiras que fiz, mas minha mãe ficou agitada quando eu disse que fiquei bêbada.

– Como assim sua personagem faz par romântico com o personagem do Drew!? – Minha mãe pergunta agitada.

– Como assim bêbada? Drew tomou conta de você? – Pergunta meu pai. Drew se joga ao meu lado.

– Tomei sim, tio! Pode ficar tranquilo! – Ele diz.

– VOCÊS TEM CENA DE BEIJO? – Grita minha irmã. Eu vou matar essa garota. Os olhos da minha mãe brilham e eu e Drew ficamos em silêncio. Meu pai olha diretamente para Drew como se quisesse matá-lo.

– Você se liga hein Starkey! – Ele diz.

– Cala a boca Bruno, espero pra ver esses dois juntos desde que eram minúsculos! – Minhas bochechas coram assim que minha mãe diz isso. Tadinha.

– Tecnicamente ela ainda é né tia!? – Diz Drew.

– Você se liga hein Starkey! – Copio a fala de meu pai. Ficamos ali um tempo conversando e me sinto extremamente aliviada por saber que eles me apoiam. Por que eu senti tanto medo? Eu já nem me lembro mais. Sentados no chão comendo, Drew me fala:

– Tô orgulhoso demais de você, sabia?

– Como assim?

– Ver o quanto que você amadureceu e está amadurecendo. Mesmo com medo, contou tudo aos seus pais.

– E eles me apoiaram! Não é incrível!?

– Demais! Agora você não tem mais com o que se preocupar.

– Você que pensa.

– Como assim?

– Tenho trezentas coisas para me preocupar, Drew! Eu vou para a faculdade!

– Vou ter que lidar com um bando de garotos ou garotas vindo aqui o tempo inteiro te chamando para sair?

– Provavelmente.

– Por favor, não!

– Lide com isso irmãozinho! – Nós rimos e voltamos a comer.

Na hora de dormir, não consigo. Minha cabeça não para de pensar, não para de pensar em Drew. Não estou cem por cento preocupada com a faculdade, só vou deixar rolar, sabe? Não tenho perguntas. As gravações acabando, vou ter mais tempo para outras coisas. Não tenho namorado, Bryan está bem longe de mim e não tenho mais motivos para me preocupar com meus pais

O que sobra? Drew. Sobra ele, a única pergunta que não tenho resposta.

Já tem um tempo que tento afastar esse pensamentos e guardá-los em um canto bem escuro do meu cérebro. Tento não pensar na possibilidade de que talvez eu possa um dia gostar dele. Ou que já goste.

Me chamam de indecisa, e não estão errados. Mas eu, eu não sei. Seria tão impossível assim ele imaginar nós dois juntos? Seria estranho se eu conversasse sobre isso com ele? Posso usar uma outra situação, sabe? Como se não tivesse falando dele! Seria uma boa ideia, eu acho.

Eu só gostei de um garoto em minha vida toda, e não era como Drew. Ele fazia eu me sentir bem, mas Drew faz eu me sentir incrível. Ele me chamava de linda, Drew me chama de princesa e me trata como uma. Mas, e se eu conversasse com ele e depois descobrisse que não gosto dele? Como ficaria a nossa amizade? Como nós dois ficaríamos. Ótimo, agora estou chorando.

Por que é tão difícil eu assumir algo que sinto? Por que minha mente não permite eu me apaixonar por Drew? Meu coração está quase gritando comigo, mas não consigo ouvi-lo. Sinto que Drew é bom demais para mim, e que merece alguém melhor porque eu não sou nada e não tenho nada a oferecer a ele. Odeio me vitimizar, mas a diferença entre nós dois é enorme.

Ele é incrível. Eu? Sou apenas eu. Não tenho graça alguma! Talvez seja por isso que ele só me vê como uma irmãzinha. São três horas da manhã e eu estou chorando de soluçar por estar me apaixonando pelo meu melhor amigo. E é triste, porque eu sei que não é recíproco.

Talvez eu esteja destinada a ser apenas a melhor amiga de Drew Starkey.

Paper Rings | Drew StarkeyWhere stories live. Discover now