3 | Toque

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Octavia acordou horas depois, com o sol invadindo as grandes paredes de vidro que ainda protegiam a enorme sala onde havia dormido. Sentou-se no sofá e correu os olhos pela sala, notando a lareira ainda queimando e a coberta sobre seu corpo, mas o homem que havia lhe surpreendido na noite anterior, não estava ali. Ela tirou a luva da mão direita e tocou a manta, absorvendo as lembranças da noite passada, de como havia pegado no sono rapidamente e Carlisle havia lhe coberto, ficando a noite inteira lhe observando dormir, sem descansar um minuto que fosse. Ela corou com aquilo, com a forma que ele lhe observava e soltou a manta, voltando a vestir a luva. Prendeu os cabelos num rabo de cavalo e deixou a sala, buscando pelo dono daquele lugar, tomando cuidado para não pisar em nenhuma tábua solta e aproveitando para verificar a estrutura da casa, cuidando para que nada ali caísse sobre si.

Sentiu um cheiro doce e imaginou estar vindo da cozinha, então seguiu até lá, onde encontrou o homem de cabelos dourados ajeitando uma mesa de café improvisada e foi quando ele notou a presença da mulher na cozinha, erguendo o olhar para ela. Foi a primeira vez que Octavia pode notar os olhos dele, tinham uma cor que ela nunca viu na vida, dourados e intensos. E ela se perdeu ali por alguns segundos. Carlisle transmitia tranquilidade, de uma forma serena e gentil. Ele sorriu ao vê-la, de um jeito que ela não foi capaz de não retribuir.

- Você acordou cedo. - Ela jogou verde.

- Eu não dormi, então saí cedo para comprar algumas coisas que pudesse comer. - E ele não havia mentido, nem mesmo Carlisle soube por que não mentiu, ele apenas foi sincero com aquela mulher que tanto o intrigava.

- Não precisava se preocupar, acho que já abusei demais da sua hospitalidade, primeiro invadi sua casa, dormi no seu sofá e agora você preparou café para mim. - Ele sorriu e ela sentiu a face esquentar um pouco, não sabia explicar a razão de se sentir tão afetada na presença dele, talvez o fato de nunca ter visto alguém tão belo como ele na vida.

- Não é incômodo nenhum, senhorita Heroux, muito pelo contrário, acho que temos muito que tratar, já que quero lhe contratar para reformar minha casa. - Ela seguiu até o balcão onde ele estava, sentando-se no banco alto, sem conseguir esconder o sorriso nos lábios, empolgada ao ouvir aquelas palavras. Ela tinha tantas ideias. E a face de Carlisle se iluminou ao ver como ela parecia empolgada com a ideia. - Mas antes, coma, por favor.

E ela concordou, aceitando a xícara de café que ele lhe oferecia, tomando um gole com cuidado. Carlisle mantinha uma em mãos, fingindo tomar alguns goles enquanto a observava comer algumas torradas. Ele observava cada mínimo detalhe daquela a sua frente, o fato dela não teme-lo, de ter dormido tão rapidamente na presença dele, sem medo que ele pudesse lhe fazer mal, as maneira como ela sorria e como sua pele ganhava um tom levemente avermelhado e as luvas, que nem mesmo para comer ela havia tirado, ah sim, ele estava completamente curioso e podia-se dizer que até mesmo encantado por aquela figura pequena em sua cozinha e só havia se sentido assim por uma pessoa. Octavia terminou seu café e pulou do banco alto, mas Carlisle não permitiu que ela tirasse as coisas do balcão, pediu que ela o esperasse na sala, enquanto ele mesmo terminava de ajeitar as coisas por ali. E ela o fez, seguindo até a sala, mas não demorou muito para ele se juntar a ela. A jovem sentou-se no sofá, pegando o iPad em sua mochila e abrindo uma folha em branco para fazer alguns croquis, tirando as luvas com cuidado para não tocar nada que não fosse o tablete e a caneta dele, Carlisle sentou-se a sua frente, observando aquilo com curiosidade.

- Você gostaria de mudar alguma coisa na casa?

- Um quarto a mais seria bom, agora tenho uma neta. - Aquela afirmação fez a loira arregalar os olhos e o encarar confusa. - Não uma neta de sangue, não teria idade para isso.

Ele sorriu e Octavia ainda estava sem entender, ainda o observava. Ele teria o que? Não aparentava mais de vinte e cinco anos. Ele notou a confusão no olhar dela e sentou-se mais para frente na poltrona, podendo manter o olhar dela com firmeza.

Lua de Sangue || C. CullenWhere stories live. Discover now