24 | Mordida

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- Você não pode fazer isso.

- Tavia, por favor. - Phillipa segurava as mãos da recém transformada de forma carinhosa, tentando demonstrar o quanto estava certa de sua decisão. - Marcus é meu parceiro.

- Sabe o quanto isso é nojento? - Rosalie não conseguia conter a careta ao ouvir aquelas palavras, andando de um lado para o outro.

- Rose. - Carlisle por outro lado entendia o que Phillipa estava sentindo e tentava amenizar a situação.

- Ela diz a verdade, eu vejo os laços, as ligações e possíveis futuros, nenhum deles resulta na morte de Phillipa. - Alice aparentava estar aliviada, mas Octavia não gostava daquilo.

- Aro matou a ex esposa de Marcus, que por sinal era irmã dele.

- Fez isso por controle.

- Por que não faria de novo?

- Ele não vai mexer com parceria. - Dessa vez Carlisle se colocou ao lado da esposa. - Matar a irmã e matar Esme foram ações diferentes e ele sabia disso, Aro é inteligente, ele vê muito além e sabe dos laços de parceria. Matar uma parceira é quase um ato de guerra, até mesmo entre eles, que são como irmãos.

- Mas Carlisle. - Octavia tentava buscar maneiras de mudar aquela situação.

- Tavia, eu quero ir.

E ali estava o encerramento da conversa, não havia nada mais que Octavia pudesse dizer e ela mesma sabia disso. Ela antes podia não acreditar nesse laço de parceria, mas agora que fazia parte desse mundo, que Carlisle era seu sol, sua gravidade, ela não conseguia se imaginar vivendo sem ele, conseguia entender Phillipa e o quão difícil deveria ser para ela.

Sentiu as mãos do marido em seus ombros e desejou poder chorar, só que não haviam mais lágrimas em seu corpo, era um cadáver. Uma sombra do que havia sido um dia e isso ainda lhe causava uma sensação estranha no fim das contas.

Tocou a mão do marido, ainda se acostumando com a leveza do toque igual, sem o choque de temperatura, sem a rigidez de sua pele forte e baixou o olhar, não era capaz de encarar Phillipa.

- Acho que Alice pode lhe ajudar com as malas. - Foi tudo que conseguiu dizer e pela primeira vez a família conseguia olhar para Octavia e ver uma matriarca.

Soltando a mão do esposo deixou a sala, seguindo para cozinha, mesmo sabendo que todos podiam ouvir seus passos, queria deixar claro que nesse momento desejava ficar sozinha. Só que havia uma figura dentre eles que não estava disposta a obedecer. Renesme afastou-se de Jacob e acompanhou a avó, seguindo-a até o balcão de mármore e sentando-se ao seu lado no banco alto.

Renesme pegou sua mão sobre o balcão e foi a primeira vez que pode prestar atenção no toque vivo, em como era diferente. Em como a pele da híbrida era macia, quente e aparentemente sensível. Era reconfortante, como se lhe transmitisse uma paz da qual nunca fosse capaz de encontrar em outro lugar e sentiu suas barreiras sendo abaixadas. Renesme liberou a mente, mostrando para a nova integrante da família como foi sua criação, desde quando se entendeu por gente ainda no ventre da mãe e tudo que teve que enfrentar com os Volturi.

Como havia sido dolorido ver a morte de Esme e mesmo sem poder assumir para o restante da família carregar aquela dor, pois Esme havia morrido por ela. Renesme lhe mostrou tudo e quando finalmente parou foi a vez de Octavia que pela primeira vez se permitiu abrir o coração e mostrar para alguém tudo que já havia vivido, cada detalhe e até mesmo o encontro com Esme, a escolha que Esme havia feito e que não era culpa da híbrida ali presente.

Era uma conversa particular, uma conversa que nem mesmo se Edward quisesse poderia ouvir. Era um momento tão particular e protegido por Octavia que foi como se as duas se conhecessem desde o nascimento de Renesme. Foi nesse momento que a híbrida dizia, que ela reconhecia Octavia como parte da família, como sua avó. E finamente Octavia se sentia completa. Depois de tantos anos, finamente ela entendia que tinha uma família. Que estava finamente pronta para seguir em frente.

Lua de Sangue || C. CullenWhere stories live. Discover now