10 | Humana

714 74 12
                                    

Não demorou muito para a febre de Octavia baixar, para sua respiração normalizar e a cor voltar aos seus lábios e Carlisle a manteve deitada em seu peito por um longo tempo, acariciando seus cabelos, apenas se certificando que ela ainda estava ali, repassando aquelas palavras que o atormentavam, de uma maneira que ele não conseguia manter o controle. Ele sentia raiva, um sentimento que não fazia parte dele há tanto tempo. Só que naquele momento, ele sentia como se tudo conspirasse contra ele, como quando ele foi transformado, quando ele se viu sendo aquilo que foi criado para caçar e destruir. Ele se via de mãos atadas e sem encontrar uma saída. Pois no fundo ele entendia o que Octavia queria dizer, seu dom era poderoso demais para uma humana e o que aconteceria caso ela fosse transformada? Se ela já tinha que se cobrir e evitar tocar em tudo sendo humana, como seria como vampira? Aquilo não seria uma vida, seria uma tortura. Ele entendia a razão dela não aceitar a transformação como uma opção, ele mesmo jamais veria aquilo como uma opção. Sendo que, se fosse para viver ao lado dela pela eternidade, talvez ele aceitasse se tornar um monstro novamente, apenas por ela.


Com cuidado, ele a tirou de seus braços de torno do corpo pequeno vendo-a fazer uma careta e abraçar o travesseiro e um sorriso triste se formou nos lábios do vampiro, que ficou ali, ao lado da cama observando-a por mais alguns minutos. Ele queria ficar ali, não queria deixá-la, mas sabia que naquele momento, sua família precisava de explicações e ele precisava deles. Ajeitou a coberta de forma protetora e colocou a mão na testa da mulher, apenas para ter certeza que a temperatura dela estava controlada e ajeitando o cabelo com delicadeza na lateral de seu rosto sereno, afastou-se, deixando o quarto no meio da escuridão e em poucos segundos estava em seu próprio chalé, que não era surpresa para Carlisle que todos estivessem lá, imóveis e silenciosos. 


Alice estava na cama, abraçada com Jasper e tinha uma expressão triste, melancólica e dolorida, assim como Jasper, que sofria por Alice. Rosalie estava sentada entre as pernas do marido, num canto do quarto no chão, enquanto ele lhe dava beijos na têmpora, de forma carinhosa, enquanto a loira mantinha os olhos fechados aproveitando aquele carinho, mas seu semblante era pesado, triste e aquilo surpreendia Carlisle, pois Rosalie odiava humanos. Edward e Bella estavam nas poltrona de canto, com as mãos entrelaçadas sobre a mesa de estudos do médico, eles se encaravam, mas não diziam uma palavra. Bella tinha aquele olhar doce e quando Carlisle entrou, foi ela que se levantou, seguindo até ele, o abraçando. Bella era altruísta e ele sabia, que se dependesse dela, ela daria a vida para vê-lo sorrir. E ele sorriu, beijando o topo da cabeça da mais nova da família, que se afastou um pouco, mas ainda se manteve abraçada com o mais velho.


- Ela vai morrer. - Rosalie nunca foi do tipo medir as palavras e ela não parecia começar agora e notou o olhar áspero de Edward sobre ela. - E pelo jeito não faremos nada.


- O que podemos fazer? - Carlisle questionou, sem forças. - É uma escolha dela, você melhor do que ninguém sabe disso, Rosalie.


E novamente todos caíram em silêncio, era verdade, Rosalie sabia que Carlisle tinha razão, ela mesma se tivesse escolha jamais teria se tornado vampira e não julgava Octavia por fazer aquela escolha. Ela odiava ser vampira, odiava ser aquele monstro, mas por alguma razão, ela queria que Octavia se juntasse a família, ela queria que Carlisle tivesse uma chance de ser feliz, de seguir em frente, de ter uma parceira, da família estar completa novamente e todos aqueles pensamentos confusos vindo de Rosalie deixavam Edward ainda pior, pois no fundo ele ainda se sentia culpado pelo que havia acontecido com Esme, mesmo que ela tivesse escolhido aquilo, pois quando Aro deu a opção de alguém morrer no lugar de Renesmee, a matriarca não pensou duas vezes, aceitou aquele destino, por amor a família. Edward jamais se perdoaria por isso, mesmo que ninguém ali o culpasse, todos entendiam, Esme era movida pela família, pelo amor e ela escolheria a família acima de tudo.

Lua de Sangue || C. CullenWhere stories live. Discover now