Lua de Sangue || C. Cullen

25 | A estranha

Octavia não conseguia deixar o leito da garota, que ela sabia se chamar Riley Edevane, não morava em Internacional Falls, estava hospedada em uma das Cabanas de Kai e veio para cidade apenas para fazer uma trilha pelas montanhas quando se perdeu. Só que havia se encontrado com o grupo dos Volturi e eles a haviam jogado do penhasco, acreditando que ela não sobreviveria. Riley lutou pela vida, lutou muito. E Octavia conseguia sentir as dores dela, as dores da queda, dos ossos quebrados e da angústia da certeza de que iria morrer.

Ainda não sabia o que havia lhe motivado a salvar aquela garota, não havia descumprido nenhuma regra, ela não era uma criança, tinha já seus dezoito anos, estava a beira da morte e fez sua escolha, assim como Carlisle havia escolhido salvar Rose e Edward. Só não conseguia dar uma resposta sobre essa escolha. Quando seguiu o cheiro do sangue, tudo que conseguia pensar era em se alimentar, mas quando localizou a figura inconsciente, ouvindo os batimentos tão fracos, apenas pensou em salvá-la.

Sabia que deveriam passar os mais diversos pensamentos entre sua família, mas ninguém ousava dizer nada. Ouvia os passos na sala ao lado, estavam tão impacientes quanto ela, mas apenas Carlisle permanecia ao seu lado, no quarto onde havia sido improvisado um hospital, que primeiro havia sido usado para sua recuperação.

A garota de pele escura estava pálida, frágil e suas feições apresentavam dor. Seus cabelos cheios haviam sido trancados por Rosalie, lhe dando uma aparência mais suave e menos selvagem, diferente de como lhe encontraram.

- O que eu fiz? - O choque finalmente parecia estar se dissipando, Carlisle percebia, eram as primeiras palavras de Octavia desde o acontecimento. - Eu não lhe dei escolha.

- Você a salvou.

- E se ela não quisesse ser salva? Rosalie não queria.

- Não pense desse jeito. - Carlisle sentia a dor da esposa e aproximou-se apertando-lhe o ombro com carinho. - Eu teria feito a mesma escolha.

- Eu estraguei tudo.

- Não, você foi humana, apenas trouxe mais um membro pra nossa família, caso ela deseje ficar.

Octavia desejava chorar, era uma das diversas coisas que ela estranhava em ser o que era. Chorar. Sentia o nó na garganta, mas era como se houvesse um grande vazio em seu peito. Como se não fosse capaz de expressar seus sentimentos, como se não fosse capaz de eliminar sua dor. Se perguntava se os anos lhe ajudaria a se acostumar com isso, pois mesmo com as lembranças da família, não tinha essa resposta.

E Carlisle não precisava de muito para saber o que se passava na mente da esposa, ele sentia sua dor. Ele sentia o quanto era difícil para ela, pois as vezes era fácil se esquecer que ela ainda era uma recém criada, mas bastava olhar seus olhos avermelhados para retornar a essa realidade. Haviam pontos dourados ali, mas ela ainda era uma criança perto de todos eles. Ela ainda tinha muito que aprender, muito que sentir e dominar, mesmo que já estivesse se superando.

O cheiro anunciou a chegada, antes mesmo que Edward batesse a porta e adentrasse ao quarto. Ele não demonstrava preocupação em seu semblante, mas no fundo Carlisle que o conhecia melhor do que ninguém sabia que algo estava errado.

- O transformista está aqui, o Haukea. - Octavia virou-se para observar Edward, esperando uma resposta. - Deseja falar com vocês, sobre ela.

A confusão estava estampada na face da arquiteta, que colocou-se de pé, parando diante do marido, que já esperava por aquela visita. Haviam regras na cidade e Octavia havia quebrado. A transformação de Octavia foi permitia por Kai, o alfa, pois ela estava a beira da morte e ele a protegia, mas a garota deitada diante deles, não havia entrado no acordo, era uma quebra de aliança.