20 | Dom

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- Os Volturi vão chegar em pouco tempo, Marcus convenceu Aro e Caius que deveriam nos dar um tempo, pelo menos até Octavia se adaptar com as novidades. - Alice tinha acabado de ter uma visão, sobre a decisão dos Volturi e todos os olhares caíram sobre ela.

- E o que iremos fazer? - Bella que estava sentada no braço do sofá, imóvel como uma estatua de mármore, finalmente se permitiu falar.

- Eles querem saber o quanto o dom de Octavia mudou, se melhorou ou não, esse é o interesse de Aro sobre ela. - Edward disse aquilo que Alice estava escondendo, mas ele sabia que não era hora para esconder nada da família.

- Então está na hora de descobrir o que mudou. - Ninguém esperava aquilo, mas Octavia se dirigiu ao meio da sala, tirando as luvas das mãos.

O silêncio recaiu sobre eles, era como se ninguém tivesse coragem de dizer uma única palavras, todos os olhares estavam naquela que havia acabado de se juntar a família. Era como se todos ali estivesse com medo do resultado daquelas ações, do que aquilo poderia resultar. Só que não havia como adiar por tanto tempo assim. Carlisle seguiu até a parceira, tocando-lhe a lombar com tanta delicadeza, que poderia se imaginar o toque dele ali.

- Pode testar comigo. - A voz de Jasper quebrou o silêncio e os olhares se caíram sobre ele, pois Octavia conhecia a história de Jasper pela visão de Alice.

- Antes de tentar, vamos primeiro passar algumas dicas? Que nem foi feito comigo? - Bella parecia levemente desesperada.

- Que tipo de dicas? O que estamos esperando afinal? - Rosalie estava impaciente e Emmett lhe abraçando a cintura.

- Acho que esperamos um controle? Que nossa mamãe seja capaz de "ligar" e "desligar" seu dom? - Provocou Emmett piscando para Octavia que sorriu.

- Testamos em objetos primeiro? - Carlisle finalmente interrompeu.

Octavia concordou, seguindo até uma estante, onde ela mesma havia decorado com itens antigos da casa e itens novos. Ela pegou primeiro algo que ela havia escolhido e ao tocar, não sentiu aquela dor de cabeça cegante que sempre sentia quando as lembranças invadiam sua mente. Agora era como se fizesse parte dela, como se as lembranças apenas quisessem lhe mostrar uma história, uma vida da qual ela poderia fazer parte e sua mente, não mais doente, poderia simplesmente aceitar de bom grado.

Era uma sensação tão aconchegante para Octavia receber aquelas informações, não era mais cansativo, debilitante, era algo tão novo e fascinante que ela se pegou de alguma forma passeando seus dedos de um objeto para o outro, dançando entre eles e suas sombras no mundo. Naqueles objeto que pertenciam aos Cullen, havia tanto a ser mostrado, lembranças de viagens, de uma família que se amava e até mesmo de Esmee e se Octavia pudesse chorar, na certa estaria chorando.

E sem ela perceber ou se dar conta, ela entendeu como seu dom funcionava, onde estava a ligação dele, a forma que ele poderia se ligar ao mundo e desligar. Ela podia simplesmente acioná-lo quando bem entendia e isso era tão prazeroso que ela se permitiu dar uma gargalhada. E quando virou-se para a família, eles esperavam respostas, pois Edward não era capaz de ler sua mente. Ela estendeu a mão em direção a família, que olhavam para ela surpresos e quando Alice lhe tocou, não viu mudança no olhar de sua nova mãe e Bella acompanhou a vidente e quando Octavia percebeu, estava abraçando toda a família.

- Eu finalmente entendi como funciona. - Ela riu e afastou-se um pouco de todos, lançando um olhar curioso para Edward. - Edward, gostaria de tentar uma coisa?

Ele estava curioso, talvez até nervoso, pois seus olhos dourados estavam levemente arregalados, mas ele deu um passo a frente, dando as mãos para Octavia e concordou com a cabeça. Ela fechou os olhos e como se tivesse feito aquilo diversas vezes, liberou caminho para o filho, enquanto via pela primeira vez a vida dele pela sua visão, não pelo que a Bella havia lhe mostrado. Era uma troca tão intima e tão única, que permitia que ela entendesse ainda mais como Edward funcionava e a fazia o amar ainda mais.

Edward afastou-se e Octavia sorriu. Era uma sensação que ela nunca esperou sentir na vida, aquela de pertencer, pois ela finalmente sentia que pertencia algum lugar.

- Acho que Aro vai odiar saber disso. - Foi Emmett que brincou, mas era verdade.

- Não vamos deixá-lo mexer com nossa família, não novamente. - Carlisle se aproximou de Octavia, mas dessa vez ele não a tocou.

Eles trocaram um longo olhar e não era preciso que Edward lesse a mente da mãe para saber o que ela estava pensando, mas sabia exatamente o que o pai pensava. Todos os olhares estavam sobre eles.

- Será que consigo ver a sua história? - Se o sangue corresse pelo corpo de Octavia, naquele momento seu coração estaria acelerado.

- Você gostaria?

- Eu não sei.

Octavia não sabia do que ela tinha medo, não era da história dele com Esmee, pois a mulher havia lhe mostrado e amava tanto Esmee que sentia tanto por ela não estar ali. Ela sabia que nada a faria amar menos Carlisle, mas ainda assim, ele ser o único diferente ao seu toque, sempre lhe foi reconfortante, sempre lhe foi como um porto seguro, ela ainda tinha medo que isso mudasse, era verdade.

- Não precisa ter medo, nada vai mudar.

Ela concordou com a cabeça e aceitou a mão que ele lhe estendia, mas quando Octavia tocou sua mão, nada aconteceu. Era como se ainda existisse aquela paz de quando ela era humana. Era como se tudo estivesse equilibrado no mundo. Como se nada pudesse lhe abalar ao lado de Carlisle, como se ele fosse a única coisa capaz de lhe manter firme num mundo barulhento e antigo demais. Ela poderia gritar, chorar e esquecer quem era, mas ele sempre a manteria firme, consciente e de alguma maneira, viva, mesmo que seu coração não batesse mais.

- Ainda somos os mesmos. - O alivio em sua voz foi tão genuíno que era como se ela tivesse prendido a respiração por horas e finalmente soltado o ar.

- Sempre seremos. - E Carlisle lhe puxou para seus braços, dando-lhe um beijo na têmpora.

Lua de Sangue || C. CullenWhere stories live. Discover now