17 | Despertar

536 65 4
                                    




Octavia ficou desacordada por mais de duas semanas e quase constantemente Alice buscava mudanças no futuro, tentando achar alguma brecha ou alguma solução para o que estava prestes a acontecer. Todos os Cullen tentavam levar uma vida "normal", para não levantar grandes suspeitas. Carlisle continuava trabalhando no hospital, enquanto Alice, Rosalie e Bella ajudavam nos eventos sociais para arrecadação de fundos da cidade. Já Emmett, Jasper e Edward continuavam o trabalho com as reformas restantes, mas todos revezando, sempre um ficava ao lado da humana desacordada.

E naquela noite, com todos em casa, a tensão era grande demais. Alice estava imóvel em um canto da sala e Edward tinha sua atenção voltada para ela, lendo cada visão que ela tinha sobre os movimentos dos Volturi e das mudanças do quadro de Octavia. Rosalie estava no quarto, com Octavia, enquanto Carlisle e Emmett se encontravam sentados nas poltronas num canto da sala. Bella não se movia muito, apenas observava o marido, enquanto Jaspe mantinha o humor de todos calmo. Alice piscou algumas vezes e virou-se para o pai, que desviou o olhar de uma das árvores lá fora para a morena.

- Temos visita.

Edward levantou-se e Carlisle colocou-se ao lado do filho mais velho, assim como Emmett quando reconheceu o cheiro forte que invadia o terreno da família. Bella trocou um olhar significativo com Alice e Jasper tocou o ombro da esposa, acalmando-a. E não demorou para Rosalie aparecer no topo da escada.

- O que ele está fazendo aqui?

- Ele vem buscar respostas, Rose, ele é um Alpha. - Alice foi rápida em responder e Carlisle seguiu até a porta.

- Fiquem todos aqui, não há necessidades.

Assim que o patriarca da família abriu a porta, da sombra de uma enorme árvore saiu uma figura alta, um pouco mais alta que Carlisle. Mas totalmente diferente do médico. Kai tinha os cabelos bagunçados e um semblante pesado de preocupação, Carlisle desceu os degraus da entrada, parando diante da figura musculosa.

- Não esperava sua visita, Kai.

- Onde ela está? - O moreno olhou pelo ombro de Carlisle, vendo os Cullen reunidos na sala.

- Está no quarto, lá em cima.

- Ela ainda é humana, posso sentir o cheiro dela.

- Ela ainda é humana. - Carlisle concordou, calmamente.

- Mas há novos vampiros na cidade, nosso bando aumentou e está havendo mortes nas redondezas, o que está acontecendo, Carlisle, achei que tivéssemos um acordo.

- E nós temos, mas não pude controlar a vontade dos Volturi, me desculpe por isso.

- Os Volturi? O que eles fazem aqui? - Kai parecia surpreso e Carlisle esperava por isso.

- Estão aqui por causa dela, por causa de Octavia.

- Vocês vão transformá-la?

- Se for o desejo dela, ela está morrendo, Kai.

- Morrendo?

Carlisle podia ver a dor nos olhos do lobisomem, ele sabia o quanto ele se importava com Octavia e por isso lhe explicou sobre o tumor, sobre os Volturi e a decisão da arquiteta, assim como o estado atual da mesma. Kai permaneceu em silêncio, andando de um lado para o outro diante do vampiro.

- Você precisa salvá-la.

- Não posso transformá-la contra sua vontade, Kai, eu jamais faria isso.

- Vai deixá-la morrer?

- Se for o desejo dela, sim.

- Eu quero vê-la.

- Você é bem vindo, venha. - Carlisle abriu caminho e o moreno passou por ele, parando diante da porta. - Kai está aqui para ver Octavia, ele é meu convidado.

Ninguém na família reclamou e Rosalie que estava ainda no topo da escadaria concordou, enquanto Carlisle seguia com o lobisomem para o andar superior, até seus aposentos, onde Octavia estava deitada, sendo acompanhada por diversos aparelhos médicos. Kai seguiu até ela.

- Não a toque, não sem luvas. - E o moreno concordou, lembrando-se do que o vampiro havia lhe contato momentos atrás e assim aceitou as luvas que Rosalie lhe estendia.

- Vamos deixá-los a sós.

Rosalie lançou um olhar frio para o pai, mas concordou em lhe acompanhar para a sala, onde o restante da família se encontrava. Kai ficou ali o restante da tarde e Carlisle subiu algumas vezes para mudar o soro ou verificar o estado da sua parceira. E apenas quando Kai desceu, juntando-se aos Cullen, foi que Rosalie abandonou todos e voltou para os aposentos de Carlisle.

- Ela não vai acordar? - Kai perguntou, sua voz era triste e os olhares pousaram em Alice.

- Ela deve acordar logo, eu a vejo acordada ...mas não será por muito tempo.

E todos ficaram em silêncio, o peso daquelas palavras era demais para todos. Kai despediu-se dos Cullen, mas durante os dois dias seguinte ele passou a ter uma nova rotina, juntando-se a família Cullen, nem que fosse para ficar na sala, esperando qualquer sinal de melhora. Todos esperavam ansiosos, pois pela visão de Alice, ela logo acordaria. E foi o que aconteceu. Naquela noite, Carlisle estava no quarto, trocando o soro, quando Octavia mexeu-se na cama, atraindo a atenção do parceiro, que colocou-se imediatamente ao lado dela.

Alice ficou imóvel no andar debaixo e Edward viu que ela estava despertando, mas todos respeitaram, deixando Carlisle cuidar daquele momento, pois Edward via, ela partiria naquela noite. Carlisle tocou a mão da arquiteta, que piscou algumas vezes, confusa, ela estava perdida, sua mente estava confusa, ainda absorvia todas as lembranças que havia visto de Aro. Mas seus olhos focaram em Carlisle e pode ver a preocupação ali. Tentou falar, mas o vampiro a impediu, pegando-lhe um copo com água.

- Tome, beba um pouco, sua garganta deve estar seca.

E ela obedeceu, tomando pequenos goles e com a ajuda do vampiro sentou-se na cama, fechando os olhos por alguns segundos para eliminar a vertigem.

- Por quanto tempo?

- Duas semanas e meia.

Ela fechou os olhos novamente, sentindo a cabeça doer e ela sabia, sabia que não tinha muito tempo e por isso estendeu a mão para Carlisle, que a pegou com cuidado.

- Eu preciso que me faça um favor.

Carlisle desceu meia hora depois e todos ali sabiam, que se ele pudesse chorar, ele teria chorado. Por mais que não quisessem admitir, todos haviam ouvido e Alice havia visto o que estava para acontecer. Ninguém disse nada e Edward seguiu até o pai, envolvendo-o em um abraço, que durou longos segundos.

- Ela não consegue ...não consegue dizer adeus. - Ele deixou escapar e todos baixaram o olhar. - Ela nos quer bem longe, para que não sejamos capaz de ouvir nada.

Carlisle afastou-se de Edward, assumindo novamente a posição de pai, tentando ficar forte nesse momento. Rosalie levantou-se e parou diante do pai, ela sabia o que tinha que fazer.

- Ela só que você aqui, Rose.

- Me desculpe. - Rosalie não sabia o que dizer.

- É direito dela.

Carlisle gostaria de estar com a parceira em seus últimos minutos, mas ele entendia que ela queria poupá-lo, que ela não queria que ele estivesse ao seu lado quando ela se fosse, que por isso havia pedido apenas por Rosalie e por mais que ele desejasse o oposto, ele havia jurado sempre obedecer os desejos de Octavia.

- Devemos ir. - Ele anunciou para os demais e olhou novamente para Rosalie. - Não solte a mão dela.

Rosalie concordou e um por um os Cullen foram saindo e por fim Carlisle beijou a testa da filha, lançando um último olhar para o topo da escadaria. E quando Rosalie não pode mais ouvir os passos da família, ela finalmente subiu, encontrando a figura miúda e fraca na cama. Octavia tentou abrir um sorriso e Rosalie sentou-se ao seu lado.

- Eu não sairei do seu lado.

- Obrigada, Rose.

- Você tem certeza disso? - Rosalie estava triste e Octavia ficou em silêncio por longos segundos.

- Não, por isso eu preciso de um favor seu.

Lua de Sangue || C. CullenOnde as histórias ganham vida. Descobre agora