Lua de Sangue || C. Cullen

22 | Casamento

Octavia nunca havia se imaginado casando e isso estava lhe deixando nervosa, ainda mais com Alice e Rosalie o tempo todo ao seu lado, buscando vestido, organizando maquiagem e cabelo. Ela agradecia por Isabella não ser do tipo "menininha" para estar metida naquelas coisas de organização, mas para completar, Phillipa havia se juntado naquele alvoroço e a casa estava mais movimentada do que o normal. Não havia sinal nenhum dos rapazes, todos estavam bem longe, pois Octavia não conseguia nem ao menos ouvir os passos deles por perto.

Antes de começarem a organização, eles haviam saído para caçar, não que Octavia estivesse com fome, por causa da recém transformação, mas ela tinha que aprender a se alimentar e sua família precisava. Era difícil tirar a vida de um animal, ainda mais ela, que sempre se recusou a comer carne animal, por causa das lembranças e agora quando se alimentava precisava se forcar bem em travar o dom para não sentir ao se alimentar. E havia conseguido, pelo menos não havia sido um completo desastre.

Agora tinha Rosalie ajustado seus cabelos, os quais ela havia insistido que fossem mantidos sem muita extravagancia e observava Alice que parecia lutar contra si mesma e uma pilha de vestidos diante de uma cama. Bella opinava aqui e ali, mas Alice não parecia dar muita atenção em nada que a irmã pudesse dizer. Phillipa separava algumas coisas sobre a mesa, que Octavia sabia se tratar de produtos que seriam usados em sua pele. Ela queria poder usar a desculpa de que estava com sono, ou algo parecido, mas não havia desculpa alguma nesse momento.

Quando finalmente pôde se ver diante do espelho, estava com um vestido simples, o que foi uma luta muito grande com Alice. Era de um tom champanhe e suas costas era decotado em um grande "v", mas rendado com flores delicadas e leves, não havia volume, era um estilo boho, simples e leve. Mais descoberto do que Octavia estava acostumada a usar, sem luvas, sem mangas e de alça. Pela primeira vez na vida ela se via livre para se libertar das camadas de roupa, de panos e da proteção contra o toque.

Seus cabelos estavam quase completamente soltos, se não fossem por uma coroa de tranças, feitas pelo próprio cabelo, nenhum enfeite, nada além. E a maquiagem era quase inexistente, sem cores fortes, apenas um toque de vida, vida deles, não dos humanos. Antes que ela pudesse deixar a sala, Rosalie lhe entregou um buquê simples de girassóis, que de alguma maneira ela sabia ser a flor preferida de Octavia, que lhe abraçou, sentindo pela primeira vez o nervosismo. Não era preciso dizer, não era preciso pedir entre elas, mas Rosalie era a madrinha de Octavia, elas tinham um laço que não havia explicação.

- Temos que ir.

O sol estava quase se pondo e as outra três esperavam na porta da casa de madeira que havia sido reformada pela arquiteta que oficialmente iria se juntar aos Cullen. Octavia se permitiu prestar atenção ao redor e não demorou para localizar os demais familiares, não estavam longe e se perguntou quando foi que eles se aproximaram? Estava tão presa no que acontecia dentro da casa que se desligou do restante do mundo. Ainda com as barreiras erguidas, fechando-se para qualquer tipo de contato, mesmo que agora já não fosse tão difícil quanto no inicio, aceitou a mão estendida de Rosalie e caminharam entre as árvores.

Alice, Isabella e Philipa foram na frente, deixando as duas mais atrás, Octavia sabia que se ainda estivesse viva, ou o que era antes, estaria tendo um ataque de pânico, seu coração estaria disparado e não estaria conseguindo respirar direito e talvez, Rosalie fosse capaz de perceber isso, muitos diziam que o dom da vampira loira era a Empatia. Pois ela apertou ainda mais a mão de Octavia, dando-lhe todo apoio que pudesse.

- Você deve saber, mas Emmett e eu, nos casamos todos os anos, pode ser que você acabe gostando disso.

- Eu duvido muito.

- Você realmente foi feita para Carlisle.

- O que quer dizer?

- Duvido que ele gostaria de se casar todo ano também.

Octavia sorriu e Rosalie lhe observava de canto, ainda podendo perceber que algo estava errado e por isso parou, esperando que aquela que se juntaria a família lhe dissesse o que estava lhe incomodando de uma vez por todas, pelo menos antes de se juntarem aos demais.

- É o correto não é?

- Por que não seria? - Mas Octavia não respondeu, se manteve em silêncio, parada diante de Rosalie. - Esme?

- Eu não sei explicar.

- Eles se amaram, não vou dizer que não, Tavia. - Rosalie estava séria. - Ela podia não ser a parceira dele, mas eles se amavam e se respeitavam e eles tiveram o momento deles, a vida deles, mas Carlisle ainda está aqui, ele merece seguir em frente e você também. Não é egoísmo, é o correto. Vocês não estão deixando ninguém de lado por isso, apenas estão cumprindo o destino de vocês.

- Eu não acredito em destino.

- Então acredite no amor de vocês.

Octavia respirou fundo, ela não sabia como responder aquilo, ela na verdade não tinha resposta para aquilo. Apenas concordou com a cabeça e aceitou o beijo que Rosalie lhe dava na testa. Concordou com a cabeça e depois de alguns segundos elas voltaram o caminho para a clareira. Rosalie apertou a mão de Octavia e lhe deixou, seguindo sozinha, passando por algumas árvores, por onde Octavia podia ouvir algumas vozes e soube que eles estavam ali. Ela esperou um pouco, tentou organizar seus sentimentos e quando finalmente se sentiu pronta ela atravessou a relva e seus olhos imediatamente localizaram a única pessoa que importava para ela, Carlisle.

Ele estava como sempre, perfeito. Usava uma roupa clara, suave e leve. Ele assim que a viu, sorriu e ela não foi capaz de ver mais ninguém ao redor. Na verdade, ela nem sabia quem estava ao redor e nem se importava. Mas ouviu alguns corações e sentiu alguns cheiros estranhos, cheiros desagradáveis e um cheiro em especial do qual não sabia dizer o que era. Só que mesmo assim, seu olhar ainda estava fixo naquele que lhe atraia, que fazia seu mundo girar de uma forma única. Ela atravessou o local, parando diante de Carlisle que lhe estendeu a mão e entrelaçou seus dedos. E foi naquele momento que percebeu que era Edward que estava ali.

O nervosismo estava novamente presente e Octavia não sabia se prestava atenção nas palavras de Edward, se desviava o olhar de Carlisle, se desviava o olhar para aqueles que estavam ali. Apenas conseguia manter atenção em Carlisle e agiu como se estivesse apenas no automático, repetindo as palavras e aceitando quando foi designado. Uma parte dela tinha medo de casamento, outra parte dela queria apenas que tudo finalizasse de uma vez por toda, enquanto o restante estava completamente feliz por estar ali, com Carlisle.

Quando Carlisle finalmente a beijou, foi como se tudo ganhasse cor e som novamente e virou-se para os convidados, sendo surpreendida pelas pessoas que estavam ali. Haviam poucas pessoas. Tinha Kai, Phillipa e para sua surpresa, Renesme e Jacob. Essa sorria animada, assim que os olhos de Octavia caíram sobre a garota.

- Ela não aceitaria não vir. - Carlisle sussurrou para a esposa.

- Ela é incrível. - Renesme era uma mulher, linda e diferente de tudo aquilo que Octavia podia imaginar. Diferente até mesmo das visões. Era dela o cheiro diferente.

- Ela é. - Carlisle sorriu e pegou a mão de Octavia, puxando-a de leve para que pudessem seguir para os convidados. - Venha, venha conhecê-la.

Carlisle seguiu com Octavia até a sua nova família e foi surpreendida pelo abraço da nova neta. Pegando Octavia completamente de surpresa e fazendo-a piscar algumas vezes e a abraçar em retorno. O sorriso se formou no lábio de todos da família. Entretanto, a cena feliz não durou muito tempo, pois passos foram ouvidos.

- Desculpa intrometer, não fomos convidados pro casamento. - Era Aro, que tinha um ar alegre na voz.