4. NINO.

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— Seu irmão… Como está o vínculo com seu irmão gêmeo? — Fiora perguntou concentrada.

— Bem. — Era a resposta automática para aquela pergunta.

Nico quis te matar.
Nico quis me matar.

Porque agora era tão difícil acreditar no contrário?

——————«•»——————


PASSADO. — SEIS MESES ANTES. 

Acordar. 
Levantar. 
Ir até o banheiro. 
Tomar banho. Água fria. 
Me enxugar. 
Escovar os dentes. 
Protetor solar no rosto. 
Sair do banheiro. 
Tomar os ansiolíticos.
Esperar dar nove horas, mandar bom dia para Alessa. 

Começar o dia. 

Maldita rotina. Todos os dias a mesma coisa. A mesma coisa todos os dias. Eu era um homem de rotinas, meu TOC me fazia repetir as mesmas coisas todos os dias, mas ainda assim, eu me sentia vazio. Principalmente quando minhas mensagens continuavam a ser ignoradas. Alessa. Eu queria tanto falar com Alessa, contar que descobri uma nova coisa na terapia, dizer que tinha voltado aos remédios, prometer que nunca a magoaria novamente. Como eu tinha me tornado tão dependente de uma pessoa? Como eu tinha encontrado uma amiga no lugar mais improvável do mundo? Como eu tinha perdido isso? Arrependimento. Nunca me arrependi tanto de uma coisa quanto me arrependia de foder com Cinzia. 

Desci as escadas buscando beber um café forte, mas estagnei na sala de estar quando encontrei Nico prostrado frente ao notebook, Luca ao lado dele ostentando uma expressão de incredulidade total. 

— O que está acontecendo? 

Meus irmãos olharam para mim e Nico rapidamente fechou o computador. 

— Nada. — Nico disse com firmeza, lançando um olhar de aviso para nosso irmão mais novo. Quando ele pararia de tentar me proteger do mundo? Ele não tinha visto onde isso tinha nos levado? 

— Se você não me contar, eu vou descobrir. — Não era uma promessa vazia. Eu sabia que Nico sempre me protegeria de tudo, por isso eu tinha instalado um software em seu computador que me deixava entrar e sair quando precisasse, assim como tinha hackeado o sistema de segurança e tinha acesso às câmeras e escutas espalhadas pela casa. As vezes eu me sentia culpado por invadir a privacidade dos meus irmãos dessa forma, mas naqueles momentos, eu me sentia feliz por ter o feito. Nico balançou a cabeça antes de passar as mãos por seus cabelos grandes demais. Eu havia gostado de cabelos longos no passado, mas agora os odiava. Hoje em dia tudo era um lembrete do passado. 

— Manoel Giordano alega ser nosso irmão. — Nico murmurou. — O Capo da Outfit. 

Eu encarei meu irmão por um longo momento, observando seu corpo. Suas mãos estavam agitadas, suas veias do pescoço saltadas, seu rosto minimamente mais vermelho que o habitual. Sinais de medo para uma pessoa comum, mas Nico não sentia medo. Nervosismo? Raiva? Incredulidade? 

— Nosso pai teve um caso com alguém da Outfit? — Meu pai tinha várias amantes e a porra de um harém particular, mas eu nunca tinha ficado sabendo sobre mulheres de outras organizações. 

— Cinzia retornou para New York e disse que Manoel… Manoel é filho da nossa mãe. Nosso pai sequestrou a mãe e fez dela sua esposa para mostrar poder. — Nico respirou fundo e abriu o notebook novamente. Quando meu irmão girou a tela em minha direção, estremeci. Mamãe estava deitada numa cama de hospital, sorridente e parecendo cansada. Em seus braços haviam dois bebês recém nascidos e ao seu lado um garoto de aproximadamente dois ou três anos. Aquelas crianças não eram eu e meus irmãos. 

INQUEBRÁVEL - Saga Inevitável: Livro 4.Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt