12. NINO.

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— Você não acha que seria perigoso simplesmente namorar Alessa quando no seu mundo as mulheres se casam intocadas?

— Não estamos namorando. Somos amigos.

— E você quer ser somente amigo dela?

Não.
Minha.

O que me acordou foi seu cheiro doce que se fixou em minhas narinas durante a noite que ela dormiu em meus braços, seu belo rosto sendo a primeira coisa que vi ao abrir os olhos. Linda. Extremamente linda. Eu tinha que começar a pensar em maneiras de faze-la acordar todos os dias em meus braços, porque de forma alguma deixaria outro homem experimentar a suavidade de sua respiração cadenciada durante o sono. Não deixaria que nenhum outro a visse tão vulnerável. Minha. 

Absolutamente minha. 

Com cuidado, empurrei Alessa gentilmente para seu travesseiro e me despedi dela com um beijo na testa antes de me colocar de pé. Eu queria ficar ali e vê-la dormindo, mas meu Apple Watch já havia vibrado em meu pulso me alertando que eram cinco e meia da manhã, o horário perfeito para que eu saísse de seu quarto sem que ninguém me visse. Nico jamais acreditaria que eu apenas dormi ao lado da garota e então o inferno começaria. Em calmos passos deliberados, eu atravessei o quarto e destranquei a porta fazendo o mínimo de barulho possível. Depois de abri-la minimamente e conferir por uma fresta de o corredor estava vazio, saí do quarto deixando a porta encostada para evitar qualquer barulho. Felizmente o quarto de hóspedes era há duas portas do meu e eu não tive problemas para atravessar os poucos metros e me esgueirar para dentro. Minhas mãos estavam tremendo pela quebra de rotina e eu me obriguei a sentar na cama e respirar fundo para controlar meu corpo. Estava tudo bem dormir fora, estava tudo bem acordar e não ir direto para o banheiro tomar banho antes de seguir o restante da minha lista. 

Tudo bem. Tudo bem. Tudo bem. 

Apertei minhas unhas contra meu pulso até a dor tirar o melhor de mim e desanuviar minha mente. Pude sentir o sangue em meus dedos, mas eu já havia me acostumado com aquilo. Meus pulsos estavam destruídos por marcas de unhas e eventuais queimaduras de cigarro. Eu costumava apagar os cigarros nos locais que sempre ficavam escondidos pela camisa; ombros, barriga, costelas, costas. Mas em alguns momentos eu simplesmente esquecia e apagava a brasa no meu pulso. 

Eu não podia fazer nada errado. Eu não podia deixar que ninguém percebesse que havia algo extremamente errado comigo. 

Fiquei sentado na cama até que a casa aos poucos ficou barulhenta. Ouvi a voz de Nico, de Luca, ouvi os resmungos de Lorenzo e Alessia correndo atrás dele, mas só me levantei da cama e fui para o banheiro quando ouvi Alessa conversando.

Tomar banho. Água fria. 
Me enxugar. 
Escovar os dentes. 
Protetor solar no rosto. 
Sair do banheiro. 
Tomar os ansiolíticos. (Mesmo que eu não os queira mais)

Começar o dia. 

Saí do quarto e me adiantei pela casa seguindo os sons de passos e conversas até chegar na cozinha. A grande família já estava reunida ao redor da mesa e eu me sentei no meu lugar habitual; ao lado de Luca. 

— Bom dia. — Nico murmurou, o rosto amassado e a voz rouca. Ele também não dormia muito, mas naquele dia parecia ainda mais cansado. 

INQUEBRÁVEL - Saga Inevitável: Livro 4.Where stories live. Discover now