41. NINO.

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Eu deveria ter Luca como padrinho, ao meu lado, como Nico estava. Mas ele não estava lá. Samael e Thomaz estavam. Eu gostava dos dois, mas eles não eram meu irmão. No lugar dele, ao lado de minhas três cunhadas, estava Love Coleman. Ela tinha uma expressão austera no rosto, os olhos claros fixados na porta da igreja; talvez, como eu, ela esperava que meu irmão entrasse a qualquer momento. Ele não entrou, mas Alessa sim. 

A música floreada começou quando minha noiva caminhou pelo tapete. Ela deveria caminhar entre centenas de convidados, mas os bancos do pequeno salão estavam vazios; nossos convidados eram nossa família unida no altar. Com seu vestido branco, ela parecia um sonho. Seus cabelos escuros estavam presos num penteado elegante cheio de pequenos brilhantes, o rosto adornado por uma maquiagem simples e batom claro; por um momento qualquer tristeza se foi. A mulher que eu mais amava no mundo estava caminhando em minha direção, segurando um buquê de rosas vermelhas, e se tornaria minha, verdadeiramente minha, em menos de uma hora. Santiago se aproximou com Alessa e colocou a mão dela sobre a minha. 

— Você é o primeiro genro que não quero ameaçar, mas só para não perder a tradição… — O homem sorriu sinistro em minha direção. — Se você magoar minha filha, eu capo você. 

Alessa riu tão alto que nossa família arregalou os olhos, mas eu não me importei. Sua risada era a força que me fazia levantar da cama todos os dias. Sua risada era o som mais belo de todo o mundo e nenhum músico poderia compor algo mais lindo. Alessa apertou sua mão contra a minha e eu beijei sua testa antes de nos virarmos para o celebrante. Não havia motivos para termos uma cerimônia na igreja quando mal tínhamos convidados e tanto Alessa quanto eu concordamos em não colocarmos religião no dia da nossa união. 

— Estamos aqui hoje, reunidos em família, para celebrar o casamento de Alessa Marianna Vacchiano e Nino Vicenzo Parisi. — O celebrante começou com um sorriso pacato nos lábios. — Casar. Vocês já pararam pra pensar no que significa, realmente, casar-se com alguém? A união de duas vidas pelo resto da vida? O casamento é a promessa de uma vida a dois. Alessa jamais estará sozinha, porque ela terá Nino. Nino nunca mais estará sozinho, porque ele terá Alessa. Uma firme unidade que perpetuará ao longo dos anos. Mas não se enganem! O casamento quase nunca é pura tranquilidade. Há momentos em que um quer ir embora, há momentos que os dois querem ir embora, mas o mais importante é o momento em que os dois decidem que ir embora, desistir, não é algo que irão fazer. O amor que os une hoje, na felicidade desse dia especial, será o mesmo amor que os unirá nos dias turbulentos.

“Carina deseja que você, Alessa, seja sempre generosa. Thomaz deseja que você, Nino, tenha paciência. Samael e Cinzia desejam que os dois aprendam a amar um ao outro nos momentos que é mais fácil odiar. Nico deseja a você, Nino, que todos os dias, quando olhar para sua esposa, você se lembre do quanto ela é preciosa. Alessia deseja a você, Alessa, que você saiba quando você deve ser gentil e quando você deve ser dura. Santiago deseja aos dois uma felicidade tão grande que as vezes seja difícil acreditar que ela existe…”

Quabdo o sarcedote terminou de ler os desejos de nossos familiares, Alessa parecia prestes a correr e abraçar cada um deles. Eu tinha o mesmo sentimento no peito. Faltavam dois desejos ali, mas eu podia imaginar o que eles diriam. Carisma provavelmente desejaria a mesma coisa que Santiago, Luca provavelmente desejaria uma boa lua de mel. Quase ri ao pensar nisso. Carina se aproximou de nós segurando uma pequena caixa com dois tubos de vidro cheios de areia e um recipiente do mesmo material. O sarcedote colocou a travessa de vidro sobre a mesa frente a nós e Carina estendeu os vidros para mim e Alessa. 

— Eu quero que vocês peguem os jarros e despejem a areia nessa travessa. — O celebrante pediu com um sorriso mínimo e eu peguei o tubo de areia azul conforme Alessa pegou o de areia roxa. 

Minha noiva lentamente começou a espalhar a areia sobre a travessa e eu fiz o mesmo, confuso com o que aquilo significava. Alessa parecia também não saber, mas estava visivelmente se divertindo. Quando terminamos, o celebrante recolheu os tubos de nossas mãos e usou os dedos para misturar a areia colorida. 

— Como a areia depois de misturada não pode ser separada, vocês também não. A partir de hoje, vocês serão uma só carne, uma só vida. — O peso daquelas palavras caíram sobre mim com tudo. Para sempre. Uma só vida. Alessa virou-se minimamente para mim, seus olhos azuis repleto de amor e adoração. Céus… Passar a vida a lado dela seria a coisa mais perfeita do universo. — As alianças. 

Esperando a deixa, Lorenzo e Jhenifer entraram juntos pelo tapete. Em seu terno preto bem ajustado, meu sobrinho parecia um mini homem; Jhenifer, pelo contrário, estava parecendo a princesa que era em seu vestido azul claro e laços de cabelo. Devon estava doente e dormia no carrinho perto dos pais, mas eu tinha certeza de que ele teria entrado junto de sua irmã. Aqueles dois eram inseparáveis. Lorenzo entregou a caixa com as alianças na mão do celebrante e Jhenifer bateu palminhas; eu ri com a fofura da menina. 

— Nino Vicenzo Parisi, você aceita Alessa como sua legítima esposa, prometendo ama-la, respeita-la e honra-la na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, até que a morte os separe? — A pergunta queimou em meu peito quando peguei a aliança e toda parte do meu corpo, até mesmo minha alma, respondeu com um sonoro sim. 

— Sim. 

Deslizei a aliança pelo dedo de Alessa, um círculo de ouro simples com uma faixa de diamantes no centro. Os olhos de minha noiva se encheram de lágrimas e ela me olhou com tanto amor que eu poderia cair sob o peso dos seus sentimentos. 

— Alessa Marianna Vacchiano, você aceita Nino Vicenzo Parisi como seu legítimo esposo, prometendo ama-lo, respeita-lo e honra-lo na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, até que a morte os separe? 

— Sim, eu aceito. — Alessa disse claramente emocionada e meu coração acelerou no peito. 

Caralho. 

Eu estava me casamento com a mulher que eu amava. 

— Pelo poder investido a mim, eu vos declaro marido e mulher. — O celebrante se virou para mim. — Você pode beijar a noiva. 

Mesmo quando ele nos declarou casados, eu não pude acreditar naquilo. Mesmo quando beijei Alessa gentilmente e ela abraçou meu pescoço com delicadeza, na frente de nossa família e sob sua salva de palmas, eu não pude acreditar que estava me casando com a mulher que eu amava. 

Minha. 
Caralho… Ela era minha. 

A porra da mulher mais linda do mundo, era a minha mulher. 

Alessa se afastou com os olhos arregalados, cheios de lágrimas, e um grande sorriso no rosto. A felicidade era nítida e cada célula do meu corpo se aqueceu ao perceber que ela estava feliz por se casar comigo. Eu nunca tinha tido sorte, eu nunca havia sido feliz ou respeitado. Toda minha vida havia sido um mar de dor e decepção, tortura e medo, mas só naquele momento percebi que até Alessa chegar, eu havia somente existido. Eu não tinha vivido. Agora, com ela, havia vida. Havia um motivo para levantar da cama todos os dias e o motivo era o par de olhos azuis que me encarava com profunda adoração e anseio. 

Se existia um Deus, ele com certeza havia me dado ela de presente.

— Cara… Eu não tenho nem palavrão pra isso.



FIM.

INQUEBRÁVEL - Saga Inevitável: Livro 4.Where stories live. Discover now