8. NINO.

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“É tipo um vício que não tem mais cura
E agora de quem é a culpa
A culpa é sua por ter esse sorriso
Ou a culpa é minha por me apaixonar por ele
Só isso
Não finja que eu não tô falando com você
Eu tô parado no meio da rua
Eu tô entrando no meio dos carros
Sem você a vida não continua
Não finja que eu não tô falando com você
Ninguém entende o que tô passando
Quem é você que eu não conheço mais
Me apaixonei pelo que eu inventei de você.”

Você foi uma estrela, luz e felicidade.
Jamais irei esquecer as suas músicas
Que me fizeram... Escrever. 

05/11/2021.

— Você se sente preso? — Fiora perguntou cruzando as pernas, a expressão concentrada.

— Sim. — Assenti. — Por Nico.

— Porque? — Boa pergunta, pensei.

— Ele não me deixa… Viver. — A culpa me tomou ao admitir aquilo, mas era a verdade. — Ele me prendeu de novo.


——————«•»——————

Eu odiava ver Alessa daquela forma, desprotegida, fora do personagem que ela usava para enfrentar o mundo. Ninguém acreditaria se eu contasse que ela estava chorando em meus braços há mais de uma hora, ninguém acreditaria no quão frágil e necessitada de carinho aquela garota era. As vezes, como naquele momento, eu desejava que o personagem de vadia narcisista fosse real, assim, ela não sefreria tanto. Alessa era como uma pitaia, a fruta escamosa, dura e cheia de escamas por fora, mole e doce por dentro. As vezes eu queria que o mundo também visse o quanto ela era boa, mas também ficava feliz por ela só mostrar esse lado para mim. 

— Está tudo bem. Você está segura. — Repeti pelo que pareceu a décima vez desde que a encontrei. 

— Eu nunca vou estar segura. — Lessa disse num choramingo. — Alguém sempre pode me machucar. Sempre. Em qualquer lugar. Não há segurança nem mesmo dentro de casa. 

— Não, Alessa. — Puxei seu rosto para cima, fitando seu rosto inchado pelo choro e seus olhos lacrimosos. — Não. Você está segura. Enquanto eu viver, você está segura. 

— Eu sonho com ele todas as noites. — Alessa confessou.

Eu também sonhava com meu próprio monstro todas as noites, meu próprio pai. Sonhava com o cativeiro, com as surras que tomei, com a humilhação, a tortura, a dor, o desamparo. A pior parte de estar a mercê de alguém é a impotência, a certeza de que você não pode fazer nada para sair daquela situação. Acariciei o rosto de Alessa com minhas mãos destruídas, cheias de tantas cicatrizes que eu sentia nojo de olhar. Você nunca mais vai pegar comida sem minha autorização. Eu jamais esqueceria aquela frase; eu lembrava dela todos os dias quando abria a geladeira de casa e pegava o alimento com lentidão calculada, com medo de que acontecesse novamente, com medo de que alguém dissesse que eu não poderia comer. 

— Eu o matei, Lessa. — Garanti. — Eu o torturei, eu o estuprei com a porra da minha faca e o queimei vivo. 

Alessa arregalou os olhos azuis, seu rosto ficando vermelho em descrença. 

INQUEBRÁVEL - Saga Inevitável: Livro 4.Where stories live. Discover now