5. ALESSA.

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PRESENTE

Os dias se tornaram repetitivos com o passar dos meses. Nenhuma traição, nenhuma guerra, nenhuma crise, nenhuma fofoca digna de ser escutada atrás da porta. Viver sozinha com meus pais se tornou agradável e tremendamente tedioso. Eu não podia sair com amigos e nem tinha amigos em New York. Minha única companhia era Nino e nossas chamadas de vídeo intermináveis. Naquela noite, ele não me ligou pontualmente às onze e nem respondeu minha mensagem quando perguntei se ele estava acordado. Ele nunca dormia cedo, nem eu. Passávamos a madrugada conversando e acodavamos na hora do almoço. 

NINO: Acordada ainda?

Já eram quase duas da manhã quando sua mensagem chegou e eu rapidamente liguei o abajur antes de ligar para ele no facetime

— Ei! — Nino saudou quando a chamada conectou. Nino estava deitado na cama, sem camisa e com uma expressão animada. Arqueei Minhas sobrancelhas. 

— Onde você estava? — Perguntei casualmente mesmo que algo estivesse profundamente errado em meu coração. 

— Estava com Luca e Clarice. — O loiro comentou com um sorriso. Clarice? — Desculpe a demora. Como foi seu dia?

— Clarice sua ex? — Eu o ignorei totalmente. Meu dia é o caralho. 

— Ex? Eu só fui apaixonado por ela na adolescência, a gente não namorou. — Nino riu de novo. Ele não ria assim. 

— Você está bêbado? 

— Um pouco… — Outra risada, seu rosto pálido ficando avermelhado pelo esforço. — Porque o interrogatório? Está com ciúmes?

Forcei uma risada alta para mascarar minha raiva. Eu estava com ciúmes pra caralho, mas não diria isso. Era extremamente ridículo e tóxico ficar com ciúmes porque eu não era a única amiga que ele tinha. 

— Não, eu só fiquei preocupada quando você não ligou na hora… — Me ajeitei na cama e coloquei o celular encostado na cabeceira. — Como foi? Vocês se divertiram? 

— Foi legal. Ainda é estranho sair e agir como uma pessoa normal, mas acho que estou me saindo bem. — Eu sorri de verdade daquela vez. Por mais que me enciumasse, tudo que eu mais queria era que Nino ficasse bem. — Seu aniversário está chegando. Se seus pais não vierem para Las Vegas, vou te levar para algum lugar legal. Você precisa sair também.

Respirei fundo. Nino sabia como era minha vida. Prisioneira dentro da minha própria casa, só podendo sair com três guardas ou com meus pais e seis guardas. Eu queria agir como uma garota normal, estudar e tudo mais, mas papai havia sido incisivo sobre não me deixar frequentar uma faculdade. Era perigoso demais, ele disse, mas… Ficar trancada revirando meu passado também estava se tornando perigoso. 

— Eu acho que eles vão… — Murmurei desanimada. 

— Tudo bem, não tem problema. Podemos fazer algo na mansão de qualquer forma. É sério, Lessa, você vai aproveitar seu aniversário dessa vez. — Nino sorriu e eu quase caí da cama. Ele quase nunca sorria, mesmo que risse várias vezes durante nossas chamadas. Aquele sorriso meigo e relaxado? Não. Quase nunca… E eu me peguei fascinada. — Se anime. Eu estou animado para passar tempo com você.

INQUEBRÁVEL - Saga Inevitável: Livro 4.Where stories live. Discover now