✥Capitolo otto✥

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𝙎𝙤𝙛𝙞𝙖 𝙋𝙊𝙑

Sai do banheiro enrolada no roupão, Dove já não estava mais no quarto, porém havia deixado uma garrafinha de água ao lado dos comprimidos no criado mudo. Sorri com o tratamento da garota comigo, era bom demais estar perto dela e do pessoal, poder sorrir e falar as coisas sem medo de algo pior acontecer, era bom estar reunida com eles novamente, apenas gostaria que as coisas voltassem ao normal.

Entrei no closet vendo minhas roupas contrastando com as roupas de Dove, sorri com aquilo. Caminhei até minha parte pegando um macacão preto e confortável para vestir, coloquei ele sentindo-o um pouco folgado no meu corpo. Peguei um par de meias e minhas notas saindo do closet, caminhei até o criado mudo bebendo os remédios necessários. Após tomar tudo, peguei meu celular e minha bolsa sobre a poltrona do quarto e sai.

Ao chegar no andar de baixo, encontrei meus pais juntamente com minha irmã na sala. Eles conversavam sobre algo, cumprimentei rapidamente e saí a procura da garota, já estávamos atrasadas por minha causa. Encontrei Dove encostada no carro mexendo em algo no seu celular, os olhos quase fechados por causa da claridade, me aproximei aos poucos até ela notar minha presença e sorrir se virando para mim.

- Você está linda - elogiou sorrindo.

- Obrigada - agradeci sem jeito - Vamos? Estamos atrasadas - dei a volta no carro entrando no banco do passageiro, vendo a garota fazer a mesma coisa.

Aliás eu nem estava com disposição em voltar para as gravações, não depois da tentativa de homicídio que sofri. Não estava preparada para encenar com o Thomas e Zachary, porém eu não podia fugir para sempre, teria que enfrentar aquilo e tomar coragem de denunciá-los. Soltei um suspiro olhando para fora da janela, observando as ruas de LA, sempre fui apaixonada pela paisagem da cidade. Ao fundo dava para ver as das diversas montanhas rochosas e a placa de Hollywood em uma delas, o parque estava cheio de turistas, o que não era novidade para aquela época do ano.

Era uma mistura de prédios altos chiques e algumas palmeiras típicas dessa região. Um dos motivos de ter me mudado para Los Angeles era a forma que a cidade se distribuía e como havia uma mistura de elementos compondo essa paisagem de tirar o fôlego. O carro parou em um semáforo, senti a mão quente sobre a minha, tirei meus olhos da vista e olhei para ela encarando a imensidão verde.

- Está tudo bem? Qualquer coisa posso dar meia volta e voltar para casa - comentou em um tom preocupado, seu olhar transmitia a preocupação dos seus olhos.

- Só estou com medo do que vou enfrentar lá - comentei soltando um suspiro nervosa - Não vai ser fácil ficar sem você e o pessoal por perto para me deixar protegida, tenho medo de que tudo volte... As agressões, o estupro, as ameaças... - fechei meus olhos rapidamente sentindo as lágrimas se acumular.

- Ei, por mais que tenhamos de fingir não sermos mais amigas e nem que sei do que houve. Você pode enviar mensagem para mim quando precisar, quando se sentir ameaçada ou quando tentarem fazer algo a mais com você. Só estarei a uma mensagem de distância - sua voz delicada e seu carinho em minha mão aos poucos foram me acalmando.

- Só queria ter minha vida normal - comentei abrindo o olho assim que senti o carro voltar a se movimentar.

- Logo terá - respondeu - Quando as gravações e o tapete vermelho, vamos denunciar eles. Você vai poder viver livremente sem nenhum medo e futuramente você pode ser exemplo para as pessoas que passam ou passaram pelas mesmas coisas.

- Você acha que posso ser um exemplo para pessoas que sofreram abusos e agressões no trabalho? - perguntei olhando para a garota.

- Sim, elas precisam de uma pessoa que as ajude a enfrentar esse tipo de coisa e de como sair dessa situação. Sei que vai ter uma grande repercussão e por um tempo estará cercada por jornalistas que vão querer saber mais profundamente de como tudo ocorreu - disse com delicadeza todas as palavras.

𝐀𝐟𝐭𝐞𝐫 𝐓𝐡𝐞 𝐒𝐭𝐨𝐫𝐦Where stories live. Discover now