✥Capitolo diciotto✥

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𝘿𝙤𝙫𝙚 𝙋𝙊𝙑

O barulho e a movimentação no andar de baixo me obrigaram a parar com o que estava fazendo. Arrumo as coisas direito, após fazer isso, caminho até um porta jóia em cima do armário de canto, abro vendo as jóias que pertenceram à minha mãe. Pego o meu colar favorito e coloco no pescoço, ele é composto de uma corrente fina de ouro com o símbolo do infinito, na parte de dentro está as iniciais dos nomes deles. 

Juntos até o infinito… era a promessa deles. 

Toco no pingente sentindo meus dedos formigarem um pouco, é como se eu conseguisse sentir a presença dela. Olho pela última vez para cada item que tem ali, nas quais pertenciam a eles. Todos os anos desde que me tornei independente, eu viajo para Seattle no dia da morte deles para visitar o local em que eles foram enterrados, para poder conversar sobre o que aconteceu nos últimos meses antes de eu voltar lá. Porém, esse ano está sendo diferente. Primeiro ano que não viajo para lá e talvez seja o primeiro ano que irei voltar a comemorar o dia de Ação de Graças depois da morte dos meus pais. 

Caminho até a direção da escada apertando o botão para abri-la, desço os degraus devagar observando se tem alguma movimentação. Mas nenhum sinal do pessoal e muito menos da Sofia, ela está me evitando desde que descobriu sobre a verdade do meu passado. Talvez esteja repensando se vale a pena ficar com uma mentirosa como eu. 

Outro suspiro sai dos meus lábios pela centésima vez no dia, é pedir demais para que o dia chegue ao fim logo. Vejo a escada voltar para o seu lugar costumeiro sem dar indícios do que existe lá em cima, ando devagar pelo corredor até alcançar o primeiro andar. Não estou a fim de ter algum tipo de contato com o pessoal ou muito menos ter que encarar a morena após as suas dolorosas palavras, porém, terei que passar perto deles para pegar o meu notebook no escritório. 

Desço as escadas sem fazer nenhum tipo de barulho, notando que todos estão na cozinha ou na área externa perto da piscina. Ótimo, eles não verão eu passar para o escritório evitando ter algum tipo de contato com eles. Termino de descer as escadas rumando para o escritório que fica na direção da cozinha. 

Cada passo que dou consigo escutar com mais clareza a conversa deles, portanto, não consigo escutar a voz da Sofia. Onde ela está? Será que aconteceu algo? Uma preocupação se instala dentro de mim, até que eu lembro o que ela fez mais cedo comigo. Passo rapidamente pela entrada da cozinha querendo alcançar o mais rápido possível o meu escritório. 

Missão falha. 

— Ei, Dov! — paro no meio do caminho ao escutar a voz do Cameron — Estamos almoçando, você não vai se juntar com a gente? 

— Estou sem fome, Cameron. Podem comer sem mim — digo seca, querendo encerrar logo o assunto. A essa hora todos já sabem sobre a notícia. 

— Está tudo bem? — escuto os passos dele se aproximando. Dou alguns passos para frente virando a metade do meu corpo para encará-lo. 

— Eu apenas quero ficar sozinha, Cameron. Uma coisa que você está impedindo no momento! Se eu falei que eu não quero almoçar é porque eu não quero, difícil de entender isso? — falei grossa vendo seu olhar oscilar e o sorriso do seu rosto sumir. Droga. 

— Tudo bem — disse por fim antes de voltar para a cozinha. 

[...]

Uma das piores coisas é ter que tratar meus amigos com indiferença, mas não havia outro jeito de tirá-lo da minha cola a não ser ter sido grossa com ele. Alcanço a porta do escritório no final do corredor, coloco a mão na maçaneta e giro para abrir, entro rapidamente e fecho a porta. Pelo menos ninguém me seguiu e insistiu para falar comigo. 

𝐀𝐟𝐭𝐞𝐫 𝐓𝐡𝐞 𝐒𝐭𝐨𝐫𝐦Where stories live. Discover now