𝐀𝐟𝐭𝐞𝐫 𝐓𝐡𝐞 𝐒𝐭𝐨𝐫𝐦

✥Capitolo due✥

𝘿𝙤𝙫𝙚 𝙋𝙊𝙑

Soltei um suspiro magoada voltando para o lado do Cameron no sofá, fazia exatamente 1 ano que Sofia se separou de nós sem aviso prévio, todos nós estranhamos o ato da garota e tentávamos entender o motivo de ter levado a fazer aquilo. A garota parecia irredutível ao querer falar conosco, tentamos várias vezes, porém todas as vezes fomos ignorados.

— Acha que ela está com algum problema familiar — Cameron tentou justificar a maneira que Sofia nos tratou.

— Lina disse que estava tudo bem na família dela e que também havia notado a mudança da irmã — falei — Sofia nunca foi de nos tratar assim!

— Vamos deixá-la falar algo — Booboo disse.

— Toda essa situação com ela e mudança conosco, me deixa preocupada — indaguei.

— Sei bem, Dov! — olhei para Cameron, soltando um suspiro.

— Logo ela voltará a ser nossa antiga Sofia — era o que queríamos.

Ficamos conversando sobre várias coisas, porém minha mente não saía da Sofia, minha preocupação com ela é enorme ainda mais por não saber o que aconteceu para tudo isso estar acontecendo. Me sinto impotente quando a relação é Sofia, em um dia ela estava normal no trailer em que dormimos e no outro estava distante, nos tratados como fosse nada. Se eu falar que não me senti magoada com aquele afastamento, eu estaria mentindo. Seu distanciamento me afetou de várias formas, me deixou mal por dias, me fez imaginar que a culpa era minha por estar tentando ir além de uma amizade com ela. Não era surpresa para ninguém a minha sexualidade.

Desde do primeiro dia no set houve uma aproximação entre nós, ela foi a primeira pessoa do cast feminino que conversei logo no começo, nossa conversa surgiu por um comentário meu elogiando seu sotaque um pouco estrangeiro. Ali começamos uma conversa por horas, tínhamos muita coisa em comum e estava achando interessante saber mais um pouco sobre ela, que seria minha colega de cena. Em tão pouco tempo surgiu uma amizade entre nós impressionante, a maior parte do tempo que estávamos no set era conversando ou apenas juntas. Estar junto com ela me fazia bem, me deixava com sensações nunca sentidas antes, então deduzia estar criando algo a mais por ela, porém nunca tive coragem de contá-la.

Tempo depois ela se afastou…

Será que ela havia descoberto meus sentimentos e não tinha gostado por isso se afastou?

Balancei minha cabeça tirando aqueles pensamentos, iria descobrir o que estava acontecendo com ela e a ajudaria. Olhei para o enorme espelho a minha frente; China, Cameron, Thomas, Booboo, Dylan e Sofia estavam ao meu lado, estávamos ensaiando a dança de *Night Falls* a dança mais complicada que teria no terceiro filme. Meu olhar caiu para a imagem nítida da Sofia, estava implacável e com uma expressão séria treinando os passos com a espada de madeira, fiquei encarando-a por um tempo tentando decifrar o que se passava. Nada parecia abalá-la.

O que se passava?

[...]

Sai do estúdio com o sol se pondo, caminhei até o estacionamento de forma distraída por estar falando por mensagem com uma das minhas melhores amigas, Verônica. Faltava uns 5 metros para chegar onde estacionei o carro, até escutar duas vozes conhecidas por mim falando, ou melhor discutindo. Ao levantar a cabeça na direção das vozes, vi Sofia e Dianne. Sofia parecia exaltada e seu tom de voz era alto, ao contrário dela, Dianne mantém a calma e falava com uma voz serena. Aos poucos me aproximei delas, que de imediato notaram minha presença.

— Posso saber o que está acontecendo aqui? — intercalei o olhar entre elas.

— Nada que te interessa — a resposta grosseira da Sofia, não me abalou.

— Dianne? — olhei para a garota com descendência asiática ao meu lado.

— Apenas vim convidá-la para uma festa sexta-feira à noite, quando toquei em seu braço ela soltou um gemido de dor. Comecei a questionar o motivo e ela está sendo grossa para responder — direcionei meu olhar, agora preocupado, para Sofia.

— O que houve com seu braço? — perguntei — Di, pode ir eu cuido do resto e te digo a resposta!

— Obrigada Dove! — saiu de perto de nós.

— Se acha que irá conseguir uma resposta minha, está perdendo tempo! — comentou Sofia se virando para sair, a segurei pelo braço impedindo ela sair. Um gemido de dor saiu dos seus lábios, foi a confirmação que algo estava errado — Me solta!

— Não! — falei firme — Não irá sair daqui até contar o que está acontecendo!

— Eu não vou falar! — falou grossa me fuzilando com o olhar.

— Passei esse tempo todo calada, escutando você nos maltratar, pisando em nós como se não fosse nada! Simplesmente cansei de ver você me tratar assim — minha voz saiu raivosa — Me diga, Sofia… Porque está assim comigo? Me diz o que fiz para merecer esse tratamento? Me diga logo e eu te deixo ir embora! Não te procuro mais ou lhe forço a fazer nada — pedi.

Silêncio se fez presente, nossos olhares se cruzaram e podia notar a briga interna que ela estava tendo com si. Por um segundo me senti mal por ter agido daquela forma, porém se aquilo fosse fazer ela contar a verdade, seria a forma que eu faria. Ficamos nos encarando por um tempo considerável, até um suspiro cansado sair dos seus lábios, como se preparasse para contar o que estava acontecendo, notei seus olhos sair dos meus e ir por cima do meu ombro, seu corpo tremeu e seu olhar agora mostrava desespero.

— Dov… não posso falar — me olhou novamente — Por favor, me deixe ir… — seus olhos suplicavam, o medo refletia neles e as lágrimas começavam a se acumular — Chlo, por favor…

Aquele apelido…

Soltei meu aperto do seu braço, vendo seu agradecimento baixo e logo saiu correndo até o carro, entrou e saiu o mais rápido dali. Virei-me atrás do que pode ter feito ela ficar daquela forma. Nada. Estava vazio o estacionamento além de mim.

O que ela tinha visto para agir daquela forma?

[...]