✥Capitolo diciassette✥

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𝘿𝙤𝙫𝙚 𝙋𝙊𝙑

Uma semana se passou desde o chá revelação, e com ela chegou o dia de Ação de Graças. Uma data comemorativa esperada pela maior parte da população do país, menos por mim. Uma semana se passou e com ela veio a melancolia que essa data traz para mim, todas as lembranças, o trauma e a saudade. Estou acordada faz quase uma hora, me despertei no exato momento em que minha morena saiu da cama, porém, não tive coragem de sair da cama e enfrentar o dia de hoje.

Meus olhos observam a neve cair fina pelo lado de fora da janela, o dia amanheceu escuro, feio e fechado. Talvez seja um reflexo da minha tristeza, como se o que eu sentisse refletisse na natureza. Um longo suspiro escapou dos meus lábios, esse é o primeiro ano que não vou para Seattle no dia de Ação de Graças. Não sei se é um caminho para a cura ou o caminho para me sentir pior do que antes.

A porta é aberta devagar, a pessoa do outro lado tem receio de fazer barulho e me acordar. Quem me dera estar dormindo. Logo, a fragrância inebriante da mulher que amo invade todo o quarto, avisando sobre sua chegada. Aos poucos vou me virando na cama para olhá-la, sabia que meus minutos mergulhada sozinha na minha própria tristeza acabaram e que nos próximos minutos eu estaria fora dessa cama mesmo a contragosto.

- Ei, você está acordada - falou fechando a porta e vindo na minha direção - Eu te acordei?

- Não, de jeito nenhum - respondi rapidamente - Apenas perdi o sono quando você saiu da cama, mas fiquei com preguiça para descer. Bom dia, vida - desejei forçando um sorriso, o que passou despercebido por ela.

- Bom dia, linda - curvou-se na cama para deixar um beijo na minha testa, fechei os olhos com o contato - Imagino que queira ficar mais tempo deitada na cama, porém, serei obrigada a te tirar dela - fiz um bico, abrindo os olhos para encará-la - Não é culpa minha. Cass está aí e está te procurando com urgência, não sei o que houve. Mas pelo jeito que ela está é algo sério - franzo o cenho confusa. O que Cass está fazendo na minha casa a essa hora da manhã?

- Diga a ela que estou descendo - começo a tirar o lençol de cima do meu corpo - O pessoal já acordou? - questionei botando as pernas para fora da cama.

- Não, pelo visto chegaram tarde ontem da festa - escuto ela bufar, me fazendo rir fraco.

- Amor, aceita que a Lina é independente e está procurando namoradinhos. Não é só você que pode namorar - indago, vendo ela sentar na cama.

- O nosso filho irá namorar depois dos 40 anos! - fala séria e com um bico nos lábios.

- Qual será seu argumento para isso? - questionei adentrando o closet.

- Irei falar que namorar traz algumas doenças, inclusive uma na boca que faz perder a capacidade de falar! - gargalho com sua resposta - Não ri, vida!

- Desculpa, mas foi engraçado. Estou vendo que você será aquele tipo de mãe super protetora, ciumenta e coruja - saio do closet vestindo um casaco. O olhar dela queima no meu abdômen e passeia por todo meu corpo - Vou escovar meus dentes para descer.

- Agiliza, seu filho está agitado e me dando vários chutes. Além do mais, eu quero meu beijo - escuto a voz dela distante, contudo consigo escutar cada palavra sendo proferida com nitidez.

- Acostumei vocês dois mal! - exclamo.

[...]

- Pronto - saio do banheiro atraindo seu olhar. Escolhi uma calça de moletom e o casaco fino de moletom inspirado na música da Mal em descendentes. Me aproximo dela e me agachei ficando na sua altura. Coloco uma mexa do seu cabelo solto atrás da orelha, meu dedo desliza para sua bochecha para no fim nossos lábios se encontrarem pela primeira vez no dia.

𝐀𝐟𝐭𝐞𝐫 𝐓𝐡𝐞 𝐒𝐭𝐨𝐫𝐦Where stories live. Discover now