3

642 65 5
                                    

LUKE

Meus olhos parecem ter ganho algum peso durante a noite. Eu mal consigo abri-los de tão pesado.

— Ressaca?

Ouvir a voz de alguém é como mil marteladas dentro da minha cabeça. Exagerei demais ontem na festa de um dos meus companheiros de equipe. Todo mundo se sentiu muito livre para beber porque não vamos treinar hoje.

— Aspirina, por favor? — Ainda estou de olhos fechados jogado no sofá da sala.

Ressaca é algo que não deveria existir, porra é pior do que as pancadas que levo em campo.

— Você tem idade para se levantar e pegar. — Matthew me responde.

Isso me força a abrir os olhos e o ver pronto para ir trabalhar. Terno alinhado, cabelo arrumado com gel. Ele é como a cópia do nosso pai, e ao mesmo tempo a versão masculina da nossa mãe.

Talvez porque nossos pais sejam extremamente parecidos não só fisicamente, mas em personalidade. É toda uma linhagem de advogados dos dois lados.

Foram eles os responsáveis por unir a Evans & Baker em um só escritório. E Matthew agora é o responsável pelo escritório de Los Angeles.

O orgulho da família. Seguindo os passos dos pais.

Já eu sou o primeiro homem a não se formar em direito, dos dois lados da família, desde nossos bisavós. Eu me orgulho disso, já meu pai...

— Vai conseguir o contato do Sebastian pra mim? Se ele está em Nevada ou aqui, um número de telefone. — Pedi isso a ele ontem, mas estou reforçando o pedido.

Matthew está segurando uma xícara de café em uma mão e sua pasta na outra. — Luke, você sabe que está bloqueado por ele por um bom motivo. Certo?

Eu sei, mas já faz quatro anos, todo mundo seguiu em frente, a irmã dele está noiva. Só quero saber como meu amigo está agora, e sua esposa Jess, e minha afilhada. Foda-se, eu sou um péssimo padrinho. Mary deve ter uns cinco anos agora.

— O que garotas de cinco anos gostam? Preciso comprar presentes quando for ver Mary, dezenas deles.

— Primeiro, você nem sabe se vai vê-la. Segundo, Jessica vai socar esses presentes no seu cu.

Ele tem um ponto. Sebastian deve me odiar, mas Jessica é outro nível de raiva.

Se por um lado, Sebas me bloqueou quatro anos atrás, Jessica me mandou as mensagens mais agressivas me lembrando o quanto eu era um lixo.

— E terceiro, já que quer gastar seus milhões em algo comece indo fazer compras hoje. A geladeira está vazia e nem todo mundo está de folga em uma quarta-feira.

Milhões soa como uma boa palavra. Apesar da minha temporada mediana eu fui selecionado na segunda rodada com um acordo para receber seis milhões por meus quatro anos de contrato e mais o bônus de contrato de cinco milhões que serão pagos durante o primeiro ano.

Quase dois milhões por ano não soam nada mal. E ainda tem o bônus de cinco milhões a receber no primeiro ano de contrato. Ou seja, estou recebendo praticamente quinhentos mil dólares por mês durante o primeiro ano e cerca de cento e cinquenta mil por mês nos próximos.

Eu não costumo ser bom em matemática, mas esses números acabam deslumbrando um pouco e não sou capaz de esquecê-los.

— Luke, você ouviu? Compras. — Matthew repete.

— Não podemos pagar alguém para fazer isso? Eu odeio ir ao mercado.

— Não.

Eu grunho e enfio o rosto no encosto no sofá. Ele é tão chato.

De volta à minha vida (Metrópoles #4)Where stories live. Discover now