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LUKE

Por um momento parece que Sofia vai me responder, mas então ela franze a testa. — Eu sei o que vim dizer, e não vou mudar de ideia, mas eu realmente estou curiosa sobre sua ex estar na sua casa.

Ela não ser clara comigo de uma vez é irritante, mas também acho que há coisas que eu devo contar.

— Gwyneth ficou grávida no ano passado, foi como um sonho, durante algumas semanas e depois ele se foi...

As únicas pessoas para quem eu contei isso, além das pessoas da faculdade, foram minha mãe e Matthew. É estranho falar disso para outra pessoa tão próxima a mim.

Os lábios de Sofia se abrem acompanhando sua expressão de completa surpresa. Ela os fecha novamente, e depois abre, e então fecha mais uma vez.

— Sei que perguntei, mas se não se sentir a vontade para contar, está bem...

Balanço a cabeça negando. — Eu já queria ter te contado, mas não tivemos tanto tempo. — Encosto o meu rosto no ombro dela enquanto a abraço. — Foi no início da temporada. Não me imaginava sendo pai naquele momento, quando eu disse que ter uma família, perder coisas para ter uma família cedo como Jess e Sebas, me apavorava, era muito sério. Mas quando Gwyneth me contou eu senti que podíamos ser ótimos pais.

Hoje mais cedo quando estava me sentindo culpado por não estar sofrendo tanto quanto Gwyneth parecia que todos esses sentimentos estavam guardados, porque minha preocupação atual era Sofia. Mas agora que Sofia está aqui, segura comigo, relembrar os sentimentos do último ano parecem tão reais de novo.

Uma mão de Sofia passa por meu cabelo, seus dedos passando devagar entre eles. Ela não diz nada, está esperando que eu continue.

— Smith e a filha do treinador Irvine estavam  conseguindo conciliar tudo, então naquele momento pareceu muito possível. Eu fiquei muito animado em ser pai, nós começamos a imaginar nossa vida com um bebê nela e então algumas semanas depois...

Não quero usar as palavras, não quero lembrar tão nitidamente daquele momento de novo. De receber uma ligação de uma amiga de Gwyneth quando eu estava no treino, correr até o hospital e não ter nada que pudéssemos fazer.

— Meio que os acontecimentos naquele dia determinaram o resto do nosso ano. Nós estávamos arrasados, obviamente Gwyneth estava mais.  Mas foi difícil para nós dois os estudos foram afetados, nosso relacionamento, até meu desempenho no futebol mudou.

— Droga, foi por isso que... Lucas...

A mão de Sofia que estava fazendo carinho em meu rosto, meu cabelo, se afasta e ela me olha seria.

— Eu escrevi criticando sua temporada passada, e você estav.a... me desculpa. Eu sinto muito de verdade. Eu...

Ela não continua suas desculpas, ao invés disso me abraça, muito forte. E pela primeira vez desde que tudo aconteceu me sinto confortável em ser frágil.

Não que minha ex-namorada não tenha me deixado confortável, mas sempre tentei ficar firme e deixar que ela vivesse o luto. Achei que um de nós tinha que ser forte. E não tinha amigos muito próximos na universidade com quem desabafar.

Então só fui guardando o que senti naquele momento até que ele passasse e a vida seguisse. E ela seguiu...

Hoje mesmo quando Gwyneth veio eu estava mais focado em outras coisas, para ser honesto, em Sofia, e não estava sentindo o mesmo que ela. Mas falar disso agora com alguém que não sabia de nada é como reabrir uma ferida.

— Porra...

É a única coisa que consigo murmurar enquanto sou abraçado por Sofia e minha garganta parece se fechar em um choro que estive segurando. Deixo o choro vir.

De volta à minha vida (Metrópoles #4)Where stories live. Discover now