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SOFIA

Estou tentando ignorar as ligações da minha mãe a manhã toda. Prometi a mim mesma que nunca mais atenderia e prometi a Sebas também.

Mas minha mãe está sendo insistente e penso se pode ser algo importante. Ou talvez ela só queira que eu a convide para passar uns dias em Los Angeles.

Quando toca mais uma vez eu desisto de resistir e atendo.

— O que foi?

Não há um "oi mãe" ou "tudo bem mãe", nossa relação ao longo dos anos se tornou nula.

— Sofia, seu pai precisa de ajuda.

Eu não deveria ter atendido. São sempre as mesmas palavras.

— Não. — Eu digo firme.

— Eles vão matar seu pai, estão com ele desde ontem e não vão o deixar sair se não pagar a dívida.

Claro que ele se endividou com jogo de novo. É claro que quase meio milhão de dólares que agora devo ao Ian não foi suficiente para ele.

— Quanto? — Pergunto para sanar minha curiosidade.

— Sessenta mil.

— Eu não tenho esse dinheiro. — Digo a ela. — Meu Deus como você continua com ele? Ele arruinou a sua vida, a minha, e afastou completamente Sebastian de vocês. Isso porque ele nem sabe tudo.

— Peça ao Ian.

Ela ignora totalmente o que eu acabo de dizer sobre ela, Sebastian e eu. Como ela pode ter ficado tão cega? Esse é um relacionamento fracassado em função dos vícios dele. Sei que talvez ela só não consiga sair e nada que eu diga vai mudar isso.

— Não posso pedir a ele, você sabe o quanto devo, não vou aumentar minha dívida. — De jeito nenhum vou ligar para ele.

Inclusive, faltam só quatro dias para ele chegar.

— Então vai deixar seu pai morrer?

Não. Ele ainda é meu pai, eu não posso ignorar isso.

— Me envia uma mensagem falando qual cassino, eu vou dar um jeito.

Desligo antes que ela possa dizer mais alguma coisa. Está na hora do meu almoço, então vou ter que sair agora e matar o trabalho na parte da tarde.

Pego minha bolsa e deixo o andar da revista rumo ao elevador e depois saio do edifício.

— Ei, aonde está indo com tanta pressa?

— O que está fazendo aqui?

Lucas faz uma careta diante da forma um pouco agressiva que faço a pergunta. Ele dá mais alguns passos em minha direção.

— Sério? Só tenho quatro dias, pensei em almoçarmos juntos.

Ouvi-lo dizer que só tem quatro dias me faz esquecer por um momento do meu outro problema. Eu quero dizer a ele que gostaria que tivéssemos mais tempo, mas não posso.

— Tenho um compromisso. — Eu digo a ele e olho para o celular, minha mãe acaba de mandar uma mensagem.

O celular de repente é tirado da minha mão. — Eu conheço esse seu olhar. — Lucas lê a mensagem. — Você não tem que resolver isso, não tem que cuidar de todo mundo. Eu sempre te disse isso.

E ele sempre esteve certo. Mas ele não entende que se eu não for Ian vai ficar sabendo e vai pagar a divida e usar isso para me prender ainda mais.

— Eu estou indo, Lucas.

De volta à minha vida (Metrópoles #4)Where stories live. Discover now