De volta à minha vida (Metrópoles #4)

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SOFIA

6 anos e 2 meses antes

Estou ansiosa. Meus pais e Sebastian foram conversar com os pais da Jessica.

Meu irmão e minha melhor amiga estavam muito nervosos hoje. Consequentemente eu também fiquei e por isso estou comendo uma  pizza sozinha enquanto vejo um filme na casa da árvore.

A casa na árvore que meu pai sempre diz que vai desmontar porque não temos mais idade para ela.

— Sofia?!

Lucas está aqui. Achei que ele não conseguiria vir hoje.

Coloco meu rosto pela janela da casinha. — Aqui em cima!

Ele aparece no jardim e então sobe pelas escadas até estar dentro da casinha comigo. Não preciso me abaixar tanto aqui dentro, mas Lucas sim, ele é muito alto.

— Está se escondendo?

Dou um dar de ombros leve e suspiro como se estivesse segurando a respiração desde que minha família saiu. — Acho que sim. Estou com um pouco de medo de como vai ser lá, o futuro do Sebas e da Jess está se tornando uma bagunça. Eu fico muito pensando se podia ter aconselhado Jess melhor como amiga. E eu também deveria estar lá hoje para dar apoio e ajudar na conversa.

Lucas se senta ao meu lado e eu movo meu rosto em direção ao dele juntando nossos lábios. A mão dele encontra minha nuca enquanto nossas línguas se entrelaçam em um beijo demorado.

Daqueles que me faz querer começar uns amassos e ao mesmo tempo ficar com medo disso.

— Não fique preocupada. Jess e Sebastian erraram, mas não é o fim do mundo. — Lucas me abraça um pouco e eu ergo a caixa de pizza para ele. — Sei que ama os dois, eu também amo, mas você tem que parar de colocar sobre você responsabilidade em relação aos problemas deles.

Não é isso que estou fazendo, só estou preocupada. Eu me coloco no lugar deles.

— Não é o fim do mundo, mas pode ser o fim de vários sonhos para pessoas como nós. Não podemos nos dar ao luxo de errar, principalmente nós garotas. — Tento ser clara com ele sobre as minhas preocupações. Não é culpa dele não entender a nossa realidade. — Meninas da periferia são assim, todos estão sempre esperando nosso erro. Nós somos aquelas que todos tem certeza que vão transar e engravidar, ou ganharão uma doença, ou então vão ficar com um cara e ele vai a deixar após transarem e todos vão dizer como foi idiota.

— Certo. Eu não sou da periferia, muito menos uma mulher, não sei como é difícil para vocês. Mas...

Lucas me tira do seu abraço e me encara, acho que está decidindo se deve ou não me perguntar, o que me deixa curiosa.

— Isso é sobre nós também, certo? Não só sobre Jess e Sebastian.

Ele reparou, claro que reparou. Sempre dou um jeito de me esquivar.

— Me desculpa. — Não deveria ser tão vergonhoso admitir isso.

— Então você acha que se transarmos eu vou te deixar?

Não. Sim. Talvez.

Droga. Ele está chateado agora e já está começando a se mover para sair. E eu entendo, nós estamos juntos há um tempinho, eu deveria confiar que isso não vai acontecer.