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SOFIA

Ian entra no apartamento justamente quando estou pronta para ir trabalhar.

Ele saiu há apenas vinte e quatro horas e está de volta. Muita coisa aconteceu nessas horas, Lucas esteve aqui e se foi, e o mais preocupante é que ele está quieto desde então.

Talvez ele só esteja respeitando minha decisão, mas pelas palavras dele antes de sair não acredito nisso. Achei que ele falaria com Sebas, mas também não recebi mensagem ou ligação dele depois de ontem.

— Cheguei bem a tempo. — Ian sorri parecendo o mesmo filho da puta sádico e doentio de sempre.

Como ele pode fingir sempre que está tudo bem? Que ele não está me ameaçando e me comprando?

Quando coloco um sorriso falso no rosto penso se sou doentia também.

— A tempo de que exatamente?

— De dar um beijo na minha noiva.

Isso é algo que eu detesto. Ian é bonito e charmoso a primeira vista, mas todo o resto que conheço dele torna impossível sentir algum prazer em ter qualquer contato físico com ele.

Ainda assim ando até ele e permito que ele faça isso. Enquanto me beija sinto os dedos dele percorrendo meu pescoço, não com carinho e não com agressão, ele está analisando.

Minha roupa cobre quase todo hematoma e o que poderia aparecer consegui cobrir com maquiagem.

Ele parece satisfeito com isso quando sorri depois do beijo, mas seu olhar escurece de repente. — Soube que recebeu uma visita ontem.

É claro que ele soube. Não há nada que ele não saiba.

— Eu não o chamei, não liguei, ele só apareceu. Tentei evitar uma cena dele lá embaixo e pedi para subir, mas ele não ficou mais do que cinco minutos. Nada aconteceu. — Tento soar firme e convincente. Até porque é a verdade, nada aconteceu. — Espero que acredite em mim.

— Sobre o que conversaram?

Dou um dar de ombros para parecer relaxada. — Ele queria que eu te deixasse para ficar com ele e eu disse não, ele insistiu e eu continuei dizendo não. E então ele se foi. Esse assunto está encerrado.

Uma voz no meu subconsciente parece me perguntar se acredito mesmo nisso.

— Muito bom. Estou feliz que esteja prezando pelo nosso casamento.

A mão de Ian desce por meu corpo e ele me enlaça pela cintura. O rosto dele se encaixa entre meu pescoço e meu ombro.

— Tenho uma surpresa quando voltar do trabalho hoje.

Odeio surpresas. Quer dizer, eu odeio surpresas quando elas vem de Ian porque isso pode ser uma jóia nova, um jantar chato de negócios, ou então uma surra.

— O que é? — Pergunto sabendo que isso é inútil.

Ele ri e então a mão dele desliza para minha bunda a apalpando. Me sinto muito barata quando permito que ele me toque. Sua mão se move um instante e ele me dá um pequeno tapa.

— Vá trabalhar e descubra mais tarde.

Ian parece tão natural quando diz isso e me solta, como se nossa vida fosse assim, simples.

— Até mais tarde.

Sorrio para ele e pego a bolsa no sofá da sala.

A manhã no trabalho é tranquila, tão tranquila quanto se pode ser quando Kurt está enlouquecendo por causa de um evento, e quando minha editora-chefe está me cobrando uma matéria sobre Barbiecore. Com certeza melhor do que estar em casa.

De volta à minha vida (Metrópoles #4)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora