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SOFIA

O olhar de Ian é o mesmo que dava antes de me agredir. É raiva pura.

Meu coração está batendo acelerado. Medo? Adrenalina?

— Sabe que não é assim que funciona. — Ele se inclina e sussurra para mim.

— Acho que é exatamente assim que funciona. — Falo sem sussurrar.

Ele se endireita novamente e olha ao redor procurando a reação das pessoas com a atenção voltada completamente para nós dois no altar. E eu sei que ele não vai fazer nada comigo na frente delas, então me viro em suas direções.

Vejo meus pais com olhares exasperados, Angelina parecendo surpresa, Trevor segurando um sorriso, e vários rostos desconhecidos. Mas tem um, ao fundo do jardim, encostado em uma parede que eu reconheço.

Eu disse para Lucas esperar lá fora.

Desvio o olhar rápido para Ian não notar a presença dele também. Em seguida, guiada pelo impulso, tiro o microfone da mão do cerimonialista.

— Sinto muito por todos vocês, convidados do senhor Lowell, terem perdido tempo vindo até aqui, mas o casamento não vai acontecer. — Dou uma satisfação aos convidados. — Ian Lowell não é alguém com quem eu poderia me casar, ele é manipulador e nada do homem que parece ser para quem olha de fora, e eu poderia dizer mais coisas para dizer porque ele não é o noivo dos sonhos, mas acho que Ian prefere que eu pare, não é? Mas se ele quiser tenho muito a falar sobre como...

— Pare com isso! Chega, porra!

Ele perde a compostura ao arrancar o microfone da minha mão. Eis aí o verdadeiro Ian Lowell, na frente de todos.

— Nós vamos nos casar e você sabe porque. — Ele é tão ameaçador, mas agora que estou decidida, isso não me assusta.

— Vá se foder.

São minhas três últimas palavras para ele antes de sair do altar segurando um pouco o ridículo vestido de princesa que estou usando. Minha mãe faz menção de vir em minha direção, mas ergo uma mão e sinalizo para ela ficar longe.

Meu foco está em chegar ao homem que se desencontrou do muro e está sorrindo, me esperando para darmos o fora daqui.

Eu mal chego a ele e seguro sua mão, desesperada para abraçá-lo, quando Ian chega até nós também.

— Você tem um contrato e uma dívida comigo, sua vadia. — Ele diz sem gritar. — Não ache que vai sair disso para trepar com seu namoradinho de adolescência.

A mão dele segura meu braço, muito forte, pronto para me puxar. Mas então Lucas o empurra, e por mais que eu quisesse evitar justamente isso quando o pedi para esperar lá fora, um lado meu está aliviado que ele esteja aqui.

— Você nunca mais vai tocar nela ou dirigir a palavra a ela. Esqueça que a conheceu. — Lucas não grita.

Ele nunca foi de brigas, mas ele se impõe, mas também o homem é uma parede de músculos e alto. Ele nunca precisou de muito para se impor.

Ian cambaleia um pouco com o empurrão, mas ao invés de ficar quieto ele decide abrir a boca. — Ou o que? Ela assinou um contrato. Ela se vendeu por dinheiro.

Dessa vez Lucas acerta um soco certeiro na boca de Ian.

— Eu posso fazer isso o dia todo. — Ele diz em seguida. — Mas que tal nos deixar sair agora em paz? Acho que sabe que aquele contrato é completamente ilegal e agora sua conversa sobre a dívida e sobre esse contrato será diretamente com o advogado dela.

De volta à minha vida (Metrópoles #4)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora