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LUCAS

Lucas, essa é a última vez que te mando algo, dessa vez não vou te implorar nada, depois que eu te enviar isso espero que nós nunca mais tenhamos que saber nada um do outro.

Sofia olha para trás surpresa ao se escutar. Eu guardei esse áudio dela porque no início eu precisava me dizer que quando ela finalmente colocou um ponto final não tinha mais nada me prendendo ao passado. Que eu tinha feito a escolha certa.

Eu passei noites e noites sem dormir pensando em tudo, dias me sentindo mal, pensando o que eu fiz de errado. — A voz dela está chorosa no áudio e ela respira fundo. — Mas agora eu percebi que não vou sentir culpa, só lamentar todo tempo que perdi nesse relacionamento. Lamentar ter sido tão boa e no fim você virar as costas e ir. Pela tatuagem que fiz com você, por cada mensagem fofa, cada carta, cada vez que me esforcei para estarmos juntos. Por talvez ter deixado de conhecer pessoas incríveis porque eu estava perdendo meu tempo com alguém que me deixaria num piscar de olhos.

Sofia finalmente fecha a porta e volta para dentro da casa. Se aproximando de mim.

Então é isso Lucas, não teve um depois para nós, você desperdiçou cada ano, cada mês, cada dia e cada lembrança. É a minha vez de esquecer tudo. — Mais um suspiro dela. — Bom, acho que isso é um adeus. Só espero que o que você fez ao menos valha a pena.

E o áudio termina. Estico minha mão esperando que ela venha porque essa conversa ainda não terminou.

A mão dela pega a minha e eu a puxo fazendo o que queria ter feito na manhã que ela acordou aqui. A abraço e enterro meu rosto em seu cabelo.

— Eu sinto muito por ter sido covarde e não fazer isso olhando nos seus olhos, mas eu não conseguiria. — Me desculpo finalmente.

— Valeu a pena certo? — Ela resmunga

Com certeza isso é sobre o que ela disse no final do áudio. Só espero que o que você fez ao menos valha a pena.

— Valeu a pena para realizar meu sonho de jogar, mas o custo foi alto. Eu tive que te apagar, é por isso que apaguei a tatuagem, eu não podia ficar lá lembrando de você. — Tento me justificar, mas sei que não é suficiente.

As mãos de Sofia se apertam em torno do meu tronco e estão agarrando minha camiseta.

— Tentei não me sentir culpado por isso, mas desde que a gente se reencontrou aqui isso tem me deixado pensativo. Me desculpa pelo que fiz. — Eu continuo.

Ela se afasta um pouco e dá um tapa em meu ombro. Um que sei que mereci.

Os olhos dela estão brilhando com lágrimas, o que me deixa sem saber como reagir.

— Você estragou tudo. Eu senti tanto a sua falta, precisei tanto de você.

A dor na voz dela é insuportável. Ela está me encarando agora e eu  me inclino para a olhar mais perto.

— Nenhuma desculpa vai ser o suficiente, certo?

Ela move a cabeça negando e eu a abraço de novo. É esse segundo abraço que muda tudo.

É diferente o modo como eu a envolvo em meus braços e ela se encaixa a eles. E como sei que ela está nas pontas dos pés quando seu rosto se encaixa na curva do meu pescoço.

Sei o que estou fazendo quando movo meu rosto. Ela também sabe. E mesmo assim continuamos até nossos lábios se tocarem.

Beijar Sofia sempre pareceu dar sentido ao meu mundo, e quando fecho meus olhos a sensação de ter a língua dela rodeando a minha é de me encontrar de novo. E o estranho é que eu nem sabia que estava perdido.

De volta à minha vida (Metrópoles #4)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora