Planos

896 55 47
                                    

— Veio se redimir dos pecados, Léo? — Renato o cumprimentou. — Bem-vindo de volta, cara.

— Só vim beber um pouco.

— Então está no lugar certo! Só não fique lamentando o término com aquela gata.

— Cara, deixe ela em paz. Eu fui um idiota.

— O seu pai disse que você apareceria aqui. No fundo nada mudou, cara. Você sempre volta para a vida antiga.

— Não mais. Eu vou embora — Leonardo levou uma das mãos ao bolso.

— Acha que ela vai te receber de braços abertos? Foi mal, mas você é bem otário por pensar assim. Suspeitei que faria isso. Gabriel, Guilherme, segurem ele! — Renato ordenou. — Você não vai embora. Lembra da sua dívida?

— Vim aqui para resolver isso — ele tirou a carteira do bolso e entregou mil reais para o líder do grupo. — Quero me livrar de quem eu era de uma vez por todas.

— Está pago, cara — Renato guardou o dinheiro no bolso e pegou uma garrafa de cerveja para ele. — Que tal uma bebida pelos velhos tempos?

— Não quero. Obrigado — Leonardo saiu do bar e foi seguido por Gabriel e Guilherme, que o agrediram a mando do pai.

A dupla quebrou duas costelas dele e o deixaram no meio da rua. Uma mulher que passava pela rua chamou uma ambulância para ele, que foi levado para o hospital mais próximo. A dor foi insuportável.

Marcelo entrou no quarto onde o filho ficaria em observação e o encontrou acordado.

— Que merda você fez?

— Foi você que mandou eles fazerem isso — Leonardo respirou fundo e sentiu incômodo na região das fraturas.

— Os fracos sempre gostam de um drama. Caiu de uma escada, não é?

— Eu fui agredido. Vá embora, por favor.

— Por que eu iria? Talvez você precise de ajuda para comer depois de alguém quebrar os seus dentes — Marcelo ameaçou.

— Você é covarde! Covarde e criminoso.

— Você também é, Léo. Não se esqueça que temos o mesmo sangue.

— Infelizmente — Leonardo ironizou. — Mas um dia vou te ver pagando por tudo, inclusive pelas vezes que me agrediu quando eu era pequeno. Acha que esqueci?

Depois do divórcio, Marcelo passou a descontar todas as frustrações no menino. A mãe dele faleceu pouco tempo depois da separação, deixando o menino completamente sozinho com o pai.

Leonardo perdeu parte da infância em um colégio militar de alta rigidez. O homem justificava que o filho precisava de disciplina e limites, mas ele era bem diferente. Era gentil e amável. Porém, com o tempo, a rotina de violência e ameaças se tornou parte da vida dele. O garoto passou a achar normal ser como o pai.

Ele conheceu Anna quando se mudou para uma escola comum. Uma vez livre dos militares, melhorou as relações com as pessoas, fez novos amigos e se apaixonou pela garota que mudou a vida dele. Todos gostavam dela. Anna era encantadora, dedicada e inteligente.

Os problemas que ele enfrentava dentro de casa desapareciam quando os dois estavam juntos. Ela despertou a melhor versão de Leonardo e construíram um relacionamento bonito e forte. Porém, a rotina com o pai continuava a mesma. As cobranças para voltar ao colégio militar não pararam até o dia em que o garoto deu um basta. Disse a Marcelo que não queria ser policial ou fazer parte do exército. Não era um plano para a vida dele.

More Than One Night | Mason MountOnde as histórias ganham vida. Descobre agora