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04. LIGAÇÃO
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"Ao menos um", era o que ele tinha dito. "Ao menos um ele queria ver sofrer".

Shoyo estendeu a mão e tocou os fios castanhos de sua raposinha. A face magra permaneceu adormecida, livre de pesadelos por sua magia. Já faziam dois dias desde que Atsumu tinha se tornado seu novo concubino.

Talvez o poder em seu sangue, da ligação, tivesse sido demais. Talvez devesse ter esperado uns dias.

Mas não queria que ele mudasse de ideia.

Shoyo olhou ao redor do quarto vazio, exceto pela cama em que se apoiava e Atsumu dormia. Criá-lo tinha sido fácil como respirar, mas decorar ficaria a cargo da raposa. Talvez fosse uma boa ideia chamar logo os mercadores ao seu palácio. Sim, devia fazer isso.

Eles tinham que estar ali quando Atsumu acordasse. Para tornar aquele bloco de gelo um lugar aconchegante.

Quando Atsumu se moveu na cama, estremecendo, Shoyo soube que era de frio. Não tinham como ser pesadelos pois estava monitorando essa parte. O príncipe se moveu, indo buscar um cobertor a mais. Ele apoiou o tecido e o amontoou ao redor da raposa.

Era melhor sair agora. A temperatura iria baixar mais se ficasse mais tempo.

Dessa forma, com mais um carinho nos fios escuros, Shoyo saiu do quarto da raposa.

"Ao menos um", ele tinha dito. Shoyo iria atrás de todos.

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O teto era azul.

Foi o primeiro pensamento de Atsumu ao despertar. O segundo foi que estava com calor. O terceiro foi que aquela era a cama mais confortável em que já se deitou.

Espere, cama? Quando ele tinha...

Memórias voltaram à tona. O barão, o príncipe, a tortura e o sangue. O fato de ser agora um concubino caiu sobre si. Ainda não sabia o que era e o que fazia um.

— Ah, você está acordado?

A voz soou abafada, como se estivesse debaixo d'água. Foi aí que Atsumu percebeu que era ele que estava errado. Tinha uma sensação esquisita nele... A raposa moveu a cabeça e o som melhorou um pouco.

Ué, como tinha acabado deitado em cima de sua orelha? Ao menos que estivesse de cabeça para baixo... Não, tinha certeza que não estava de cabeça para baixo.

Um rosto bonito; de pele um pouco marrom claro, olhos azuis escuros e curtos cabelos negros repicados apareceu em seu campo de visão. Os contornos... Não estava tão nítido como de costume.

— Consegue se sentar?

Acenou fracamente com a cabeça que sim, se sentando com a ajuda do estranho logo em seguida. O movimento o fez perceber mais algo errado.

Sua cauda... Onde estava sua cauda?

Atsumu começou a hiperventilar e tremer. Seu coração se encheu de um medo terrível. Sua cauda, onde estava? Onde estava? Onde estava? Sua cauda não. Ela não.

E o cheiro de seu medo. Não estava sentindo ele também. E até suas garras, percebeu ao fechar as mãos com força, tinham sumido.

Ele tinha sido brutalizado novamente?

— Okay, acalme-se — disse o estranho bonito.

— Eu... Eu... O quê, o que...

— Você está em forma humana.

O Reinado da Raposa (AtsuHina)Where stories live. Discover now