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07. CHANCE
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A temperatura baixou a tal ponto que a respiração de Atsumu estava se condensando à sua frente. Todos os risos e conversas cessaram com o aparecimento do Quarto Príncipe.

Ele ressurgiu bem na ponta da mesa. A mão que ele apoiou na superfície fez uma fina camada de gelo se formar ao redor.

— Eu perguntei — disse pausadamente — o que você está fazendo?

A criada soltou um guincho assustado. Atsumu estava do mesmo jeito.

— Isso, Vossa Alteza, é, é.. — gaguejou ela. — Houve um acidente na cozinha e esta torta teve que ser refeita. Eu apenas vim entregar ela.

— É mesmo?

A temperatura baixou mais.

— Sim, Vossa Alteza, lhe juro.

— Mentira. — Fui um sussurro, mas deixou todos alertas. — Quem mandou você?

— Isso, Vossa Alteza, isso, isso não...

— Fale.

As feições da criada suavizaram, o brilho em seus olhos desapareceu. Ela parecia uma boneca.

— Foi o marquês Suzuki.

— E qual tipo de veneno ele usou?

— Erva-de-São-Cristóvão.

— Quem era o alvo?

— O sexto.

Sexto... Sexto concubino. O alvo era Atsumu.

— Você foi ameaçada para fazer isso?

— Não, eu mesma me ofereci.

— Qual sua motivação?

— Eu queria jóias.

Jóias. A moça estava disposta a tirar a vida de Atsumu por jóias. Não deveria ser tão chocante assim, já haviam tentado por muito menos.

Sua Alteza Hinata deu a volta na mesa, até parar ao lado da cadeira de Atsumu. Ele pegou uma colher e a enfiou na torta, pegando um bom pedaço e comendo logo em seguida.

— É doce — foi o que disse.

O brilho voltou aos olhos da criada. Suas mãos bambearam e ela largou o assado. Antes que a sobremesa atingisse o chão ela se tornou um punhado de neve, que foi levado pelo vento. Os olhos da moça se arregalaram, mas não demoraram a ficar vítreos novamente.

Mas dessa vez não era o príncipe em sua mente. Era o gelo.

Ela estava congelando de dentro para fora.

Uma fina camada branca cobriu sua pele, os olhos refletiam luz como um pedaço de vidro. Ela ficou imóvel. Transformada em uma estátua por um mero pensamento de Sua Alteza.

— Que problemático — suspirou o príncipe. Seu suspiro fez o corpo de gelo se desfazer, sendo varrido para longe pelo mesmo vento de antes.

Ele não dirigiu um olhar aos seus concubinos antes de começar a andar para longe. Mas então parou e voltou.

— Posso falar com você?

Atsumu demorou a perceber que Sua Alteza estava falando com ele. E que estava estendendo sua mão para a raposa. Atsumu olhou nervosamente para os lados, mas só encontrou olhares de encorajamento. Depois de um certo tempo, ele enfim pousou sua mão sobre a do príncipe e deixou que ele lhe guiasse.

Foi uma caminhada curta, mas pareceu uma eternidade. Quando se aproximaram das temíveis portas-duplas, estas se abriram sem nem precisarem ser tocadas. E quando passaram, elas tornaram a se fechar. Sua Alteza continuou o guiando até que Atsumu estivesse sentado em uma cadeira acolchoada e quentinha. O príncipe se recostou em algo que a raposa não conseguiu discernir.

O Reinado da Raposa (AtsuHina)Where stories live. Discover now