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10. OIKAWA
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Atsumu foi transportado, com apenas um olhar, para algumas lembranças sombrias. Sobre ser exibido como parte de um show em uma festa rica. Sobre olhares de pena enquanto caminhava até um novo ponto de venda. Sobre sussurros de uma mãe, avisando a seu filho para não olhar.

— Por que está me olhando assim? — perguntou a Oikawa, tentando não deixar o tremor transparecer em sua voz.

— Eu... Me desculpe.

Atsumu murchou, suas orelhas baixaram e ele se sentiu exposto. O que tinha feito de errado nesses últimos minutos?

— Oikawa — chamou Sua Alteza —, apenas explique claramente. Não há ninguém que possa te entender melhor do que Atsumu.

A raposa olhou bem para o coelho. Oikawa parecia ainda mais frágil que o próprio Atsumu se sentia.

Atsumu agarrou mais um travesseiro e foi para o lado de Oikawa, deixando a almofada no colo do outro.

— Você pode me explicar?

— Bem, poder eu posso mas... Tenho medo de ofender você.

"Se ele o fizer, diga a ele para pagar você de volta", instruiu Sua Alteza. Atsumu repetiu aquelas palavras.

Oikawa estreitou os olhos para Atsumu, mas depois suspirou e começou a falar.

— Você sabe qual é o dever de um concubino certo? — Atsumu acenou que sim. — Pois bem, para o mundo todo, é só para isso que servimos. Para eles, não somos diferentes de escravos sexuais. Ah, eu, me desculpa...

Era óbvio que Oikawa não queria ter dito a parte dos escravos.

— Isso não me ofendeu — disse Atsumu. — Eu meio que imaginei que pudesse ser assim.

— Era para os concubinos serem o terceiro nível de maior hierarquia. No entanto isso não acontece com a gente. A cada evento de que participamos tem aqueles olhares de julgamento. E começam a falar mal antes mesmo de virarmos as costas. Tratam a gente como... Como lixo.

Era evidente que aquilo era mais um desabafo do que outra coisa. Mas Atsumu sabia o que era ter coisas presas dentro de si e como aquilo destruía, então ele aguardou em silêncio.

— Qualquer coisinha que façamos é avaliada ao máximo. Julgada além da razão. — Oikawa pausou e mordeu os lábios. — Eu sou o segundo sabe? Tenho 490 anos. E, eu fui criado na corte. Akaashi já era o concubino de Sua Alteza na época, enquanto eu só servi a ele depois dos 50 anos. Foi um período difícil para Sua Alteza, e consequentemente pra mim também. Eu sou... Eu sou fruto de um estupro sabe?

Atsumu olhou assustado para Oikawa, que apenas abriu um sorriso triste.

— Na verdade, todos nós somos. A minha mãe era apenas uma humana, uma escrava de guerra, e meu pai era um soldado do Primeiro Príncipe. Ele sempre apoiou esse tipo de coisa brutal. Quando Sua Alteza tentou matar o desgraçado, isso lhe causou problemas. Tanto que é por isso que 100 anos depois o Suga nasceu.

Claro que não da mesma mãe.

— Enfim, a corte é um bando de cobras duas caras — Oikawa pausou e então olhou lentamente para Sua Alteza.

— Continue.

O príncipe continuou brincando com a cauda de Kenma, como se Oikawa não tivesse acabado de usar sua espécie para ofender outros.

— Continue Oikawa. De certa forma, você não mentiu — garantiu o príncipe.

— Está bem. Quando participamos de eventos, devemos sempre seguir Sua Alteza de perto. Tem uma série de regras que temos que seguir. Por exemplo, não podemos ficar sozinhos com qualquer um, temos que manter uma distância apropriada, temos que tomar cuidado com nossas palavras e gestos, caso contrário...

O Reinado da Raposa (AtsuHina)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora