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"Every minute and every hour
I miss you, I miss you, I miss you more!
Every stumble and each misfire
I miss you, I miss you, I miss you more!"

"Todo minuto e toda hora
Sinto sua falta, sinto sua falta, sinto mais a sua falta!
Todo tropeço e toda falha
Sinto sua falta, sinto sua falta, sinto mais a sua falta!"

(Good Grief, Bastille)

35. RAPOSAS
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Atsumu pegou a pena, mergulhou a ponta na tinta e... Parou. Não sabia o que escrever. Não se lembrava de nada da mãe ou do irmão. Apenas sabia seus nomes e aparências. Isso não era o suficiente.

Como podia escrever uma carta para eles?

— Eu queria me lembrar — murmurou, deitando a cabeça na mesa do escritório de Sua Alteza.

Uma xícara com chocolate quente surgiu ao seu lado.

— Obrigado Palácio.

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Hikaru observou enquanto seu filho tentava e falhava em escrever uma carta para Saki. Foi assim durante seus últimos vinte anos de existência.

Assistir enquanto seu filho era mutilado, chicoteado e estuprado, de novo e de novo e de novo. Sem poder fazer nada. Sem poder fazer absolutamente nada.

Ele falhou em seu dever como pai, falhou em proteger Atsumu, falhou em sua promessa para Saki. A única coisa que pode fazer foi teimosamente se agarrar aquele mundo, evitando entrar no ciclo de reencarnação.

Seu coração tremeu de alívio quando seu menino passou a ser bem tratado naquele Palácio. Saki sempre lhe falou do Quarto Príncipe, mas quando Hikaru viu o que ele era...

O igual de seu filho.

Tinha tanto medo do príncipe. Brincava com a morte diariamente ao irritá-lo, mas simplesmente era mais forte que si ao ver tudo que ele escondia do seu menino. Mas ao mesmo via a devoção que ele dedicava à raposa.

Era um amor tão grande.

Hikaru estendeu a mão, querendo ter a ilusão de poder confortar seu filho, quando Atsumu levantou com tudo a cabeça.

— Certo, acho que não precisa ser uma carta grande, não é Palácio?

A pena se moveu sobre o papel, respondendo.

— Tem razão, mas antes eu preciso de uma almofada. — Atsumu levantou e pegou uma, de cor roxa, no sofá e voltou a sentar. — Agora, como eu começo?

Hikaru sorriu. Parecia até que Atsumu estava falando para Hikaru escutar, embora fosse uma conversa com o Palácio.

— Apenas seja sincero, filho — sussurrou Hikaru.

A orelha de Atsumu se moveu, ele olhou ao redor, quase como se... Houvesse escutado. Mas não era possível, havia tentado falar, consolar Atsumu durante todos aqueles anos e nunca conseguiu. Por quê? Por que agora?

— Você está aqui, papai? — Se Hikaru pudesse chorar, com certeza estaria chorando agora. — Eu não posso te escutar ou te ver, como Sua Alteza consegue. Mas agora eu pude, por um momento. Eu quero que saiba que estou ansioso para poder falar com você, te abraçar. E eu fico muito feliz, de verdade, que você ficou do meu lado todos esses anos.

Hikaru quis abraçar seu menino e o fez, seu corpo o atravessando, o fazendo se arrepiar. Atsumu olhou para cima, como se pudesse saber exatamente onde estava o rosto de Hikaru. Ele estendeu sua mão.

O Reinado da Raposa (AtsuHina)Where stories live. Discover now