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44. CURA
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Atsumu levantou a mão e estalou os dedos ao lado de uma de suas orelhas, logo fazendo o mesmo com a outra, mas os estalos já não produziam nada. Nenhum arrepio ou tremor, nenhuma gota de pânico. Eram só estalos, não o ecoar de um chicote.

Era isto que chamavam de superação? De avanço? Era um sentimento muito bom, mas não o suficiente.

A raposa parou de estalar e suspirou, seus olhos indo para a figura a sua frente, do outro lado da mesa. Sua Alteza estava com os braços apoiados na mesa e com a cabeça deitada neles. Seus cílios tremiam levemente as vezes, enquanto sonhava. Atsumu já havia verificado a mente dele a procura de pesadelos, mas estava na calmaria de sempre.

Eles estavam na biblioteca, aprendendo sobre cura. Ou pelo menos tentando, já que Sua Alteza havia adormecido logo depois de passar uma lição para Atsumu. Ele estava tão cansado.

Atsumu estendeu a mão e acariciou os fios brancos. O príncipe não havia dado indícios de que planejava pintar tão cedo. Já o cabelo da raposa já estava grande o bastante para fazer um pequeno rabo de cavalo. Oikawa havia lhe ajudado a retocar a tinta dourada, aproveitando a ocasião para cachear seus fios ondulados.

O primeiro ciclo estava chegando ao fim então. Quase trinta dias desde a declaração de Sua Alteza, quase cem desde que deixara de ser um escravo. Parecia muito mais. Quando parava para pensar nos números, pensava que estava avançando muito devagar. Que deveria superar seus traumas mais rápido.

— Não existe tempo para isso, Tsumu.

— Acordou?

— Estou com vontade de comer doce.

Sua Alteza abriu os olhos, piscando lentamente. Ele segurou a mão de Atsumu e acariciou as costas dela. Havia passado um bom tempo acariciando os braços de Atsumu depois de descobrir que a raposa se machucara enquanto Shoyo estava debilitado.

A raposa sabia que ele se sentia culpado, mas deu seu melhor para fazê-lo acreditar que não era sua culpa. E não era mesmo. Com frequência Atsumu ouvia os "e se" dos pensamentos do príncipe. Possibilidades do que ele poderia ter feito ao invés de deixar os filhotes lhe morderem.

— Sugawara se machucou — anunciou Sua Alteza, levantando da mesa. Atsumu o seguiu quase de imediato.

— O que aconteceu?

— Ele quebrou a unha.

Uma porta se formou na frente deles, apesar de ainda estarem no meio de um corredor. O quarto em que entraram era apilhado de coisas; móveis, caixas e bugingangas. Devia ser um depósito.

Sugawara estava sentado em uma cadeira estofada, pressionando um pano em um dos dedos, uma pequena cor vermelha surgindo no tecido.

— Sua Alteza? Atsumu?

— Deixe-me ver.

Atsumu se aproximou para espiar por cima do ombro do príncipe enquanto ele soltava o pano. A unha do dedo indicador de Sugawara havia rachado desde o canto até o final da unha. O sangue não parava de verter.

— O que aconteceu? — perguntou Atsumu.

— Fui abrir uma gaveta e prendi o dedo. Então puxei com tudo.

— Atsumu — chamou Sua Alteza. — Cure ele.

— Como? Eu acabei de começar a estudar.

— Esse é um ferimento simples. Você já sabe o bastante para curá-lo.

Atsumu olhou da expressão séria de Sua Alteza para o ferimento e então para o rosto de Sugawara. Não mentiria, queria tentar. Mas e se fizesse algo errado?

O Reinado da Raposa (AtsuHina)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora